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A metáfora de Lula, a mídia e o massacre de palestinos

A metáfora de Lula, a mídia e o massacre de palestinos

O governo de Israel matou mais de 30 mil civis na Palestina. Bombardeou 34 hospitais e 104 escolas e universidades. Milhões de pessoas estão sem condições mínimas de sobrevivência: sem comida, remédios, condições sanitárias e abrigo.

O nome desse extermínio é genocídio. Mas a mídia ignora isso e prefere criticar a denúncia de Lula que usou uma comparação que pode ser chamada de metáfora. O Holocausto foi um massacre de 6 milhões de judeus. O extermínio de palestinos é um massacre de, até agora, 30 mil civis, dos quais mais de 10 mil crianças.

O governo de Israel não é proprietário da palavra Holocausto. Essa palavra pode ser usada por qualquer um, como metáfora de extermínio, embora sejam diferentes o extermínio de judeus – e também de socialistas, comunistas, homossexuais, portadores de necessidades especiais e ciganos – pela Alemanha nazista e o extermínio atual de palestinos pelo governo neofascista de Israel. As condições são muito diferentes no que se refere a quantidade de pessoas assassinadas, situação histórica, condições políticas etc.

É verdade que, mudando a quantidade, muda a qualidade, mas a metáfora não é uma imitação. Uma comparação metafórica de X com Y não significa que X seja igual a Y. Significa que ambos têm algo em comum. Por definição, metáfora é uma figura de linguagem utilizada para fazer comparações por semelhança. É o uso de uma palavra com o significado de outra. No caso, o que existe em comum é o extermínio em massa de pessoas inocentes.

Lula só foi criticado pelo governo de Israel e pela mídia brasileira. Nenhum governo, de nenhum país, criticou Lula, que se tornou uma referência importante para a opinião pública mundial, escandalizada com o genocídio dos palestinos. Lula colocou o dedo na ferida e penetrou no coração das trevas. A mídia brasileira, porém, prioriza a decisão de Israel de considerar Lula como persona non grata. O embaixador brasileiro, humilhado em Israel, foi chamado de volta ao Brasil. Uma pequena crise diplomática que está sendo usada como vã tentativa de tapar o sol com a peneira e ignorar o genocídio dos palestinos.

Na realidade, o atual governo de Israel sempre apoiou o governo Bolsonaro, e autorizou a venda de equipamento de espionagem para Bolsonaro espionar seus adversários político. A extrema direita no Brasil conta agora com uma nova base de apoio: o desenvolvimento atual do chamado sionismo cristão, bandeira dos neopentecostais com seu apoio irrestrito a Israel.

Manifestações de massa, em todo o mundo, protestaram nas ruas contra o massacre de palestinos. Organizações de judeus progressistas condenaram com veemência a guerra de extermínio levada a cabo pelo governo de Netanyahu. Mas isso vem de longe. Logo após a criação do Estado de Israel pela ONU em 1948, o novo governo decidiu que “a fronteira será definida pela guerra”. Assim, Israel rapidamente tornou-se um país colonialista que invadiu terras da Palestina, expulsou seus moradores e, muitas vezes, violou mulheres e matou civis nas aldeias, conforme depoimento de antigos soldados do Exército de Israel.

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O antissemitismo vem sendo usado como pretexto para defender o atual governo de extrema direita de Israel. O antissionismo e o antissemitismo são colocados no mesmo saco. O Holocausto é usado como um argumento pass-partout para justificar a invasão da Palestina e o extermínio de seus habitantes. No Brasil, quem criticava o governo Bolsonaro era chamado de antipatriota pela direita. Da mesma forma, quem critica o atual governo Netanyahu é chamado de antissemita.

Em 20 de fevereiro último, o governo norte-americano vetou pela 3ª vez o cessar-fogo em Gaza no Conselho de Segurança da ONU. Os Estados Unidos usaram seu poder de veto para rejeitar uma resolução de cessar-fogo na Faixa de Gaza proposta durante reunião no Conselho de Segurança da ONU (UOL, 20/2/2024). Por outro lado, o diplomata Celso Amorim disse que a fala de Lula “sacudiu o mundo e pode ajudar a resolver a questão da guerra”.

Em meio à crise diplomática com Israel, o governo brasileiro pediu que a Corte de Haia declare ilegal a ocupação por Israel dos territórios palestinos. A delegação brasileira defende criação de dois Estados. “A ocupação de Israel dos territórios palestinos que persiste desde 1967 em violação ao direito internacional e a várias resoluções da Assembleia-Geral da ONU e do Conselho de Segurança não pode ser aceita, muito menos normalizada”, afirmou a diplomata Maria Clara Paula de Tusco, representante do Brasil no Tribunal. Ela defendeu que a Corte declare a ocupação israelense ilegal (G1 e UOL, 20/2/2024).

Não há solução militar para o conflito de Israel com a Palestina. Mas o atual governo de Israel precisa de guerra para sobreviver. Sabe que pode cair se e quando a guerra terminar. Com o apoio dos EUA, o governo israelense conquista vitórias militares, mas perdeu a batalha política na opinião pública e se tornou inimigo da sociedade civil mundial e de seus valores humanitários. Sem apoio político, os tiranos não se sustentam muito tempo. O mundo dá voltas. A longo prazo, as vitórias de hoje podem ser uma vitória de Pirro.

Na foto, cena da guerra de Israel contra Gaza / Reprodução

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