Concertos, livros e filmes na agenda dos 50 anos do golpe no Chile em diversos países
Nodal –portal de informações dedicado a notícias da América Latina e do Caribe
Publicado em 8 de setembro de 2023
No 50º aniversário do golpe militar, o governo do presidente Gabriel Boric, instituições, universidades e municípios, entre outros, prepararam uma série de atividades para contribuir com a memória dentro do território nacional. Mas as autoridades estenderam o foco da comemoração pelos continentes sob um selo marcadamente cultural.
Artes visuais, artesanato, exibições de filmes, concertos musicais e literatura são algumas das atividades que mais de 25 embaixadas chilenas no exterior começaram a desenvolver desde janeiro deste ano, juntamente com associações de chilenos no exterior e organizações locais.
De acordo com o Ministério das Relações Exteriores do Chile, 41 atividades de diferentes durações foram programadas até o momento e continuarão até dezembro deste ano. A esse respeito, a subsecretária da pasta, Gloria de la Fuente, comenta que “esta é uma oportunidade para lembrar a importância da solidariedade internacional” devido aos “inúmeros exemplos de cooperação com chilenos que foram forçados a deixar nosso país para começar suas vidas longe, em lugares muito diferentes, onde foram acolhidos e puderam estabelecer comunidades que estão lá há várias gerações, uma marca que vemos até hoje”.
Na América do Norte, o Canadá contará com atividades nas áreas de música, literatura e artes visuais. Entre elas está o lançamento do livro de depoimentos dos filhos e netos de exilados em Toronto, que contém uma compilação de memórias e reflexões de chilenos cujos parentes deixaram o país após o golpe de 1973. O projeto foi motivado pela Sociedade Cultural Casa Salvador Allende e será lançado em 9 de setembro. Os Estados Unidos exibirão o filme 1976, e o México exibirá um ciclo de 22 filmes chilenos relacionados ao período da ditadura, entre outros.
Na América do Sul, as embaixadas realizam atividades na Argentina, no Brasil, no Peru, no Equador e no Uruguai. Essas atividades incluem exposições de filmes e fotografias relacionadas ao golpe, ao plebiscito de 1988 e a mostras de filmes organizadas por organizações internacionais. Algumas delas começaram em maio e se estenderão até 16 de dezembro.
Na América Central e no Caribe, a embaixada do Chile na Costa Rica está preparando a exposição “Tramas de la memoria, Universo Creativo de Julio Escámez”, um compêndio de pinturas, ilustrações, desenhos e esboços do artista exilado desde 1974. A Guatemala, por sua vez, terá um ciclo de filmes de Claudio di Girolamo, um dos principais autores e criadores durante a ditadura, com obras emblemáticas sobre o povo, os valores e o patrimônio chilenos.
Na Europa, especificamente na Itália, a embaixada, juntamente com o Instituto Treccani, programou o encontro “11 de setembro de 1973: o golpe de Estado no Chile. O fim de uma história de democracia e a tarefa de reconstruí-la”, que consiste em uma série de conferências, uma exposição de pinturas do chileno Roberto Matta e a entrega a uma personalidade italiana de uma distinção com o nome de Salvador Allende. No dia 11 de setembro, a Prefeitura de Roma sediará um concerto do Inti-Illimani, bem como uma homenagem à poeta Carmen Yáñez, enquanto nos dias 9, 10 e 11 de setembro um festival de cinema chileno será realizado no Palazzo delle Esposizioni. “Cinquenta anos depois do golpe de 1973: Chile e Itália entre fraturas nacionais, regionais e globais”, disse o embaixador Ennio Vivaldi. Um encontro internacional organizado por professores de história contemporânea de cinco universidades italianas será realizado de 25 a 27 de outubro.
As atividades no continente se estenderão à Alemanha, Bélgica, Espanha, Finlândia, Grécia, Hungria, Islândia, Holanda, Portugal, República Tcheca, Turquia e França.
Argentina
A embaixada do Chile em Buenos Aires, como parte da comemoração do 50º aniversário do golpe militar no Chile inaugurou na última quarta-feira um Memorial Comemorativo, erguido em uma das paredes externas da sede diplomática, com os nomes de 101 presos políticos chilenos que desapareceram e foram executados na Argentina. A cerimônia contou com a presença de autoridades, de representantes de organizações humanitárias e membros da comunidade chilena no país, informa o Nodal.
A iniciativa está interligada a outra atividade da Embaixada da Argentina no Chile, que consiste na instalação de uma placa comemorativa com os 14 desaparecidos e executados políticos argentinos no país vizinho, que será realizada na próxima segunda-feira, no âmbito da visita ao Chile do presidente Alberto Fernández.
Colômbia
A agência cubana Prensa Latina informa que o Centro Cultural Gabriel García Márquez, sede do Fundo de Cultura Econômica da Colômbia, presta homenagem a Salvador Allende com uma exposição fotográfica 50 anos após sua morte no golpe militar no Chile. A exposição, intitulada Chile e Unidade Popular: A Transformação Interrompida, está localizada em uma área pública dessa instituição, que é considerada uma ponte de fraternidade entre o México e a Colômbia. As imagens em preto e branco pertencem à coleção do Centro de Documentação Salvador Allende e foram tiradas pelo artista uruguaio Naúl Ojeda, que chegou ao Chile em 1969, convidado a participar da Bienal de Artes Gráficas de Santiago, e decidiu ficar no país.
Tradução Carmen Munari
Ilustração pelos 50 anos do golpe militar no Chile