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Após reunião com Lula, Silvio Almeida é demitido do governo

Após reunião com Lula, Silvio Almeida é demitido do governo

POR TATIANA CARLOTTI

As acusações de assédio sexual contra o ministro Silvio Almeida (Direitos Humanos), denunciadas pelo Me Too Brasil e divulgadas no site Metrópoles, ganharam destaque nas notícias internacionais sobre o Brasil, nesta sexta-feira (06/09).

O então ministro dos Direitos Humanos foi demitido no começo desta noite, após se reunir com o presidente Lula, o controlador-geral da União, Vinícius Carvalho, e o advogado-geral da União, Jorge Messias. Em nota, o Planalto informa que:

“Diante das graves denúncias contra o ministro Silvio Almeida e depois de convocá-lo para uma conversa no Palácio do Planalto, no início da noite desta sexta-feira (6), o presidente Lula decidiu pela demissão do titular da Pasta de Direitos Humanos e Cidadania. O presidente considera insustentável a manutenção do ministro no cargo considerando a natureza das acusações de assédio sexual. A Polícia Federal abriu um protocolo inicial de investigação sobre o caso. A Comissão de Ética Pública da Presidência da República também abriu procedimento preliminar para esclarecer os fatos. O Governo Federal reitera seu compromisso com os Direitos Humanos e reafirma que nenhuma forma de violência contra as mulheres será tolerada”.

Mais cedo, o presidente Lula havia postado nas redes sociais que ninguém que cometesse assédio ficaria em seu governo. “A Polícia Federal, o MP, a CGU e Comissão de Ética da Presidência vão investigar, garantindo a defesa. O governo federal tem feito um grande trabalho no combate à violência contra as mulheres. Hoje terei reuniões para tomar uma decisão”.

A ministra Anielle Franco (Igualdade Racial), apontada como uma das vítimas, publicou uma nota em suas redes sociais, onde afirma: “Não é aceitável relativizar ou diminuir episódios de violência. Reconhecer a gravidade dessa prática e agir imediatamente é o procedimento correto, por isso ressalto a ação contundente do presidente Lula e agradeço a todas as manifestações de apoio e solidariedade que recebi”. Ela também pediu privacidade: “Tentativas de culpabilizar, desqualificar, constranger ou pressionar vítimas a falarem em momento de dor e vulnerabilidade também não cabem, pois só alimentam o ciclo de violência. Peço que respeitem meu espaço e meu direito à privacidade. Contribuirei com as apurações, sempre que acionada” (leia a íntegra).

Ontem, o Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania (MDHC) divulgou duas notas negando as acusações. O então ministro afirmava tratar-se de uma “campanha” para afetar sua “imagem de homem negro em posição de destaque no setor público”. “Toda e qualquer denúncia deve ser investigada com todo o rigor da Lei, mas para tanto é preciso que os fatos sejam expostos para serem apurados e processados. E não apenas baseados em mentiras, sem provas”, afirmou. Após a decisão, ele publicou nas redes: “Nesta sexta-feira (6), em conversa com o Presidente Lula, pedi para que ele me demitisse a fim de conceder liberdade e isenção às apurações, que deverão ser realizadas com o rigor necessário e que possam respaldar e acolher toda e qualquer vítima de violência. Será uma oportunidade para que eu prove a minha inocência e me reconstrua” (leia a íntegra).

A partir de agora, a ministra Esther Dweck (Gestão e da Inovação em Serviços Públicos) assume interinamente o cargo de ministra dos Direitos Humanos e da Cidadania, acumulando temporariamente as duas funções até a nomeação de um novo titular para o MDHC.

O tema foi pauta nas agências Reuters e Agencia EFE, no português Expresso e Público, nos argentinos La Nacion e El Clarín, no colombiano El Tiempo, no portal Nodal, entre outros.

MUSK X BRASIL

A disputa entre o bilionário Elon Musk e a Justiça brasileira permanece em alta nas notícias internacionais sobre o Brasil. O tema foi turbinado, na imprensa europeia, devido à prisão do fundador do Telegram, Pavel Durov, liberado nesta quarta-feira pelas autoridades francesas, após uma caução de 5 milhões de euros. Trata-se de “um momento importante para a regulamentação das redes sociais na Europa”, aponta o português Correio da Manhã, ao citar também a punição de Musk no Brasil.

Já o francês Le Figaro informa que após a suspensão do X, as concorrentes Threads e Bluesky decolaram no Brasil. O Bluesky, criada por Jack Dorsey, cofundador do Twitter, teve um aumento de 33% do seu número de usuários, passando de 6 para 8 milhões de seguidores e o português, agora, é a língua mais utilizada nesta rede social. O jornal francês também traz análises de Thibaut Bruttin e Camille Grenier, ambos do Fórum sobre a Informação e a Democracia, apontando que “os líderes das plataformas não estão mais acima da lei”.

No Business Insider, reportagem de Beata Zawrzel destaca que o X é proibido desde 2009 na China, no entanto, Musk só briga com o Brasil. “O segredo? Tesla”, afirma o texto ao informar que o faturamento da Tesla na China é de US$ 21,7 bilhões, quase 1/4 da receita total da empresa de Musk, em torno de US$ 96,8 bilhões. Outra reportagem do mesmo veículo informa que Nick Pickles, chefe de assuntos globais da X e principal porta-voz da empresa no Brasil, demitiu-se do X.

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O espanhol El Diário publica uma reportagem sobre o hacker Azael, que assumiu a responsabilidade pelo ataque aos sistemas informáticos do STF, da PF e da Agência Nacional de Comunicações. Azael faz parte do CyberHunters, um “grupo que afirma combater a corrupção em países governados pela esquerda”, diz o texto. El Diário também informa que “pesos pesados ​​do bolsonarismo estão usando a rede social X com VPN, desobedecendo ordem judicial”, incluindo pelo menos oito senadores, “para atacar Moraes e o presidente Lula da Silva”.

O argentino El Clarin traz um artigo de Marcelo Cantelmi que destaca sobre o litígio entre Musk e a justiça brasileira: “é pela divulgação de informações falsas, em muitos casos com interesse político transparente. Musk é um aliado histórico de Bolsonaro, que em seu último ano de mandato chegou a presenteá-lo com uma condecoração militar por seus “distintos serviços” prestados ao país. Ele recebeu essa medalha do então ministro da Defesa, Paulo Nogueira, investigado hoje por sua participação na conspiração para impedir que Lula tomasse o poder após sua vitória apertada em outubro de 2022”.

VEM AÍ O EXÉRCITO DE LIBERTAÇÃO POPULAR DA CHINA

A China enviará um corpo de fuzileiros navais ao Brasil para um exercício militar a convite das Forças Armadas brasileiras. O Exército de Libertação Popular da China vai participar do Exercício Formosa 2024, um exercício militar anual, sediado pelo Corpo de Fuzileiros Navais. Ano passado, participaram do exercício militar os Estados Unidos, a Alemanha, a França e a África do Sul. “O convite ocorre no momento em que a China e o Brasil desfrutam de melhores relações nos últimos anos, incluindo a intenção de Brasília de aderir à iniciativa Cinturão e Rota”, destaca o chinês South China Morning Post.

JOVENS DO MST CURSARÃO MEDICINA EM CUBA

O latino-americano Kaos En La Red informa que quinze jovens do MST irão estudar medicina como bolsistas na Escola Latino-Americana de Medicina (Elam), em Havana. A Elam é uma das maiores escolas de medicina do mundo, reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS). “O objetivo da escola é formar médicos de várias regiões do mundo, com foco especial nas comunidades mais pobres e desprivilegiadas”, diz o texto.

EXECUÇÕES DE LIDERANÇAS QUILOMBOLAS

Reportagem de Mariane Barbosa na argentina Página 12 traz dados do estudo da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq) sobre o “aumento alarmante” de assassinatos de lideranças quilombolas no Brasil, impulsionados principalmente por conflitos fundiários. “Entre 2019 e 2024, foram registadas 46 execuções, com uma média de oito mortes anuais, o equivale à perda de uma vida quilombola a cada mês e meio”, destaca o texto.

CONDENADAS POR DANOS AMBIENTAIS

O britânico Independent traz reportagem sobre a condenação, por um tribunal de Rondônia, das empresas Distriboi e Frigon e de mais três pecuaristas, por causar danos ambientais, após a compra de gado em Jaci-Paraná. A região é uma área protegida da Amazônia e teve 80% de sua floresta destruída, sendo considerada a unidade de conservação mais devastada da Amazônia brasileira. Nela, foram identificadas 210.000 cabeças de gados. O processo judicial estima danos na reserva em cerca de US$ 1 bilhão.

QUEDA DO AVIÃO DA VOEPASS

Foi publicada a análise preliminar sobre a queda do avião da Voepass em Vinhedo, interior paulista, ocorrida em 9 de agosto, que levou à morte de 62 pessoas. A análise do Cenipa, vinculado à FAB, revela que o avião perdeu altitude repentinamente e que “o áudio da cabine por si só não é capaz de fornecer uma causa aparente para o acidente”. Em nenhum momento houve contato de emergência por parte da aeronave durante o trajeto que antecedeu o acidente. Pessoas ligadas à investigação afirmam que “ainda é prematuro falar em suspeitos, mas não foram descartadas as hipóteses de crime negligente, negligência ou imprudência”, informa a cubana Prensa Latina.


Foto de Silvio Almeida: Fernando Frazão/Agência Brasil.