Conflitos, valores e direitos
Estão a ocorrer neste momento dezenas de conflitos violentos, guerras que se estendem no tempo, genocídios de povos, fome e destruição. Além do confronto entre Israel e Palestina a mobilizar e comover a opinião pública em todo o mundo, não se encerraram, ao contrário, recrudescem os conflitos na Síria, Afeganistão, Iêmen, Sudão do Sul e outros diversos na África, Oriente e em diferentes cantos do planeta adoecido.
Além da brutalidade que se desenvolve entre a Rússia e a Ucrânia com seus milhares de mortos e deslocação de populações, as tensões étnicas e territoriais na região do Cáucaso ameaçam explodir entre a Geórgia, a Rússia e a separatista Ossétia do Sul. Na Península dos Balcãs, o confronto entre a Sérvia e o Kosovo, que vem amadurecendo desde 2008, quando o Kosovo se separou da Sérvia, é outro estopim esperando qualquer fagulha para explodir.
O forte conflito entre a Sérvia e o Kosovo, que já foi responsável pela guerra de 1998-1999, permanece latente e a qualquer momento poderá provocar a retomada daquele confronto que não terminou e apenas encontra-se em suspenso num acordo temporário de cessar fogo. O antagonismo tem suas raízes na história da região, que foi governada pela Sérvia durante séculos. A maioria da população do Kosovo é de etnia albanesa, que tem uma cultura e uma língua diferentes dos sérvios.
No início dos anos 1990, a Sérvia começou a reprimir a população albanesa do Kosovo. Isso levou ao surgimento de um movimento de independência, liderado pelo Exército de Libertação do Kosovo (ELK). E conduziu à guerra que só teve uma trégua, por enquanto, pela intervenção da OTAN.
O terrorismo
Voltam também a preocupar os países da Europa as ameaças do terrorismo. Neste ano de 2023 já houve 11 ataques classificados como terroristas no território europeu. Segundo a Europol, seis foram responsabilidade da extrema-direita, três de jihadistas e dois atribuídos a grupos de extrema-esquerda.
Nos anos recentes, atentados terroristas fizeram 130 mortos e 350 feridos em Paris, em novembro de 2015; 32 mortos e 340 feridos em Bruxelas, em 2016; 52 mortos e 700 feridos em Londres, em 2005; 191 mortos e 2.050 feridos em Madri, em 2004; na Irlanda do Norte, em 1998, 29 mortos e 220 feridos.
Os direitos
Existem em contraposição a esse cenário, no entanto, certos conceitos que precisam ser permanente e incansavelmente veiculados. Devem cumprir a finalidade de lembrar que a humanidade não existe apenas para a vocação da violência predatória. Eles não foram e não serão suficientes para mudar os comportamentos e controlar fúrias assassinas e a prática do Mal absoluto. Por mais românticos e naïves que possam parecer, nunca será demais dar ênfase ao que significam os valores da solidariedade e da fraternidade, da tolerância, da ética, o direito ao fracasso e os direitos humanos. São eles que distinguem a humanidade garantindo a possível convivência entre os homens.
O fracasso é sempre visto como algo negativo. As pessoas que falham são frequentemente julgadas, o que leva a sentimentos de vergonha, culpa e medo de tentar coisas novas. Pouco dele se fala, mas o direito ao fracasso é o princípio de que todos têm o direito de cometer erros e aprender com eles, sem serem julgados ou discriminados. Sua aceitação pode ajudar a criar uma sociedade mais tolerante e inclusiva.
Todos nascemos com direitos que nos são inerentes, independentes de raça, sexo, nacionalidade, etnia, idioma, religião ou condição. São direitos teoricamente reconhecidos como universais, inalienáveis e indivisíveis.
A civilização se diferencia da barbárie pelo reconhecimento da liberdade e da igualdade para todos os seres humanos, como também o direito à vida, à segurança pessoal, à liberdade de expressão.
Os direitos de grupos vulneráveis são os que devem proteger os que são alvo de discriminação ou marginalização: mulheres, crianças, portadores de deficiência e todas as minorias.
São também direitos humanos o direito à vida, do nascimento até à morte, o direito à liberdade, à igualdade, à educação e à saúde.
São estes os princípios que são também desafios para garantir uma vida mais digna numa sociedade justa e igualitária livre da discriminação, da pobreza, das guerras e conflitos armados.
*Imagem em destaque: UNICEF/UNI199696/Wandera
Poeta, articulista, jornalista e publicitário. Traballhou no Diário de Minas como repórter, na Última Hora como chefe de reportagem e no Correio de Minas como Chefe de Redação antes de se transferir para a publicidade, área em que se dedicou ao planejamento e criação de campanhas publicitárias. Colaborou com artigos em Carta Maior e atualmente em Fórum 21. Mora hoje no Porto, Portugal.
É autor de Poente (Editora Glaciar, Lisboa, 2022), Dezessete Poemas Noturnos (Alhambra, 1992), O Último Número (Alhambra, 1986), O Itinerário dos Emigrantes (Massao Ohno, 1980), A Região dos Mitos (Folhetim, 1975), A Legião dos Suicidas (Artenova, 1972), Processo Penal (Artenova, 1969) e Texto e a Palha (Edições MP, 1965).