Programas – de 13 a 20 de setembro

Programas – de 13 a 20 de setembro

*Autoridades palestinas assumiram um assento oficial na Assembleia Geral da ONU. Primeira resolução em mais de 70 anos de existência da Organização das Nações Unidas, após ocuparem o posto: pedir a retirada de Israel dos territórios ocupados dentro de um prazo de seis meses.

*Do professor do Instituto de Ciência Política da UnB, Luis Felipe Miguel, autor, entre outros livros, de O colapso da democracia no Brasil, da Editora Expressão Popular: “As potências ocidentais fingem que não se dão conta do que está acontecendo. Os Estados Unidos continuam financiando o genocídio. Seja o governo Biden, seja qualquer um dos dois candidatos favoritos a sucedê-lo, o que se vê é a manifestação do apoio inquebrantável aos assassinos sionistas, temperada, às vezes, somente às vezes, com declarações hipócritas e inócuas de piedade por suas vítimas.”

*O professor continua: “Os países da Europa não fazem muito diferente. Numa decisão considerada muito ousada e severamente criticada pelos apoiadores mais delirantes de Israel, o Reino Unido decidiu interromper as vendas de 30 tipos de armamento para Tel Aviv. Mais de 300 outros continuam sendo enviados para contribuir no massacre. Nós nos sentimos impotentes – e, de fato, em grande medida somos – no sistema internacional tal como ele é. Mas há três coisas que podemos fazer: não esquecer, não deixar de falar da Palestina, não parar de denunciar. Boicotar as empresas que sustentam o sionismo.”

*Pelo menos 40 pessoas morreram e 60 ficaram feridas em ataque israelense a um campo de refugiados na área de Al Mawasi, em Khan Yunis, sul da Faixa de Gaza, informa a emissora palestina Al-Aqsa TV. Segundo o oficial da Defesa Civil de Gaza, 20 tendas com refugiados foram destruídas como resultado da operação.

*Entre os livros mais vendidos nesta semana nas livrarias do Rio de Janeiro: o clássico Marighella: O guerrilheiro que incendiou o mundo, de Mário Magalhães (Companhia das Letras), e Ainda Estou Aqui, de Marcelo Rubens Paiva (Editora Alfaguara), sobre o desaparecimento do seu pai, o deputado federal Rubens Paiva, cassado no golpe militar de 1964 e torturado e morto por militares em 1971.

*Sobre o prêmio de Melhor Roteiro recebido no Festival de Cinema em Veneza e inspirado no livro de Marcelo Rubens Paiva, diz o diretor Walter Salles: “Foram sete anos de trabalho para chegar ao roteiro que filmamos. Nesse processo foram feitas mais de 15 versões do trabalho agora premiado”.

*A pernambucana Marianna Brennand ganhou, com o filme Manas, também em Veneza, o Director’s Award, principal prêmio da mostra Giornate Degli Autori.

*O cenário do Palácio do Soul, no bairro de Rocha Miranda, no Rio de Janeiro, foi escolhido pelo antropólogo e cineasta Emílio Domingos para o seu belo documentário Black Rio! Black Power!, em cartaz esta semana nos cinemas. O diretor tem se dedicado à cultura negra em filmes como A Batalha do Passinho, de 2012, e Deixa na Régua, de 2016. Em tempo: o Palácio do Soul começou nos anos 70, no Grêmio de Rocha Miranda, zona norte do Rio, e foi palco de uma revolução cultural que repercute até hoje em expressões artísticas como o funk, o hip-hop e o Passinho Carioca. Os bailes começaram em plena ditadura civil-militar com a resistência de jovens negros.

*O programa é relembrar o clássico Zero, de autoria de Ignácio de Loyola Brandão, leitura ícone dos que resistiram de várias formas à ditadura civil-militar. Censurado e proibido pelo Ministério da Justiça do Brasil da época com o argumento de ser uma obra que afetava as instituições e… os bons costumes(!). As editoras do país se negaram a publicá-lo, e o volume só veio à luz em primeira edição na Itália, em 1974. Memória e sugestão de (re)leitura do professor Daniel Aarão Reis no programa Tempo Contemporâneo (Zero está editado pela Global).

*O programa também é prestar atenção ao filme Alma do Deserto, de Mônica Taboada-Tapia, igualmente premiado no Festival de Cinema de Veneza com o Queer Lion, láurea LGBTQIA+ na mostra competitiva Giornate degli Autori. Objeto de grandes elogios, é coprodução Brasil-Colômbia, uma narrativa de resistência e símbolo de luta por justiça.

Veja Também:  Resistência e sobrevivência da esquerda na Europa

*A história de Alma do Deserto é esta: Georgina, uma mulher trans da etnia indígena Wayúu, luta para obter seu direito de ter a identidade reconhecida. Após perder seus documentos em um incêndio criminoso provocado pelos próprios vizinhos, que não aceitavam sua presença, Georgina decide recuperá-los. Apenas com seus documentos recuperados ela poderá exercer direitos civis fundamentais, como o seu direito ao voto nas eleições colombianas. “Documentário poderoso, comovente e cativante, um dos filmes mais marcantes sobre a identidade queer dos últimos anos”, anunciou a respeitada International Cinephile Society sobre Alma do Deserto.

*Historiadores pela democracia: o golpe de 2016 e a força do passado é de autoria de Sidney Chaloub, Luiz Felipe de Alencastro, James Green, Luiz Carlos Villalta, Kátia Gerab Baggio, Martha Abreu, Silvia Hunold Lara e Suzette Bloch, e organizado pelas historiadoras Hebe Mattos, Tânia Bessone e Beatriz G. Mamigonian. Na sua mira, o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff que colocou a democracia brasileira em risco. O livro é uma seleção de textos que compõem uma crônica dos acontecimentos, do ponto de vista histórico (Editora Alameda).

*Mostra gratuita de cinema, Fantasmas da Terra: A Poética de Apichatpong Weerasethakul, de 17 a 27 deste mês, na Caixa Cultural Rio de Janeiro. Serão exibidos seis longas-metragens e 29 curtas do cineasta tailandês, um dos mais importantes do cinema contemporâneo. Apichatpong já foi Palma de Ouro e também Prêmio do Júri em Cannes. Não é pouca coisa. Haverá também um curso gratuito, intitulado Imersão Apichatpong, com emissão de certificado para aqueles que assistirem ao menos a quatro das seis aulas. Também será distribuído um livro-catálogo com textos inéditos e traduzidos sobre Apichatpong.

*Ailton Krenak é o autor homenageado da segunda edição do Festival Literário Internacional de Paracatu, na última semana. Para ele, ninguém fica de fora do extrativismo determinado pela escolha do petróleo como matriz energética e presente em todos os lugares e em diversas versões. “Sabia que a capa do seu celular é feita de petróleo? Que a minha sandália é feita de petróleo? Que o seu tênis é de petróleo? Os seus óculos, o seu boné?”, ele indaga. O mais recente lançamento de Krenak é para crianças: Kuján e os meninos sabidos. Ele explica que kuján, na língua krenak, significa tamanduá.

*É necessário revisar o acontecido e compará-lo com o presente. Por isto, o Portal Desacato e o Coletivo Memória, Verdade e Justiça Profa. Derlei de Luca convidam para o Seminário Ditadura e Jornalismo no Cone Sul. Os expositores(as) foram testemunhas e vítimas do Plano Condor e avaliam o ressurgimento do fascismo em suas novas versões. A professora Rita Coitinho, da Universidade Federal de Santa Catarina, fará a mediação. Dia 20 deste mês. catarse.me/ditaduraJornalismo.

*Bravo mundo novo – Novas configurações da comunicação e do consumo, de Clóvis Barros Filho, Vladimir Safatle, Gisela Castro e outros, é uma sugestão de leitura marcante. A prestar atenção na sua apresentação: “Há uma percepção geral e difusa, a crença de que nossa época é um momento de ruptura e reconfiguração. Tal percepção ecoa entre aqueles que estudam as articulações entre comunicação e consumo. A de que algo de extremamente novo está em gestação, não só em comerciais ou propagandas, mas também na política ou no entretenimento”.

*E segue: “Estamos no limiar de um novo mundo novo, onde nada será como antes. Mas, como analisá-lo? Para onde caminha a mídia?” Em Bravo mundo novo, os pesquisadores da CAEPM/Centro de Altos Estudos em Propaganda e Marketing abordam o assunto. “Pois se há algo que nossa época nos ensina é como economia, política e sociedade não conseguem mais se separar” (Editora Alameda).

*Anarquismo e Espiritismo é o tema do encontro, na próxima segunda-feira, dia 16 deste mês, ao vivo, no Canal Anarquismo e Geografia, com a pesquisadora e professora de História da Unesp, Samantha Lodi, e com a jornalista Dora Incontri. No mesmo canal se encontram textos de Mikhail Bakunin.

*O programa é mais uma vez comprovar que a mentira não tem  limites. E que a megalomania é um fato nesse tal The Milei Series, From Zero to President que vem reforçar o envenenamento da blogosfera.

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