Programas: de 18 a 25 de agosto
Léa Garcia, primeira brasileira a concorrer ao prêmio de Melhor Atriz no Festival de Cannes, em 1960, faleceu aos 90 anos, há dias, quando seria homenageada no Festival de Gramado deste ano
*Sugestão de leitura do economista João Pedro Stédile, fundador e líder do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MTST), quando depôs em CPI, esta semana: o volume Selva, (Editora História Real) do delegado da Política Federal Alexandre Saraiva. Stédile lembra aos mal informados que “o livro explica quem faz os desmatamentos na Amazônia”. Saraiva liderou a operação responsável pela maior apreensão de madeira ilegal da história do país, 226 mil metros cúbicos de toras avaliados em mais de 130 milhões de reais e, em seguida, apresentou ao STF uma notícia-crime contra o então ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, acusando-o de obstruir a fiscalização. Selva é leitura imperdível.
*Para comemorar a recente Marcha das Margaridas, em Brasília, exibição livre e gratuita do documentário A Ilusão da Abundância, disponível no Youtube por tempo limitado. A marcha relembra a vida, a obra e o assassinato, em 1983, de Margarida Maria Alves, uma das primeiras mulheres a assumir a presidência de um sindicato no Brasil.
*Coautora de A Ilusão da Abundância, a jornalista colombiana Erika Gonzáles lembrou: “Por se oporem a megaprojetos extrativistas, defensores ambientais latino-americanos são criminalizados, perseguidos e mortos. Por isto é necessária a imediata ratificação pelo Brasil do chamado Acordo de Escazú, o primeiro da América Latina na área ambiental que defende as mulheres da região na sua luta contra ações abusivas de multinacionais”.
*O curta-metragem gaúcho, de Porto Alegre, Concha de Água Doce, foi premiado com um Kikito. O filme é de Lau Azevedo e João Pires, recém-formados em Produção Audiovisual pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, que agora estreiam como diretores no Festival.
*O programa é seguir a novela da suspensão absurda do governo do estado de São Paulo pretendendo abolir livros impressos do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), nas escolas públicas, e no mesmo momento em que a Unesco desaconselha o uso maciço de tecnologias digitais na educação. “Tecnologia, sim, mas na dosagem adequada. Países com avançados índices educacionais estão procedendo dessa forma, pisando no freio da educação digital que não se mostrou tão eficiente quanto se pensava”, diz a nota oficial da Unesco.
*Vale rever uma das pequenas grandes obras primas da francesa Agnès Varda, Cléo das 5 às 7, no catálogo da plataforma Mubi. É um filme emblemático da nouvelle vague, precursor dos movimentos feministas de massa organizados em grande escala a partir da década dos anos 60. Cinema-verdade, tem pontas de Anna Karina e Jean-Luc Godard.
*O programa também é ouvir a fala recente do presidente Lula apresentando oficialmente o PAC, o Programa de Aceleração do Crescimento, na grande festa do Theatro Municipal do Rio de Janeiro: “Temos uma das matrizes energéticas mais limpas e renováveis do mundo, e vamos investir cada vez mais em energia solar, eólica, biodiesel e biomassa. (…) Aproveitaremos esta, que talvez seja a maior oportunidade histórica de nossa geração, de nos tornarmos a grande potência sustentável do planeta”.
*O volume A valorização capitalista do espaço e a teoria marxista do valor, de Paulo Godoy, trata da geografia histórica do capitalismo nos dois últimos séculos. “A universalização da propriedade privada da terra e as sucessivas separações que marcam e caracterizam as relações sociais capitalistas conferem ao espaço geográfico o estatuto de espaço-mercadoria, conteúdo de valor de uso e de valor”, registra a editora Alameda. O autor é professor de Geografia da Universidade Estadual Paulista e atua nas áreas de Geografia Histórica e História do Pensamento Geográfico.
*Novo livro sobre a vereadora carioca cujo assassinato até hoje não foi elucidado, embora de tempos em tempos pareça que será, enfim, esclarecido. O título é Marielle Franco – Fotobiografia, lançado em uma parceria entre o Instituto Marielle Franco, a vereadora Mônica Benício e a Azougue Editorial.
*O jornalista, escritor e tradutor Juremir Machado lançou há pouco o livro de ficção Derrotados e Triunfantes. A obra reúne, além de contos publicados no Caderno de Sábado do Correio do Povo, diversos micro-contos. O tema: “O sujeito toma um tranco, parece definitivo; quando ele está no chão dá uma resposta que soa como uma reviravolta. Para nós que gostamos de futebol, é como uma vitória moral. Pode perder, mas encontra um jeito de dar uma resposta que vira o jogo”, explica o autor. (Ed. Almedina Brasil)
*O clássico Mulher de Verdade, de 1954, do cineasta Alberto Cavalcanti, foi o vencedor do 1º Concurso de Restauração Heritage Online, na 76ª edição do Festival Internacional de Cinema de Locarno. A candidatura foi enviada pela Cinemateca Brasileira. No elenco histórico do filme, Inezita Barroso, Colé Santana e Adoniran Barbosa.
*Autora do livro Como a China Escapou da Terapia de Choque é o instigante título do volume recém-lançado, escrito pela jovem economista alemã Isabella M. Weber, que procura responder porque aquele país, mesmo com o neoliberalismo tendo sido relevante por lá, não destruiu sua economia na expectativa de que, automaticamente, dali surgisse uma economia de mercado mais à frente. Escapou porque o país não foi obrigado a abraçar o receituário do Consenso de Washington, escreve ela. (Ed. Boitempo/Tradução de Diogo Fernandes).
*Relembrando a talentosa Léa Garcia, primeira brasileira a concorrer ao prêmio de Melhor Atriz no Festival de Cannes de 1960. Léa faleceu aos 90 anos, há dias, quando seria homenageada no Festival de Gramado deste ano. Um dos seus primeiros trabalhos foi a personagem Mira, no filme de Marcel Camus, Orfeu Negro, rodado no Rio de Janeiro. Adaptação cinematográfica da peça Orfeu da Conceição, de Vinicius de Morais, o filme ganhou a Palma de Ouro, em Cannes, e o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro no mesmo ano.
*A cidade de Haifa, em Israel, em evidência. O filme Uma Noite em Haifa está em cartaz nos cinemas e agora a Editora Tabla anuncia o lançamento oficial da novela Retorno a Haifa, do célebre escritor palestino Ghassan Kanafani. Publicada originalmente em árabe, em 1970, o livro conta a história de um casal palestino originário de Haifa forçado a deixar a cidade por causa da Nakba (a ‘catástrofe’), de 1948, quando a região foi ocupada por colonos judeus, e retornam 20 anos depois.
*Interessante a palavra de outro brilhante intelectual palestino, Edward Said (falecido há vinte anos), autor do clássico A Questão Palestina, sobre o livro de Kanafani: “Com maturidade literária e a perspectiva de um ativista visionário, Kanafani constrói uma obra-prima da literatura palestina, árabe e universal”. O romance é a saga do pai e da mãe do menino, seu filho, que precisaram deixar para trás, na fuga, e é criado pelos invasores.
*A 4ª Conferência Municipal de Cultura do Rio de Janeiro está em curso na Sala Baden Powell em Copacabana, com debates, propostas e votação on-line para o Conselho Municipal de Cultura. Inscrições em cultura.prefeitura.rio/conf.culturario.
*Elis & Tom, Só Tinha de Ser Com Você, aguardado com expectativa. Estreia nos cinemas dia 21 de setembro. Fez sucesso no Festival do Rio 2022 e na 46ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, onde foi premiado pela crítica como Melhor Filme Brasileiro. Há dois meses o documentário foi mostrado na importante mostra de negócios cinematográficos, o Marché du Film do Festival de Cannes.
*Outro belo programa é assistir o novo filme da premiada diretora paraguaia Paz Encina, o aclamado Hamaca Paraguaya. Falado na língua Ayoreo, trata de pessoas deslocadas, no caso um povo que deve migrar do seu lugar de origem. Em cartaz nos cinemas.
*Informação: há, no mundo, uma classe de hackers denominados hackers éticos. São os combatentes de ataques virtuais a empresas e pessoas. Há cursos on-line para quem deseja ser um ‘hacker do bem’ oferecidos na internet.
(L.M.A.R.)
*As informações acima são fornecidas por editoras, produtoras e exibidoras