Boulos: “Não queremos que São Paulo fique nas mãos da extrema direita e das milícias”
Candidato do PSOL à prefeitura de São Paulo, o deputado federal Guilherme Boulos conquistou 29% dos votos no último domingo e segue para o segundo turno, em 27 de outubro
“Queremos construir uma cidade mais segura, justa, humana e inovadora, fazendo de São Paulo uma terra de oportunidades para todos”, afirma Guilherme Boulos, em entrevista. Candidato do PSOL à prefeitura da capital paulista, ele conquistou 29% dos votos no último domingo e segue para o segundo turno, que ocorrerá em 27 de outubro. Ao jornal francês l’Humanité, Boulos aponta que sua candidatura –”fruto da maior aliança progressista da história das eleições municipais em São Paulo” – enfrenta duas faces da extrema direita:
“A primeira, representada pelo atual prefeito Ricardo Nunes, tenta parecer moderada, mas sucumbiu às pressões do ex-presidente Bolsonaro para manter sua candidatura. Seu vice é o coronel Mello Araújo, um ex-comandante da Rota, que já se destacou por suas declarações discriminatórias em relação aos moradores das comunidades carentes, as favelas. A outra é representada por Pablo Marçal, que atrai uma parte significativa dos apoiadores de Bolsonaro e encarna toda a raiva e agressividade da extrema direita, disseminando notícias falsas e adotando uma estratégia nociva que desequilibra o processo eleitoral.
“Nunes, suspeito de desvio de verbas, está sendo investigado pela polícia federal, e Marçal foi condenado a uma pena de prisão por fraude bancária. Ambos estão ligados a Bolsonaro, que representa o que há de pior na política brasileira. Não queremos que São Paulo fique nas mãos da extrema direita e das milícias“.
Questionado sobre o impacto do bolsonarismo a nível municipal, o deputado ressalta os efeitos nocivos da extrema direita nas instituições públicas, como o colapso do sistema de saúde, o desmantelamento das instituições e a corrupção desenfreada no estado do Rio de Janeiro, e cita o assassinato da vereadora Marielle Franco, morta por lutar contra a grilagem de terras nas áreas controladas por milícias na zona oeste da capital fluminense.
Para que o mesmo não aconteça à São Paulo, Boulos defende o compromisso com as classes populares e a luta contra a desigualdade e garante que, se eleito, irá implementar políticas públicas em áreas como educação, saúde e segurança, com foco na eficiência e na justiça dos serviços públicos (l’Humanité).
O SALDO DO PLEITO
Levantamento do Portal360 aponta que o Partido Liberal (PL), do ex-presidente Jair Bolsonaro, foi o que mais recebeu votos nas eleições municipais, com um total de 15,7 milhões. No entanto, os partidos do chamado ‘Centrão’ dominaram as prefeituras, conquistando 54% das cidades em disputa.
Os quatro principais partidos do Centrão que superaram o PL foram: o Partido Social Democrático (PSD), com 14,5 milhões de votos; o Movimento Democrático Brasileiro (MDB), com 14,4 milhões; a União Brasil, com 11,3 milhões; e o Progressistas (PP), com 9,9 milhões. O Partido dos Trabalhadores (PT), liderado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ficou com 8,9 milhões de votos, ocupando a nona posição no número de prefeituras, com vitória em 252 cidades.
Apesar de ter ampliado sua presença nas prefeituras, passando de 340 para 510, o PL terminou em quinto lugar no total de prefeitos. O segundo turno será realizado nas cidades com mais de 200 mil eleitores onde nenhum candidato conseguiu mais de 50% dos votos (O Guardião).
ALIÁS…
No português Público, o colunista Vicente Nunes destaca o silêncio ensurdecedor, especialmente entre bolsonaristas, em relação à outrora tão contestada segurança do sistema de votação brasileiro, e levanta a seguinte questão: “Vitoriosa no Brasil, a direita vai questionar as urnas eletrônicas?” (PúblicoBR).
VOLTA DO X
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes determinou nesta terça-feira (8) a reativação “imediata” da rede social X no Brasil, depois de mais de um mês suspensão (Clarín).
O STF já havia confirmado na segunda-feira (7) o recebimento de R$ 28,6 milhões em multas feito pela rede social, marcando um avanço no processo para que a plataforma voltasse a operar no país. Com o depósito validado, o caso foi encaminhado à Procuradoria-Geral da República (PGR) para análise e, depois de parecer positivo, seguiu para apreciação de Moraes.
Na última sexta-feira (4), a empresa de Elon Musk informou ter quitado as multas, mas Moraes apontou que o valor havia sido depositado em uma conta errada, ordenando sua transferência.
A rede social X, ex-Twitter, foi bloqueada em 30 de agosto por descumprir ordens do STF para remover perfis da ultradireita acusados de espalhar notícias falsas e por não ter um representante legal no país. Além disso, a empresa de internet via satélite Starlink, também de propriedade de Musk, foi responsabilizada pelo pagamento das multas caso a X não cumprisse a decisão.
Após conflitos com Moraes, Musk resolveu recuar, regularizando a situação, nomeando novos representantes legais e quitando as penalidades (teleSUR).
*Imagem em destaque: Flickr/Palácio do Planalto