Pacto de morte: Juarez Guimarães de Brito (22/1/1938 – 18/4/1970). “Dos Filhos deste Solo”, Nilmário Miranda e Carlos Tibúrcio.

Pacto de morte: Juarez Guimarães de Brito (22/1/1938 – 18/4/1970). “Dos Filhos deste Solo”, Nilmário Miranda e Carlos Tibúrcio.

No dia 18 de abril de 1970, quando o carro que dirigia foi cercado pela repressão, Juarez cumpriu um pacto que tinha com sua companheira…

Dirigente da VPR (Vanguarda Popular Revolucionária), nasceu em Belo Horizonte, filho caçula de Amélia Guimarães de Brito e do engenheiro Jayme Ferreira de Brito.

Ao lado de seus irmãos mais velhos, teve uma infância alegre. Seu primeiro sobrinho nasceu antes que ele fosse alfabetizado, e seus irmãos brincavam chamando-o de titio analfabeto. Passou parte dessa meninice vivendo no que
ele costumava chamar de paraíso, uma estação experimental de fruticultura, sob a direção de seu pai, então secretário de Agricultura do Estado do Maranhão.

De volta a Belo Horizonte, Juarez, estudou no Colégio Batista e, posteriormente, ingressou na UFMG, na Faculdade de Ciências Econômicas, onde se formou em 1962, nos cursos de Sociologia e Política e Administração Pública.

Naquela época, alternava os estudos com as atividades políticas e com a paixão pelo cinema. Era freqüentador assíduo do Cineclube do Colégio Arnaldo.

Membro da Juventude Trabalhista do PTB de Minas Gerais, trabalhou principalmente junto dos sindicatos, assessorando e organizando cursos de história e oratória.

Como militante da Polop, participou de todas as lutas da época: da greve dos mineiros de Nova Lima contra a Hanna Corporation, movimentos da Liga Camponesa de Três Marias, entre tantas outras.

Casou-se em 1962 com sua primeira namorada, Maria do Carmo.

Depois de formado, o eixo de sua vida passou a ser a atividade política. Em 1963, foi trabalhar em Goiás, como assessor e professor da Universidade Federal. Em 1964, mudou-se para o Recife, onde exerceu funções na Sudene.

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Após o Golpe Militar de 1964, foi preso e passou cinco meses na prisão. Ao ser libertado, transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde continuou a trabalhar como sociólogo e pesquisador.

Divergindo da orientação da Polop, dela se afastou ao optar pela luta armada como forma mais adequada à resistência ao golpe militar naquele momento, passando a fazer parte do Colina (Comando de Libertação Nacional).

Participou da criação da VAR/Palmares e, após sua divisão, permaneceu como militante da VPR.

No dia 18 de abril de 1970, quando o carro que dirigia foi cercado, Juarez cumpriu um pacto que tinha com sua companheira e deu um tiro no próprio ouvido.

Embora tenha sido atingido também pelos policiais, o tiro letal foi disparado por ele mesmo.

Foi enterrado em Belo Horizonte por sua família.

A Comissão Especial aprovou, por unanimidade, requerimento apresentado por Maria do Carmo Brito, viúva de Juarez. Em seu voto, o relator do processo, André Sabóia Martins, concluiu que a morte de Juarez se enquadra na Lei 10.875/04,
no que diz respeito às pessoas “que tenham praticado suicídio na iminência de serem presas”.

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