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MiniCurso Fatoflix – Corporações descontroladas: Quem paga o pato?

MiniCurso Fatoflix – Corporações descontroladas: Quem paga o pato?

Na semana em que Elon Musk sofre as consequências de sua batalha egoica contra a soberania brasileira, nada melhor do que refletirmos sobre a importância da regulação e controle do poder público sobre as grandes corporações. (Imagem: Cena de “Recife, Cidade Roubada”).

POR TATIANA CARLOTTI

O descontrole do poder público sobre as grandes corporações e os sucessivos governos vem custando um alto preço, inclusive de vidas, para a população das cidades brasileiras.

Na semana em que o todo poderoso Elon Musk sofre as consequências de sua batalha egoica contra a soberania brasileira, nada melhor do que refletirmos sobre estes limites.

A questão ganha outra dimensão ante a escalada das mudanças climáticas, com estiagens e precipitações cada vez mais intensas, evidenciando o ônus da ganância corporativa sobre o território.

Um dos mais gritantes exemplos disso é a exploração predatória, mantida durante décadas, do subsolo de Maceió pela Braskem, a maior petroquímica da América Latina, resultando no afundamento de cinco bairros e prejudicando centenas de famílias que, do dia para a noite, perderam tudo o que conquistaram.

Outro exemplo notório, ocorrido em Recife, foi a entrega de terras da União no centro da cidade para um consórcio imobiliário que, sem qualquer compromisso com a riqueza cultural e as pessoas da região, tentou implementar uma série de empreendimentos de luxo.

Maceió e Recife foram vítimas da ganância das corporações, tema central deste terceiro minicurso Democracia, Câmera e Ação! com base no catálogo da mostra Cidades e Eleições da FATOFLIX, que está gratuitamente à disposição para o campo progressista e democrático usar em seus cursos, debates e outras ações.

A partir dos três filmes desta semana, é possível debater:

  • As consequências da ausência de regulamentação e de controle das corporações pelo poder público, inclusive, numa exploração de longa data como a da Braskem, em Maceió.
  • O papel fundamental da reação da sociedade civil organizada, no caso, através de um vídeo de luta e de denúncia do ataque das imobiliárias do Recife.
  • Como o processo de financeirização do capitalismo vem tornando as corporações ainda mais poderosas e capazes de ameaçar a governança de estados nacionais, não apenas no Brasil, mas no mundo inteiro.

MINICURSO FATOFLIX. CORPORAÇÕES DESCONTROLADAS: QUEM PAGA O PATO?


1. O QUE ACONTECE QUANDO O PODER PÚBLICO NÃO FISCALIZA AS CORPORAÇÕES?

Casa destruída pela Braskem, cena do documentário.


A Braskem passou por aqui: a catástrofe de Maceió

Carlos Pronzato, 2021
Assista na FATOFLIX

Em 2018, cinco bairros afundaram na cidade de Maceió, após o desabamento de três das 35 minas perfuradas no subsolo da capital alagoana pela petroquímica Braskem, o que provocou um terremoto de 2,5 pontos na escala Richter.

O já considerado “maior desastre socioambiental em zona urbana no mundo” foi resultado de décadas de extração inadequada e predatória de sal-gema pela empresa, a nona entre as maiores petroquímicas do mundo.

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Neste longa, o cineasta argentino Carlos Pronzato, que vive e trabalha no Brasil, conta a tragédia ambiental, dando voz às vítimas da ganância da empresa que levou 65 mil pessoas a saírem de suas casas.

O filme também denuncia a conivência e ausência de fiscalização pelas autoridades públicas. Um documentário impactante sobre a ingerência predatória das grandes empresas nas nossas cidades.


2. COMO REAGIR AO ATAQUE DAS IMOBILIÁRIAS NO TERRITÓRIO?

Cena do documentário “Recife, Cidade Roubada” .

Recife, Cidade Roubada
Movimento #Ocupe Estelita, 2014
Assista na FATOFLIX

“Nem tudo que é novo é bom, nem tudo que é novo é novo. O Projeto Novo Recife nem é novo, nem é bom”. Com este slogan, o curta-metragem, produzido pelo Movimento #Ocupe Estelita, denunciava, já em 2014, a ingerência do capital imobiliário na política urbana da capital pernambucana.

Em 2008, um terreno pertencente à União no Cais José Estelita, no centro de Recife, foi vendido para o Consórcio Novo Recife, que pretendia construir 12 prédios de luxo de até 40 andares.

O curta, narrado pelo ator Irandhir Santos, reúne especialistas e integrantes do #Ocupe Estelita para analisar cada um desses projetos de alto impacto, destacando a ilegalidade dos empreendimentos e a exclusão social resultante da edificação de duas cidades: a dos pobres e a dos ricos.

Um vídeo de resistência contra a especulação imobiliária que vem cooptando o poder público não apenas no Recife, mas no país inteiro. Obrigatório para os futuros gestores públicos do campo progressista que terão de lidar com o poder das grandes construtoras em seus governos.


3. CORPORAÇÕES MAIS PODEROSAS DO QUE ESTADOS NACIONAIS: COMO ISSO É POSSÍVEL?

Cena do documentário Dedo na Ferida

Dedo na Ferida
Silvio Tendler, 2017
Assista na FATOFLIX

Neste documentário, Silvio Tendler mobiliza grandes pensadores nacionais e internacionais para explicar como o sistema financeiro e as grandes corporações vêm destruindo o Estado de Bem-Estar Social, inclusive a partir da cooptação de políticos e da interferência em governos.

A partir de entrevista com grandes intelectuais como o cineasta Costa-Gavras, o ex-ministro grego Yanis Varoufakis, o chanceler Celso Amorim, entre outros, o filme explicita o processo atual de concentração de renda, que não apenas impede a justiça social, ampliando as nossas desigualdades, como põe em risco a própria segurança do território e de todo o planeta.

Um documentário crucial neste ano eleitoral para entendermos a dimensão dos desafios e o que está por trás do discurso da austeridade, das privatizações e da meritocracia, bradado pelos candidatos da direita e extrema-direita.

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