No radar: Rio no mercado de carbono, escândalos na Igreja Católica e ritual indígena
A agência americana Associated Press veiculou reportagem especial realizada no Território Indígena Alto Rio Guama, no Pará. Muito rico em fotos, o texto relata ritual de passagem indígena realizado durante seis dias chamado “Wyra’whaw”. “Sabemos de outros grupos étnicos (indígenas) no Brasil que já perderam sua cultura, sua tradição, sua língua. Portanto, temos essa preocupação”, disse Sergio Muti Tembé, líder do povo Tembé no território. A cultura indígena tem sido cada vez mais ameaçada nos últimos anos. O território do Alto Rio Guamá é um triângulo de 280.000 hectares de floresta preservada cercado por uma paisagem severamente explorada no nordeste da Amazônia, onde vivem 2.500 pessoas das etnias Tembé, Timbira e Kaapor. Mas também foi ocupado por cerca de 1.600 colonos não indígenas.
O Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo congelou nesta terça-feira R$ 87.400 em bens pertencentes ao ex-presidente Jair Bolsonaro, de acordo com reportagem da publicação Brazilian Report. A decisão judicial foi emitida porque o político de extrema direita acumulou sete multas por não usar máscara facial em eventos públicos durante a pandemia, mas não pagou nenhuma delas. Por isso, as autoridades financeiras o incluíram em uma lista de devedores ativos. O dinheiro aparentemente responde por apenas três das multas, emitidas contra Bolsonaro em 2021 por autoridades municipais de saúde de três cidades do estado de São Paulo. Na época, uma lei estadual determinava o uso de máscaras faciais em espaços públicos; as multas por descumprimento poderiam chegar a R$ 1,5 milhão cada. A decisão ocorre antes de um julgamento eleitoral marcado para 22 de junho, que pode tornar o ex-presidente inelegível para cargos públicos. Os juízes eleitorais decidirão se ele abusou de seu cargo como presidente ao lançar dúvidas infundadas sobre o sistema eleitoral do Brasil.
A mesma Brazilian Report noticia que o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, sancionou nesta semana uma lei municipal que incentiva o mercado voluntário de crédito de carbono na cidade. A lei, que foi aprovada pela Câmara Municipal do Rio de Janeiro no mês passado, implementa incentivos fiscais para atrair empresas da cadeia de crédito de carbono para a cidade. Até R$ 60 milhões por ano em descontos fiscais serão concedidos às empresas que compensarem suas emissões com créditos de carbono. Segundo o secretário de desenvolvimento econômico, inovação e simplificação do Rio de Janeiro, Chicão Bulhões, essa é a primeira lei desse tipo no Brasil e o maior incentivo fiscal em nível municipal para mercados de carbono do mundo.
A publicação The Conversation, meio de comunicação australiano presente em diversos países que publica textos acadêmicos, traz artigo informando que, nas últimas duas décadas, escândalos de abuso sexual abalaram a Igreja Católica em quase todos os lugares onde ela está presente. A América Latina, onde vivem 4 em cada 10 católicos do mundo, não é exceção. No entanto, o papel da Igreja na região é distinto, assim como os riscos. As manifestações na Bolívia nas últimas semanas foram direcionadas a um alvo aparentemente incomum: a Igreja Católica. Enquanto isso, no vizinho Brasil, um novo livro (“Pedofilia na Igreja”) escrito por dois jornalistas premiados tornou mais visível a magnitude da crise dos abusos sexuais clericais. Os autores são Fábio Gusmão e Giampaolo Morgado Braga.
Jornalista, ex-Folha, Reuters e Valor Econômico. Participei da cobertura de posses presidenciais, votações no Congresso, reuniões ministeriais, além da cobertura de greves de trabalhadores e de pacotes econômicos. A maior parte do trabalho foi no noticiário em tempo real. No Fórum 21, produzo o Focus 21, escrevo e edito os textos dos analistas.