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Fotos de Evandro Teixeira sobre 64 e Chile de 73 viajam ao Rio e a Santiago

Fotos de Evandro Teixeira sobre 64 e Chile de 73 viajam ao Rio e a Santiago

Carmen Munari

O golpe militar no Chile em 1973, que completa 50 anos no próximo dia 11 de setembro, foi captado pelas lentes do fotógrafo brasileiro Evandro Teixeira. Experiente na cobertura de fatos políticos relevantes, Evandro terá 160 fotos em preto e branco expostas no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) no Rio de Janeiro a partir de quarta-feira (30/08). A mesma mostra teve lugar no Instituto Moreira Salles (IMS), em São Paulo, encerrada em 30 de julho, e seguirá para Santiago, no Museu da Memória e Direitos Humanos de Santiago, entre 10 de setembro e 14 de outubro.

“Suas fotografias revelam uma Santiago sitiada, ocupada pelas forças militares”, diz o texto de apresentação no IMS. Imagens impactantes que conseguem transmitir muito do clima sombrio que se instalou no Chile após o golpe que levou ao poder o general Augusto Pinochet (1915-2006) por 17 anos. Chama a atenção o registro após a morte do poeta chileno Pablo Neruda (1904-1973) desde a clínica, o velório em sua residência depredada e o enterro com enorme participação popular. O evento é considerado a primeira manifestação contra o regime do general Augusto Pinochet.

A exposição do CCBB-Rio também traz imagens produzidas por Evandro durante a ditadura militar brasileira, conectadas ao ocorrido no Chile. Serão apresentados trechos de filmes que documentam o período, como “Setembro”, chileno, de Bruno Moet, e “Brasil relato de uma tortura”, de Haskell Wexler e Saul Landau.

Baiano, Evandro Teixeira, de 87 anos, nasceu em Irajuba, cidade a 307 quilômetros de Salvador. Fez curso de fotografia por correspondência, estagiou em jornais locais e em 1963 ingressou no Jornal do Brasil, onde permaneceu por 47 anos, até 2010, quando a edição impressa do jornal deixou de circular. Ele é autor de um episódio-símbolo da repressão brasileira ao flagrar um estudante sendo perseguido por dois policiais com cassetetes durante a chamada ‘sexta-feira sangrenta’, no centro do Rio, em 1968. Outra foto feita durante a ditadura, em uma manifestação no Rio, mostra artistas famosos em sua juventude protestando contra o regime militar instalado em 1964. Desde 2019 o Instituto Moreira Salles (IMS) tem a guarda de seu acervo, com mais de 150 mil fotos.

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Com a colaboração de Irene Rezende, historiadora

Fotos de Evandro Teixeira: no destaque, manifestantes presos no Estádio Nacional / nesta página, enterro de Pablo Neruda / selfie do fotógrafo / Acervo IMS

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