Cristiano Zanin é empossado ministro do Supremo Tributal Federal
Nos destaques sobre o Brasil na imprensa internacional desta quinta-feira (3): a posse do novo ministro do STF, Cristiano Zanin. A redução do desmatamento da floresta amazônica. As declarações de Lula sobre a Guerra na Ucrânia. A violência policial no Rio de Janeiro. E a despedida da “Rainha Marta” da Copa do Mundo.
POR TATIANA CARLOTTI
Indicado pelo presidente Lula, e aprovado pelo Senado, o advogado Cristiano Zanin foi empossado nesta quinta-feira (03/08) ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). A cerimônia foi acompanhada pelo presidente Lula e pela primeira-dama Janja da Silva, pelos presidentes da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) e várias outras autoridades. Zanin, como de praxe, não discursou. Ele ocupa a vaga deixada por Ricardo Lewandowski, que se aposentou em abril deste ano, e poderá atuar como ministro nos próximos 28 anos. Prensa Latina destaca sua atuação em defesa de Lula durante a perseguição política da operação Lava Jato. Somando seus três mandatos, Lula já indicou nove nomes ao Supremo: os atuais ministros Carmem Lúcia e Dias Toffoli e os integrantes da Corte Eros Grau, Ayres Britto, Ricardo Lewandowski, Cezar Peluso, Joaquim Barbosa e Menezes Direito.
QUEDA DO DESMATAMENTO
Sob o título “Floresta Amazônica: Desmatamento no Brasil é o menor nível em seis anos”, a BBC News destaca que as multas aplicadas à extração ilegal de madeira aumentaram desde a posse do presidente Lula, e que a taxa de desmatamento na Amazônia brasileira caiu para o nível mais baixo em seis anos, apontando os dados da agência espacial INPE, divulgados nesta quarta-feira. “Em 2023, foram desmatados 500 quilômetros quadrados de floresta tropical, o que representa uma queda de 66% em relação ao período homólogo.
Além disso, o desmatamento caiu 42,5% nos primeiros sete meses do ano. Os especialistas têm expectativas promissoras sobre esses dados, já que junho e julho costumam ser os meses com os valores mais altos, devido ao clima mais seco”, detalha o Ambito. Segundo o Político, “a queda registada é promissora, já que os dados mensais sobre o desmatamento na Amazónia costumam ter picos nesta época do ano. Mesmo assim, 500 km2 de floresta tropical foram desmatados no mês de julho.
CÚPULA DA AMAZÔNIA
Na próxima semana, ocorrerá a Cúpula da Amazônia em Belém, reunindo os presidentes dos países amazônicos (Brasil, Peru e Colômbia). Um dos temas em foco, aponta a Reuters, é o ‘Narcodesmatamento’, conforme referido em relatório das Nações Unidas, representando “um novo alvo para a aplicação da lei que opera na floresta amazônica, onde as linhas entre grupos criminosos especializados são cada vez mais tênues”.
No El Mercurio a questão do crime é abordada em reportagem sobre os resultados do projeto Submundo Amazônico, investigação que reúne os esforços de 37 jornalistas, de onze países, e que aponta a ausência do Estado e de controle do crime na região como duas causas devastadoras para as comunidades locais e para o meio ambiente. Tudo é “alimentado pelas indústrias multibilionárias de drogas, ouro e tráfico de armas”, aponta Bram Ebus, coordenador da pesquisa.
The Guardian traz a Amazônia a partir do relato pessoal de Jonathan Watts, editor de ambiente global do jornal britânico, e marido da jornalista Eliane Brum (Sumauma), no artigo ‘Mais esperança’: lições de nosso pequeno esquema de reflorestamento na Amazônia” sobre a estratégia de reflorestamento com base indígena chamada muvuca, que eles vêm desenvolvendo em Altamira. Watts cita como principais ameaças à região: a economia capitalista, a democracia incompleta e a ameaça térmica. “A Amazônia sofreu secas históricas durante os dois últimos grandes El Niños em 1997-98 e 2015-16”.
The Guardian traz ainda uma reportagem sobre as mudanças climáticas de Tom Phillips e Uki Goñi intitulada ‘O inverno está desaparecendo’: América do Sul atingida por onda de calor fora de época ‘brutal’, lembrando que Buenos Aires registrou o início de agosto mais quente em 117 anos, o Chile registra máximas de 40F e Bolívia, Paraguai e Brasil “também assam”, diz o texto.
VIOLÊNCIA POLICIAL
The Washington Post , AP News, Independent, South China Morning Post entre outros, trazem cobertura da Operação da Polícia Militar Na Vila Cruzeiro, no Rio de Janeiro que culminou na morte de dez pessoas, no mais recente incidente da onda de policiamento letal no Brasil. Washington Post destaca que “as batidas policiais no Brasil mataram pelo menos 45 pessoas em vários estados em cerca de uma semana, gerando preocupações com a violência policial, à medida que as autoridades policiais intensificam as operações contra gangues”.
A polícia matou a tiros 6.430 pessoas em todo o país em 2022, conforme o Anuário Anual de Segurança Pública do Brasil de 2023, destaca a reportagem.
MERCADO
A Reuters informa que o lucro líquido da Ambev no segundo trimestre caiu 15% e ficou abaixo das estimativas. A Ambev disse que o ímpeto comercial continua sendo liderado pelo mercado brasileiro, ainda assim, o volume de cerveja no Brasil caiu 2,5%, devido à queda nas vendas do setor de cerveja e refrigerantes e à comparação com a forte recuperação pós-pandemia do ano passado. A Ambev é a quarta maior empresa do Brasil em valor de mercado, atrás da gigante do petróleo Petrobras (PETR4.SA) , da mineradora Vale (VALE3.SA) e do banco Itaú (ITUB4.SA).
No Le Monde Diplomatique, o cientistas político Pedro Lange Machado analisa a estável relação entre os governos Lula e as agências de rating, lembrando que essas agências vêm atacando sistematicamente a candidatura de Lula em eleições presidenciais, sempre em benefício do candidato da direita.
No Rebelion, entrevista com Sebastião Neto, coordenador do recém lançado Informe sobre o papel das multinacionais nas ditaduras. “O golpe de 1964 foi orquestrado por associações empresariais, os militares eram seus cães raivosos”, afirma. O informe público intitulado A responsabilidade de empresas por violações de Direitos Humanos durante a ditadura no Brasil pode ser acessado aqui.
GUERRA NA UCRÂNIA
Agência Lusa destaca fala do presidente Lula sobre a Guerra na Ucrânia. “Essa guerra, se tivesse sido discutida no Conselho de Segurança da ONU, tivesse sido levada a sério e, se o Conselho de Segurança da ONU se comportasse como uma governança global, que respeitasse o coletivo dos países mundiais, possivelmente chegássemos à conclusão de que não tem que ter guerra. A Rússia não tem que invadir a Ucrânia”, afirmou Lula da Silva, num evento organizado no Palácio do Planalto, em Brasília, com a imprensa internacional. Questionado sobre os esforços que o país está a fazer para terminar com a guerra, ele disse que a primeira coisa que está fazendo “é não participar nesta guerra”. “O Brasil está naquele rol de países que está procurando um caminho para que se possa usar a palavra paz. Por enquanto a gente não tem ouvido nem de Zelensky, nem do Putin a ideia de que nós vamos parar e vamos negociar (…) Enquanto isso, as pessoas estão morrendo”, acrescentou.
La Jornada lembra que Lula tem sido duramente criticado por dizer que a Ucrânia e a Rússia são igualmente responsáveis pela guerra.
CONFLITOS DIPLOMÁTICOS
La Nación traz reportagem sobre crescente conflito diplomático da Argentina com Paraguai e Brasil relacionado à cobrança de pedágio e retenção de dois navios na hidrovia Paraná-Paraguai. A reclamação contra a Argentina pela cobrança de pedágio ganhou força nos últimos dias nas esferas empresarial, judicial, diplomática e parlamentar do Paraguai, e chegou ao ápice quando foram retidas, no último 28 de julho, duas barcaças, uma de bandeira paraguaia e outra de bandeira boliviana, ambas a serviço de uma empresa brasileira, a Hidrovias Do Brasil. A Associação Brasileira para o Desenvolvimento da Navegação Interior (Abani) também solicitou a intervenção do Itamaraty contra a decisão do governo argentino de apreender e reter embarcações de uma empresa brasileira nos portos de Rosário por dívidas de pedágio.
COPA DO MUNDO E A DESPEDIDA DE MARTA
A despedida da jogadora Marta da Copa do Mundo de Futebol Feminino ganhou as manchetes internacionais. Na agência NPR, um histórico da jogadora que disputou aos 17 anos sua primeira Copa do Mundo e que agora, aos 37 se despede deixando um legado às jogadoras de vários países. No Independent, duas reportagens: uma sobre as críticas à técnica Pia Sundhage, no comando da seleção feminina brasileira desde 2019; e outra que acompanha um grupo de jovens torcedoras da seleção numa comunidade do Rio de Janeiro assistindo à última partida nossa na Copa, intitulada “Choque e tristeza em favela carioca após eliminação precoce do Brasil da Copa do Mundo Feminina”.
A Reuters destaca que as companheiras de equipe prometeram uma despedida melhor para a atacante carinhosamente conhecida como “Rainha Marta”, o time não conseguiu vencer os jamaicanos no Estádio Retangular de Melbourne. “Tendo conquistado praticamente todos os prêmios individuais do futebol feminino, Marta perdeu a Copa do Mundo que tanto desejava, e a espera do Brasil pela estreia continua”, afirma o texto. Marta detém o recorde de gols de todos os tempos, feminino ou masculino, em Copas do Mundo – 17. É duas vezes medalhista olímpica de prata, e foi a Melhor Jogadora do Ano da FIFA por seis vezes.
(Foto de capa: Ricardo Stuckert/PR)
Repórter do Fórum 21, com passagem por Carta Maior (2014-2021) e Blog Zé Dirceu (2006-2013). Tem doutorado em Semiótica (USP) e mestrado em Crítica Literária (PUC-SP).