Tragédia no RS mudou o paradigma da resposta aos desastres climáticos no Brasil, diz Lula

Tragédia no RS mudou o paradigma da resposta aos desastres climáticos no Brasil, diz Lula

“NÃO FALTARÃO RECURSOS”

Lula disse nesta terça-feira (21) que a situação no Rio Grande do Sul mudou a forma como o Brasil enfrenta os desastres climáticos, enfatizando a obrigação do governo de lidar melhor com casos futuros em todo o país. “Mudou o paradigma do tratamento dos desastres climáticos. O que o governo faz para o Rio Grande do Sul será para qualquer Estado que sofrer desastres do tipo. Estamos obrigados a fazer igual ou melhor”, afirmou, em pronunciamento durante a 25º Marcha a Brasília em Defesa dos Municípios, a ‘Marcha dos Prefeitos’.

Garantindo apoio financeiro para a reconstrução da área afetada, o presidente destacou as medidas já anunciadas – que incluem a liberação de 52 bilhões de reais em crédito, a suspensão do pagamento da dívida estadual com a União por três anos, a transferência de auxílio financeiro às famílias impactadas e a compra de residências para aqueles que perderam suas casas – e prometeu voltar ao estado assim que o nível da água baixar, para analisar os impactos das inundações (Prensa Latina).

As enchentes no Rio Grande do Sul já causaram mais de 160 mortes, centenas de desaparecidos, evacuação de municípios e 80% do estado submerso. As chuvas que transbordaram o rio Guaíba afetaram mais de dois milhões de pessoas com inundações, falta de energia, abrigo e água.

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) denuncia que a tragédia ambiental está ligada à questão agrária brasileira, afirmando que não é possível lutar pela natureza sem abordar a reforma agrária, a revogação do marco regulatório e a regularização das terras de povos tradicionais. E argumenta: “Não há possibilidade de uma alternativa sem apontar os verdadeiros culpados pela crise climática”.

O Instituto de Defesa do Consumidor, que faz parte do Observatório do Clima do Brasil, critica a negação das evidências científicas, a rotulação de ambientalistas como alarmistas e a afirmação de que a defesa do meio ambiente impede o progresso econômico. “Tudo isso [os desastres ambientais] é produzido pela ação das empresas, pelo desmatamento e pelos governos que flexibilizam leis que destroem nosso país e nosso planeta”.

Em 2023, o Brasil enfrentou chuvas acima do normal, com precipitações 40% a 50% maiores no sul e sudeste, conforme relatório da Organização Meteorológica Mundial. O documento destacou que as chuvas intensas foram concentradas em poucos dias devido aos fenômenos La Niña, no primeiro semestre, e El Niño, no segundo. Em junho, chuvas torrenciais causaram um ciclone extratropical, resultando em inundações e deslizamentos. Em setembro, outra enchente provocou 48 mortes, deslocou 21 mil pessoas e deixou quase cinco mil desabrigados. Nos três anos anteriores, a região sofreu uma grave seca.

No início de abril, o governador Eduardo Leite promulgou uma lei que modificou o Código Florestal do estado, flexibilizando o uso de represas em áreas de preservação permanente, incluindo margens de rios, reduzindo o controle do Estado sobre atividades que podem causar danos significativos ao meio ambiente.

Além disso, o Rio Grande do Sul é influenciado pela convergência de frentes frias do sul e frentes quentes do norte, e também pelo fenômeno dos “rios voadores” da Amazônia, que transportam umidade e água pela atmosfera, processo que também é afetado pelo aumento da temperatura do planeta e pelo desmatamento.

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A Amazônia brasileira perdeu 8.172 quilômetros quadrados de floresta entre os anos de 2020 e 2021 (Tierra Viva).

Também nesta terça-feira (21), o governo da Bolívia anunciou o envio de ajuda humanitária para os afetados pelas inundações. O carregamento inclui alimentos, tendas e mantas, como gesto de reciprocidade à solidariedade brasileira prestada ao país em crises similares. A iniciativa, coordenada pelo Ministério das Relações Exteriores boliviano, foi reconhecida e agradecida pelo presidente Lula (Prensa Latina).

SERÁ QUE SAI?

Está prevista para esta terça-feira (21) a retomada, pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), do julgamento de apelação do ex-juiz e atual senador Sérgio Moro por suposto abuso de poder econômico durante sua campanha eleitoral em 2022. Depois de ter iniciado a análise dos recursos contra a decisão que o absolveu em 16 de maio, o TSE interrompeu o processo após a leitura do relatório pelo relator do caso, ministro Floriano de Azevedo Marques.

Agora, espera-se que o julgamento seja reiniciado, com as partes apresentando seus argumentos. A equipe jurídica do ex-juiz nega quaisquer atos ilícitos e solicitou a manutenção da decisão do tribunal de origem. Já o Ministério Público Eleitoral defendeu a rejeição dos recursos, alegando que não há evidências claras e convincentes das alegações de desvio de finalidade feitas pelos partidos que apelaram. Independentemente do veredicto, a decisão estará sujeita a recurso (Prensa Latina).

BOLSONARISMO MATA

Um estudo publicado pela revista Cadernos de Saúde Pública revelou que cidades com maior percentual de eleitores do ex-presidente Jair Bolsonaro tiveram maior mortalidade durante os picos da pandemia de Covid-19.

O estudo examinou a relação entre o excesso de mortalidade em 2020 e 2021 e a porcentagem de votos obtidos por Bolsonaro no primeiro turno das eleições presidenciais. Durante a pandemia, o então presidente se opôs às recomendações das autoridades de saúde, ao isolamento social e ao uso de máscaras, além de recomendar medicamentos sem comprovação de eficácia a seus apoiadores.

Os pesquisadores descobriram que um aumento de 1% nos votos municipais para Bolsonaro em 2018 e 2022 esteve associado a um aumento de 0,48% a 0,64% no excesso de mortes nos municípios durante os picos da pandemia (Brazilian Report).

NADA HERMANO

O presidente argentino Javier Milei intensificou a crise diplomática com a Espanha ao se negar a pedir desculpas por ter chamado Begoña Gómez, a esposa do presidente Pedro Sánchez, de corrupta.

Nesta terça-feira (21), o governo espanhol anunciou a retirada de seu embaixador em Buenos Aires. Em resposta, Milei se referiu à decisão como “um absurdo típico de um socialista arrogante”.

Apesar da gravidade das declarações do presidente argentino, a Espanha busca manter a relação, embora tenha destacado sua conduta incomum ao não buscar um encontro oficial durante sua visita a Madrid. Milei, no entanto, segue desafiando as tensões e planeja retornar à Espanha para receber um prêmio (La Diaria).

*Imagem em destaque: Presidente Lula sobrevoa áreas atingidas por enchentes no Rio Grande do Sul. Foto: Ricardo Stuckert/PR

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