A humanidade já esgotou os recursos naturais este ano
Dia da Sobrecarga na Terra aconteceu nesta quarta-feira, 2 de agosto, alertando que usamos em apenas sete meses todos os recursos ecológicos que o planeta consegue regenerar em um ano. A data é atribuída anualmente pela “pegada ecológica”, índice que assinala o impacto da sociedade sobre o meio ambiente.
POR CORRESPONDENTE IPS
AMSTERDÃ – O Dia da Sobrecarga da Terra (Earth Overshoot Day) chegou nesta quarta-feira, 2 de agosto, o que significa que a humanidade esgotou, em apenas sete meses, os recursos e serviços ecológicos que o planeta pode regenerar em um ano, lembrou a organização Greenpeace, em um novo apelo para a contenção do consumo e do desperdício.
“Nos últimos 50 anos, o Dia da Sobrecarga da Terra chegou cada vez mais cedo”, embora “ainda tenhamos uma chance de mudar o sistema econômico falido que coloca o lucro e o consumo excessivo acima das pessoas e da natureza”, disse o Greenpeace em sua mensagem neste dia.
Idealizado pela New Economics Foundation, o Earth Overshoot Day é calculado pela Global Footprint Network (GFN), dedicada à análise da pegada ecológica, um indicador para conhecer e assinalar o impacto da sociedade sobre o meio ambiente.
A pegada ecológica, do lado da oferta, avalia a biocapacidade de uma cidade ou nação, sua terra biologicamente produtiva e área marítima, incluindo terras florestais, pastagens, terras agrícolas, áreas de pesca e áreas construídas. Do lado da demanda, ela mede o consumo que uma população faz de alimentos e produtos fibrosos de origem vegetal, pecuária e pesca, madeira e outros produtos florestais, espaço para infraestrutura urbana e florestas para absorver suas emissões de dióxido de carbono a partir de combustíveis fósseis.
Se a demanda de uma população por ativos ecológicos exceder a oferta, essa região terá um déficit ecológico. Uma região com déficit ecológico atende a demanda importando e liquidando seus próprios ativos ecológicos (como a sobrepesca) ou emitindo dióxido de carbono na atmosfera. Mas, globalmente, o déficit ecológico e o cheque especial ecológico são os mesmos, já que não há importação líquida de recursos para o planeta.
Conforme os rankings da GFN, mais de um quarto dos países do mundo não exagera. “O problema de reduzir nossa pegada ecológica não é que não tenhamos modelos de vida sustentáveis, é que a maioria desses países é caracterizada pela pobreza”, disse o Greenpeace.
Para determinar a data do Earth Overshoot Day em cada ano, a GFN calcula o número de dias naquele ano em que a biocapacidade da Terra é suficiente para fornecer a pegada ecológica da humanidade, com o restante do ano sendo “overshoot”.
O Greenpeace sustenta em sua mensagem que o excesso não é inevitável, e propõe a redução da pegada ecológica, enfatizando esse trabalho em cinco áreas da vida em sociedade.
Antes de tudo, o consumo responsável: como cidadão, compre menos e faça durar, escolha produtos e serviços ecologicamente sustentáveis e produzidos com ética. Coma mais plantas e menos animais.
“Já se produz o suficiente, o que está errado é a distribuição desigual e o desperdício que ninguém impede. Querendo também sustentar um ritmo acelerado de consumo (buy-throw-buy) que nada tem a ver com necessidades reais, mas sim com alimentar os lucros dos grupos econômicos”, afirma o Greenpeace.
Em termos de eficiência energética: reduzir o consumo de energia em residências e locais de trabalho. Aponta como dado que se o uso de fontes de eletricidade de baixo carbono fosse aumentado globalmente de 39% para 75%, o Earth Overshoot Day atrasaria 26 dias.
A redução do desperdício de alimentos – atualmente um terço da produção mundial de alimentos é perdida ou desperdiçada – atrasaria o Earth Overshoot Day, em 13 dias.
É preciso trabalhar para uma mobilidade sustentável, criar cidades com transporte eficiente e acessível, mais caminháveis e seguras para os ciclistas, por exemplo.
Por fim, a ação climática, exigindo que governos e empresas conduzam ações para reduzir emissões, restaurar florestas, melhorar a prevenção de incêndios florestais e promover a conservação efetiva de áreas protegidas.
Publicado na Inter Press Service.
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