Sem Anistia: “Não há perdão para quem atenta contra a democracia”, diz Lula

Sem Anistia: “Não há perdão para quem atenta contra a democracia”, diz Lula

Ao completar um ano da tentativa frustrada de um golpe de Estado, quando apoiadores do ex-presidente inelegível invadiram e vandalizaram as sedes dos três poderes em Brasília, cidadãos e entidades sindicais, sociais, populares e estudantis saíram às ruas do país nesta segunda-feira (8) em favor da democracia, registrando mobilizações em São Paulo, Rio de Janeiro, Goiás, Salvador, Paraná e Minas Gerais.

Lideres de movimentos sociais destacaram a importância da responsabilização de todos os envolvidos – executores, financiadores e mentores – a fim de prevenir novas tentativas do golpe. “O grito de ‘Sem Anistia para os golpistas’ deve ressoar até que a justiça seja feita”, insistiu o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MTST), ao declarar que “a resposta, hoje e sempre, é mobilização em prol da democracia”. (TeleSUR).

As palavras do presidente Lula foram na mesma direção. “Não há perdão para quem atenta contra a democracia, contra seu país e contra o seu próprio povo. O perdão soaria como impunidade. E a impunidade, como salvo conduto para novos atos terroristas. Todos aqueles que financiaram, planejaram e executaram a tentativa de golpe devem ser exemplarmente punidos”, disse ele, durante o evento “Democracia Inabalada”, realizado no Congresso Nacional, com a presença dos presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco, do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, além dos ministros do Governo e do Procurador-Geral da República, Paulo Gonet.

Para o ministro Barroso, o 8 de janeiro representa “um cenário de barbárie, motivado por uma animosidade que foi artificialmente cultivada por anos a fio”, “uma espécie de alucinação coletiva”, envolvendo “milhares de pessoas, aparentemente comuns, insufladas por falsidades, teorias conspiratórias, sentimentos antidemocráticos e rancor” que “foram transformadas em criminosas, aprendizes ou terroristas”.

Alexandre de Moraes, por sua vez, assegurou que o STF seguirá investigando e punindo os responsáveis pelos atos golpistas, porque “paz e união não podem ser confundidos com impunidade”. Ele também defendeu a regulação das redes sociais e o combate à desinformação, que descreveu como um instrumento de “corrosão” da democracia. (Télam).

Dos 2.170 detidos nos atos golpistas, até o momento cerca de 30 foram condenados a penas que chegam a 17 anos de prisão. (La Jornada).

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O historiador Francisco Teixeira, que estuda a relação entre civis e militares e mantém contato com oficiais, afirmou à agência Pública que “militares atuaram em 8 de janeiro por omissão e também por ação”. A entrevista revela os bastidores para se impedir o decreto de uma Garantia da Lei e da Ordem (GLO) após a invasão de Brasília, o que daria mais poderes aos militares. O acadêmico ainda aponta como um golpe foi impedido por pouco e que as forças militares seguem antidemocráticas no atual governo. (Link aqui).

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Após alegações de que mineradores ilegais estariam resistindo à desocupação da maior área indígena do país e diante da crescente frustração dos ativistas indígenas e ambientais sobre a forma como a ofensiva anti-mineração diminuiu após o seu impacto inicialmente positivo, o presidente Lula reafirmou a necessidade de combater os criminosos ambientais que ameaçam os povos originários na Amazônia, e convocou uma reunião nesta terça-feira (9) para revisar o progresso na remoção desses invasores. Ele destacou a importância de não perder a “guerra” contra o garimpo ilegal e prometeu enfrentar a crise Yanomami com “todo o poder que a máquina pública pode ter”.

“Essa reunião é para definir, de uma vez por todas, o que o nosso governo vai fazer para evitar que os indígenas brasileiros continuem sendo vítima de massacre, do vandalismo, da garimpagem e das pessoas que querem invadir as áreas que estão preservadas e que têm dono, que são os indígenas e que não podem ser utilizadas”, disse o presidente Lula.

Apesar das preocupações, o governo Lula alcançou avanços ambientais, como a redução de 50% no desmatamento da Amazônia em 2023 em comparação com 2022. (Guardian).

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Pesquisa da Academia Brasileira de Ciências aponta que uma em cada duas pesquisadoras brasileiras já enfrentou assédio sexual. O relatório “Perfil do Cientista Brasileiro em Início e Meio de Carreira“, publicado em setembro de 2022, constata que 47% das mulheres já lidaram com assédio sexual na academia brasileira, em comparação com um em cada 10 homens. (Nature).

*Imagem em destaque: Paulo Pinto/Agência Brasil

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