Programas – de 20 a 27 de setembro
*Programa para não esquecer o massacre em Gaza (e agora no sul do Líbano). A denúncia contundente do presidente da Fepal, Federação Árabe Palestina do Brasil, Ualid Rabah, sobre o ataque terrorista de Israel no Líbano usando pagers e walkie-talkies: “O atentado tecnológico no Líbano não está limitado à análise de um ataque isolado, mas aborda um mundo quase distópico e futurista, onde o uso da tecnologia cotidiana está sendo instrumentalizado para fins mortais.” Rabah argumenta que “qualquer pessoa, em qualquer canto do mundo, pode exterminar de centenas a milhares de indivíduos através de interferência em dispositivos eletrônicos”, o que ele considera um novo tipo de ameaça global.
*Programa para resistir. Do escritor e cientista político Luis Felipe Miguel: “Nós nos sentimos impotentes – e, de fato, em grande medida somos impotentes, no sistema internacional tal como é. Mas há três coisas que podemos fazer: 1) Não esquecer. Não deixar de falar da Palestina. Não parar de denunciar. Isso constrange os cúmplices e aumenta o custo simbólico que eles enfrentam. 2) Boicotar as empresas que sustentam o sionismo. O movimento BDS (boicote, desinvestimento e sanções) coordena os boicotes internacionais e tem alcançado êxito em muitas campanhas. 3) Pressionar o governo brasileiro para cortar relações com Israel. O Brasil tem que honrar seu compromisso com a paz, a justiça e a autodeterminação dos povos. Israel não é apenas um país que tem um governo autoritário. É um Estado genocida.”
*ONU: O relator especial para os Direitos Humanos à Água Potável e ao Saneamento das Nações Unidas, Pedro Arrojo-Agudo, afirma que cada palestino na Faixa de Gaza recebe apenas 4,7 litros de água diariamente. Segundo o especialista, em conferência de imprensa, as autoridades israelenses impedem que 70% dos materiais específicos para a purificação da água entrem em território palestino. Com isso, Israel está criando uma “bomba silenciosa com um efeito muito maior do que aquela que destrói edifícios”, diz Arrojo-Agudo.
*Sugestões de leituras sobre o meio ambiente, cenário distópico dentro do qual estamos vivendo atualmente, com queimadas e desmatamento. Mudanças Climáticas, de Carlos Nobre, Jane Méri Santos, José Eduardo Macedo Pezzopane, Neyval Costa Reis Junior. The Burning Season, de Andrew Revkin. O Testamento do Homem da Floresta – Chico Mendes por Ele Mesmo, organizado por Cândido Grzybowski. A Ferro e Fogo, de Warren Dean. Uma Tragédia Ambientalista, de Paulo Nogueira-Neto. Amazônia, de Bertha Becker. Colapso – Como as Sociedades Escolhem o Fracasso ou o Sucesso, de Jared Diamond. O clássico Avaliação de Impacto Ambiental, de Luís Enrique Sánchez. Ideias para Adiar o Fim do Mundo, de Ailton Krenak. E importante: os sete volumes do Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção, edição do Ministério do Meio Ambiente.
*No próximo dia 26, entra em cartaz o documentário Antonio Candido, Anotações Finais, de Eduardo Escorel, sobre o sociólogo e crítico literário. Com debates no Instituto Moreira Salles de Poços de Caldas; no dia 27, no IMS paulista, e dia 30, no Rio-Estação. Dia 2 de outubro a apresentação será em Belo Horizonte, no auditório do cinema do Minas Tênis Clube. O filme é baseado nos últimos dois cadernos de anotações deixados inéditos por Antonio Candido, que era sogro de Escorel. A narração é do ator Matheus Nachtergaele.
*O livro Nazi Killers – Amazing Ameziane apresenta “o exército secreto de Churchill” em forma de novela gráfica. A apresentação do volume pela sua editora: “Eles foram os verdadeiros ‘Bastardos Inglórios’ que incendiaram a Europa ocupada pelos nazistas. Homens e mulheres que, com sua coragem e ferocidade, mudaram o curso da guerra.” As histórias do livro são de autoria de Ian Fleming, Christopher Lee, Joan Bright e Maurice Tiefenbrunner, que participaram da resistência. Volume lançado em julho (Ed. Nova Fronteira).
*Será lançado no fim de outubro O Cinema de Perto, coletânea de crônicas, críticas e poemas de Carlos Drummond de Andrade sobre cinema e filmes. Desde Joan Crawford e Greta Garbo até Mickey, Chaplin e Fernanda Montenegro. Textos sobre esses ícones, boa parte deles inéditos em livro. O prefácio é do jornalista Sérgio Augusto.
*Foi no Jornal de Minas, em 1920, que Drummond escreveu seu primeiro texto em jornal. Tinha 17 anos. Era uma crônica sobre Diana, a Caçadora, longa-metragem que estava sendo atacado pela Liga Pela Moralidade Mineira, que o poeta ironizava. Na sua crítica ao filme, ele escreve que o filme era de “baixa qualidade”. (Ed. Record).
*Chile: Anatomia de um Golpe é o livro digital editado pelo site Diálogos do Sul, relembrando os 51 anos do golpe no Chile de Allende, dia 11 de setembro de 1973. “Mais do que uma questão de memória, lembrar o episódio é um ato de resistência, uma forma de luta para que tais tragédias nunca mais se repitam”, alertam os editores. “Se a cicatriz é eterna, lembrar é resistir.” https://bit.ly/ebookchile
*Data histórica a lembrar: a Internacional Comunista acaba de completar 106 anos no próximo dia 28, aniversário da fundação da Associação Internacional dos Trabalhadores/AIT, em 1864, em Londres. É o mais importante empreendimento internacional do trabalho, sobre o qual a USP realizou um seminário com estudiosos e especialistas de várias universidades brasileiras. O professor Oswaldo Cogiolla comenta no blog da Editora Boitempo.
*Mais um livro de contos imperdível: Morte em Pleno Verão, de Yukio Mishima, com os temas caros àquele que foi um formidável escritor da história da grande literatura. A degradação do Japão tradicional, a cultura do teatro Nô, o fascismo, o universo das geishas, o questionamento de gênero e a transexualidade. A atual coletânea traz também o conflito entre tradição e modernidade, flashes de cenas urbanas e o budismo da Terra Pura. Sobre o escritor, um belo filme é Mishima: A Life in Four Chapters, direção e roteiro de Paul Schrader e Leonard Schrader (Morte em Pleno Verão é da Editora Companhia das Letras).
*Inaugurada a exposição de 20 cartunistas da Associação de Artistas Gráficos do Rio Grande do Sul, Nau dos Insensatos – O Naufrágio do Estado Mínimo. A mostra será itinerante e, em seguida, visitará outras cidades. Nos 60 trabalhos mostrados em Porto Alegre, na Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras em Instituições Financeiras do RGS, o retrato da devastação e da dimensão política que acometeram as enchentes no estado sulista. Detalhe: a obra principal da exposição é um desenho gigante e coletivo de sete metros de comprimento por três de altura, grandeza que representa o tamanho da tragédia, segundo o cartunista e diretor da Federação Nacional dos Jornalistas, Celso Schröder.
*Outra mostra a visitar, esta no Museu da Cultura Afro-Brasileira de Salvador, intitulada Raízes: Começo, Meio e Começo, que vai até março do ano que vem. São 200 obras de 86 artistas de diversas regiões do país, e também da Guiné, Angola, Cuba e Benin. Na exposição, “trabalhos das vanguardas que moldaram as sociedades contemporâneas, sua habilidade para registrar eventos e narrar histórias; a intersecção com o misticismo e as expressões artísticas e a resistência sociopolítica dos grupos identitários”, diz Jamile Coelho, cineasta e curadora da mostra (no Centro Histórico de Salvador).
*Ainda este mês estará nos cinemas Terra de Ciganos, de Naji Sidki, um road movie que acompanha a busca pela preservação das tradições ciganas. O documentário retrata famílias de músicos ciganos, suas artes e tradições, e apresenta o povo cigano em uma viagem por diversas paisagens do Brasil, buscando os poucos remanescentes da comunidade que ainda moram em barracas e mantêm sua língua e modo de vida tradicional. Naji Sidki, o diretor, se interessou pelo tema ao ter contato com ciganos na cidade de Alexânia, em Goiás. “O filme é também sobre o desejo de aceitação de uma comunidade excluída”, ele assinala.
*O ator Wagner Moura fará o papel do filósofo e educador Paulo Freire – um dos mais notáveis pensadores da história da pedagogia, nascido em Recife e que estaria fazendo cem anos – em filme baseado no seu experimento pedagógico. Título: Paulo Freire, Caminhos da Esperança.
*Movimentação na Mostra de Cinemas Africanos. O cineasta mauritano Abderrahmane Sissako e uma delegação de cineastas africanos estão em Salvador até o dia 25, onde Sissako apresenta o seu Black Tea – O Aroma do Amor, que vem de participar do Festival de Berlim. O filme começa na Costa do Marfim e se desenvolve em Cantão, na China. Detalhe especial: a Rota da Seda é o seu pano de fundo.
*Dirigido pelo ator Antonio Pitanga, Malês está na programação da 26ª edição do Festival do Rio, com exibição hors-concours na mostra Première Brasil. Com estreia nos cinemas marcada para novembro, o filme foi rodado em Cachoeira, na Bahia, e em Maricá, RJ. Malês é sobre as condições difíceis de vida de homens e mulheres negros na Bahia do século XIX, o combate ao racismo extremo, à pobreza e à intolerância religiosa.
*A cidade de Niterói inaugura a primeira sala de cinema dedicada exclusivamente à exibição de documentários de impacto social.
*Seis longas-metragens brasileiros foram escolhidos pela comissão de seleção para concorrer à indicação para uma vaga na categoria de Melhor Filme Internacional na 97ª Premiação Anual promovida pela Academy of Motion Picture Arts and Sciences – o Oscar 2025: Ainda Estou Aqui, de Walter Salles; Cidade; Campo, de Juliana Rojas; Levante, de Lillah Halla; Motel Destino, de Karim Aïnouz; Saudade Fez Morada Aqui Dentro, de Haroldo Borges; e Sem Coração, de Nara Normande e Tião. O longa baiano Saudade Fez Morada Aqui Dentro, direção de Haroldo Borges, acaba de estrear nos cinemas. Já foi premiado em Mar del Plata, Málaga, no Festival do Rio e em São Paulo.
*Os Correios e o Ministério da Igualdade Racial acabam de lançar um selo em homenagem à socióloga gaúcha Luiza Bairros, ex-ministra da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial e uma das principais intelectuais do pensamento negro contemporâneo. A ex-ministra, falecida em 2016, lutou pela implementação de políticas públicas, como as cotas em concursos para trabalho em universidades e no serviço público para pretos, pardos, indígenas e quilombolas.
*Com a vida dedicada à arte e ao povo, Leci Brandão, 80 anos recém festejados, é a protagonista da exposição aberta ao público na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. Na mostra É Coisa de Orixá, a sambista e parlamentar tem sua trajetória recontada através de registros históricos.
Jornalista.