“Somos atores centrais da nova geopolítica global”, diz Lula em fórum internacional

“Somos atores centrais da nova geopolítica global”, diz Lula em fórum internacional

FÓRUM DO SUL GLOBAL

Terminou nesta terça-feira (12), em São Paulo, o Fórum de Mídia e Think Tank do Sul Global, após dois dias de discussões sobre como fortalecer a cooperação entre países do bloco geopolítico. O evento reuniu cerca de 350 participantes de 170 organizações de mais de 70 países.

Sob o tema “Desenvolvimento e Revitalização: Uma nova jornada para o Sul Global”, o fórum debateu a necessidade de um sistema de governança global mais justo e equilibrado. Os participantes destacaram a importância da coexistência harmoniosa e do intercâmbio cultural como motores do progresso humano, além de defenderem a diversidade e o incentivo a diálogos entre os meios de comunicação do Sul Global.

Durante a abertura, na segunda-feira (11), o presidente Lula afirmou que o Sul Global está preparado para liderar a construção de um mundo mais inclusivo e próspero, considerando o fórum uma plataforma essencial para abordar temas como combate à desinformação e expansão do conhecimento. “O Sul Global é um conceito que reflete a importância dos países em desenvolvimento. Somos atores centrais da nova geopolítica global e estamos prontos para desempenhar papel condizente com seu jeito político, econômico e demográfico. Construir o planeta mais inclusivo e próspero que queremos. Está em nossas mãos”, afirmou Lula.

O presidente chinês, Xi Jinping, também enviou uma mensagem destacando o papel crescente do Sul Global e reafirmando o compromisso da China em colaborar com essas nações, promovendo o multilateralismo, uma globalização inclusiva e uma ordem multipolar justa. Xi expressou a expectativa de que o fórum fortaleça o consenso e amplifique a “voz do Sul Global” para tornar a região uma força pela paz, desenvolvimento e intercâmbio cultural.

No encerramento, foram apresentadas propostas para o uso de moedas locais visando intensificar a cooperação e o comércio dentro do bloco (Prensa Latina, La Jornada, People.cn, TV Brics).

PELA IGUALDADE RACIAL

O governo federal anunciará em breve a campanha “Brasil pela Igualdade Racial”, voltada à luta contra o racismo e promoção da igualdade, com colaboração de vários ministérios, entre eles o Ministério da Igualdade Racial (MIR). Em entrevista à Alma Preta, a ministra Anielle Franco destacou as ações previstas para o mês de novembro, que marca o primeiro feriado nacional do Dia da Consciência Negra e o Dia Nacional de Zumbi dos Palmares.

Entre as iniciativas está o “I Plano Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais de Matriz Africana”, voltado à proteção da tradição africana no Brasil, garantia de direitos e combate à pobreza extrema. Anielle frisou a importância de fortalecer diariamente as agendas negras, mencionando a necessidade de apoio a ciganos, quilombolas e povos de terreiro.

Outras ações incluem a “Caravana Abre Caminhos”, que visa apoiar comunidades quilombolas; o programa “Mãe Gilda de Ogum”, contra o racismo religioso; e o “Caminhos Amefricanos: Programa de Intercâmbios Sul-Sul”, para intercâmbio de jovens africanos e brasileiros em países como Moçambique e Cabo Verde.

O “Juventude Negra Viva” também será lançado para reduzir a letalidade policial entre jovens negros, abordando a vulnerabilidade dessa população. Em relação à preservação ambiental, a ministra destacou a importância do primeiro censo quilombola do Brasil, essencial para proteção territorial e combate às mudanças climáticas.

Anielle também mencionou uma parceria com a vice-presidente da Colômbia, Francia Márquez, que visa promover intercâmbios culturais e ações de preservação envolvendo quilombolas e palenqueros (Página/12 via Alma Preta).

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LULA 2026?

Gleisi Hoffmann, presidente do Partido dos Trabalhadores (PT), afirmou à revista Fórum que considera Lula a melhor opção para disputar a presidência em 2026. Embora o PT conte com outros nomes fortes, como Camilo Santana e Fernando Haddad, ela acredita que apenas Lula pode garantir a vitória contra a extrema direita. “Criamos uma frente democrática em 2022 que foi essencial para vencer as eleições, mas sem Lula, dificilmente teríamos conquistado essa vitória”, disse Hoffmann.

Lula, em entrevista à CNN Internacional, afirmou que decidirá sobre sua candidatura apenas quando o momento chegar. Ele enfatizou que governar exige competência e saúde, e que está aberto a concorrer caso seja o único capaz de enfrentar a extrema direita, mas espera que novos candidatos surjam para renovar a política brasileira.

Na direita, o cenário para 2026 ainda é incerto, com Jair Bolsonaro inelegível até 2030 e Tarcísio Gomes de Freitas, governador de São Paulo, como um dos principais nomes cotados (La Diaria).

BRASIL E VENEZUELA

Em entrevista recente à RedeTV, o presidente Lula afirmou que não questionará o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) da Venezuela, explicando que considera inadequado criticar a corte de outro país, sobretudo porque não deseja que façam o mesmo com o Supremo Tribunal Federal do Brasil. Lula se referiu à decisão do TSJ que ratificou a eleição de Nicolás Maduro como vencedor nas eleições presidenciais de 28 de julho. Ele também minimizou as tensões com o governo venezuelano, enfatizando que as questões internas da Venezuela não são responsabilidade do Brasil, e reafirmou seu desejo de que o povo venezuelano tenha uma vida digna, enquanto o Brasil deve focar em suas próprias questões. Nicolás Maduro considerou as palavras de Lula uma “sábia reflexão” (El Universal, Últimas Noticias).

NA EXPECTATIVA

A Procuradoria Geral da República (PGR) decidiu aguardar o relatório final da Polícia Federal (PF) sobre a tentativa de golpe de 2023 envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro antes de tomar medidas. O procurador-geral Paulo Gonet pretende reunir todas as provas da PF para consolidar uma acusação robusta, não só neste caso, mas também nas investigações sobre suspeitas de fraude no cartão de vacinação e o caso das joias sauditas.

A estratégia visa evitar pressões políticas após as eleições municipais. Em particular, na suspeita de fraude de vacinação, o procurador solicitou à PF que investigue se Bolsonaro apresentou comprovante de imunização ao entrar nos EUA em dezembro de 2022, o que seus aliados veem como uma possível defesa, já que autoridades americanas não registraram declaração de vacina.

A colaboração do ex-ajudante de ordens Mauro Cid, que confessou ter inserido dados falsos de vacinação para Bolsonaro e sua filha, é um ponto-chave nas investigações. A PF espera concluir o relatório sobre o episódio de 8 de janeiro ainda este ano, recomendando acusações por crimes graves, com penas de até 28 anos de prisão (Prensa Latina).

*Imagem em destaque: Paulo Pinto/Agência Brasil

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