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Reuters: “Brasil cria força-tarefa sem precedentes para enfrentar seca na Amazônia”, destaca Marina

Reuters: “Brasil cria força-tarefa sem precedentes para enfrentar seca na Amazônia”, destaca Marina

Nesta quinta-feira (28), as notícias sobre o país giraram em torno da seca na Amazônia, impulsionadas pelas declarações da ministra Marina Silva (Meio Ambiente) na Reuters e pelas impactantes imagens veiculadas pela Agência EFE dos peixes mortos na região.

POR TATIANA CARLOTTI

As denúncias do empresário curitibano e ex-deputado Tony Garcia, que atestam o modus operandi de Sérgio Moro, ex-juiz da Lava Jato e atual senador da República, pela União Brasil, ainda não ganharam as manchetes internacionais. Nesta quinta-feira (28), as menções ao país no exterior giraram em torno da seca na Amazônia, com as declarações da ministra Marina Silva (Meio Ambiente) na Reuters e das impactantes imagens disseminadas pela Agência EFE dos peixes mortos na região.

Marina destacou que o governo Lula vem preparando uma força-tarefa para fornecer assistência emergencial aos habitantes da região atingidos pela grave seca na bacia amazônica, responsável pela redução do volume dos rios. “Temos uma situação muito preocupante. Esta seca recorde perturbou as rotas de transporte fluvial, ameaçando a escassez de alimentos e água, e uma grande mortalidade de peixes já está começando”, afirmou. Ela explicou que existe uma colisão de dois fenômenos envolvendo essa seca: “um natural que é o El Niño e outro um fenômeno produzido pelo homem, que é a mudança na temperatura da Terra”.

Nas imagens da Agência EFE, que correram o mundo, é possível ver milhares de peixes mortos boiando nas lagoas da Reserva Ambiental de Desenvolvimento Sustentável do Lago do Piranha, em Manacapuru, às margens do rio Amazonas. No argentino Página 12, o tema também foi destaque. O francês Liberatión trouxe uma reportagem sobre o “Curupira”, uma tecnologia desenvolvida por pesquisadores da Universidade do Estado do Amazonas que permite detectar os sons de motosserras, tratores e outras ferramentas e assim combater o desmatamento. Já o mexicano Sin Embargo republicou uma reportagem da Deutsche Welle sobre o uso de mercúrio na mineração na Amazônia.

“Quando nos encontramos, a ministra Marina Silva (Brasil) nos mostrou em seu celular fotos das terríveis doenças que afetam as crianças devido ao uso de mercúrio na mineração”, contou Eva Kracht, chefe de Assuntos Internacionais do Ministério do Meio Ambiente alemão, durante a Conferência Mundial sobre Gestão de Produtos Químicos (ICCM5), em Bonn (Alemanha), onde foi apresentado um estudo sobre os problemas gerados pelo uso indiscriminado do mercúrio nas operações de extração mineira na Amazônia.

ENCHENTES NO SUL

Enquanto a seca castiga a Amazônia, as enchentes desabrigam as famílias no Sul. Nesta quinta-feira, a primeira-dama Janja da Silva participou da comitiva do governo federal no Vale do Taqueri (RS). A União vai dispor de R$ 1 bi em créditos para a região. Em suas redes sociais, ela se manifestou: “unindo corações e forças para reconstruir o Rio Grande do Sul. Hoje testemunhei a resiliência das famílias após as enchentes que atingiram e destruíram boa parte da região do Vale do Taquari. Junto com o Ministro Paulo Pimenta, fiz a entrega simbólica de 20 mil cestas básicas nos municípios de Estrela, Muçum e Arroio do Meio. Articulamos para que a doação das cestas pela Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos chegassem aos locais mais atingidos pelas enchentes causadas pela crise climática. Seguiremos caminhando juntos com muita união, reconstrução e solidariedade.”

Enquanto isso, a direita busca atacar a presença da primeira-dama na agenda do governo, criando factóides com repercussão no The Brazilian Report.

MARCO TEMPORÁRIO

A mídia internacional repercute negativamente a aprovação pelo Senado Federal do Brasil do marco temporário para a demarcação de terras indígenas, visando anular a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) na semana passada, quando foi afastada a ameaça que pairou durante anos sobre os povos indígenas. A decisão dos senadores ganhou destaque na cubana Prensa Latina e no português Correio da Manhã que chama a atenção para o caráter conservador do Congresso Brasileiro.

O mexicano La Jornada lembra que também ficou decidido pelos senadores que “os produtores que adquiriram de boa-fé terras que tradicionalmente pertencem aos povos indígenas têm direito a uma indenização do Estado”. Já a Reuters ouve o deputado Pedro Lupion, do Progressistas, liderança da bancada ruralista, que afirma: “Iremos prosseguir com os nossos planos legislativos, independentemente do que o tribunal faça”.

RELAÇÕES INTERNACIONAIS

O imbróglio em torno da cobrança de pedágio pela Argentina em trechos do Rio Paraná, compartilhados pelos demais países do Mercosul, acena para um desfecho. Sob a manchete “Hidrovía: concordam com a necessidade de cobrança de pedágio e estabelecem prazo de 60 dias para discutir o valor da tarifa”, o El Diário argentino aponta que em reunião na Embaixada do Brasil em Buenos Aires, nesta quinta, a Comissão Intergovernamental da Hidrovia Paraná-Paraguai concordou com um prazo de 60 dias para acertar a tarifa de pedágio do trecho que vai do porto de Santa Fé à confluência do Rio Paraguai.

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Patria Latina traz reportagem “Lula, Putin e as perspectivas da parceria Brasil–Rússia para a América Latina e para o mundo”, de Valdir da Silva Bezerra, sobre as interações possíveis entre os dois países que, em temas como “a promoção da cooperação Sul-Sul e Sul-Leste, o aumento da influência de economias emergentes em instituições multilaterais, o fortalecimento da América Latina e da Eurásia como atores independentes nas relações internacionais”.

O mesmo Patria Latina, reporta a negativa do governo Brasil em enviar militares para a Missão das Nações Unidas para a Estabilização no Haiti (MINUSTAH, na sigla em inglês). Criada pelo Conselho de Segurança da ONU em 2004 para restaurar a ordem no Haiti, a missão que teve fim em 2017, será retomada ante a explosão de violência no país, onde morreram, desde janeiro deste ano, mais de 2,4 mil pessoas. O texto lembra que “muitos dos comandantes brasileiros, que lideraram a operação no Haiti, acabaram tendo um papel importante no governo Bolsonaro”, como “Augusto Heleno, Fernando Azevedo e Silva, Tarcísio de Freitas e Carlos Alberto dos Santos Cruz”.

ECONOMIA

A Reuters destaca que a Petrobras e a Vale buscarão oportunidades de investimento conjunto em energias renováveis, conforme salientou o presidente da estatal brasileira, Jean Paul Prates à imprensa nesta quinta-feira: “A Vale é consumidora (de energia) e provavelmente muito interessada na produção de hidrogênio, tem algumas atividades de transição energética que são interessantes”.

The Brazilian Report, por sua vez, entrevista o presidente da Wise, empresa de tecnologia financeira com sede em Londres, que descreve o Brasil como uma “mina de ouro de oportunidades”. Fundada em 2011, a plataforma digital da empresa permite aos usuários transferir dinheiro de bancos brasileiros para o aplicativo Wise e convertê-lo em diversas moedas, incluindo dólar, euro e libra esterlina.

Na Reuters, também há uma reportagem sobre canadense Brazil Potash Corp, que planeja construir a maior mina de fertilizantes da América Latina na floresta amazônica. Segundo a reportagem, a empresa estrangeira afirmou ter um aceno positivo dos povos Mura para a execução do projeto, porém promotores federais afirmam que a comunidade está ainda dividida.

As declarações do presidente do Banco Central também foram repercutidas pela Reuters. “Segundo o presidente do BC. “A barreira para acelerar os cortes nas taxas de juros está um pouco mais alta agora”, depois que o Banco Central reduziu na semana passada sua taxa básica para 12,75%, afirmou. Já a cubana Prensa Latina, destacou que o BC elevou sua aposta no aumento do Produto Interno Bruto em 2023 de dois para 2,9 por cento, com base no crescimento acima do esperado da economia nos dois primeiros trimestres.

COMBATE AO GOLPISMO

No Insider, reportagem de Sawdag Bhaimiya destaca denúncia de think tank Reset Australia de que a plataforma  X de Ellon Musk abandonou uma ferramenta que permitia aos usuários sinalizar notícias falsas sobre eleições. A denuncia chega semanas antes de um referendo australiano para dar mais direitos aos povos indígenas no país e meses antes das eleições presidências de 2024 nos EUA. “O recurso, introduzido pela primeira vez em 2021, não está mais disponível para usuários nos EUA, Austrália, Brasil e Espanha, de acordo com testes realizados pelo TechCrunch”, segundo a reportagem.

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiu excluir as Forças Armadas do grupo de entidades fiscalizadoras das próximas eleições, destaca o jornal sul-africano África 21. A proposta foi feita pelo presidente do TSE, o ministro Alexandre de Moraes. “Essa ampliação das Forças Armadas no rol de entidades fiscalizadoras não se mostrou compatível com suas funções constitucionais nem razoável e eficiente”, afirmou.

CIVILIZATÓRIA

Prensa Latina também destaca os eventos em prol da descriminalização da interrupção voluntária da gravidez que aconteceram nesta quinta-feira, sob liderança da Frente Nacional Contra a Criminalização da Mulher e pela Legalização do Aborto no Brasil. Segundo a reportagem, “pelo menos na América Latina, oito países descriminalizaram o parto prematuro: Argentina, Guiana Francesa, Guiana, Porto Rico, Cuba, Colômbia, México e Uruguai. Em outras seis nações, a interrupção voluntária da gravidez é crime, como Brasil, Bolívia, Peru, Venezuela, Paraguai e Equador”.

IMPERDÍVEL

Mônica Herz e Giancarlo Summa, do projeto MUDRAL (Multilateralismo e Direita Radical na América Latina), publicaram no The Conversation, o artigo “A ONU e o sistema multilateral estão em crise – o que o Sul Global deve fazer”, sobre a reunião da Assembleia Geral das Nações Unidas, que aconteceu neste mês, em Nova Iorque.

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