Desmatamento na Amazônia tem menor nível desde 2016; incêndios no Pantanal ficam 40% mais intensos
BOA E MÁ NOTÍCIA
O desmatamento na Amazônia brasileira diminuiu quase pela metade nos últimos 12 meses em comparação ao ano anterior, de acordo com novos dados do governo. A perda foi de 4.300 km², uma queda de 46%, marcando a maior desaceleração desde 2016, segundo a Associated Press.
Maior floresta tropical do mundo, a Amazônia é crucial para o planeta, abrigando mais de 10% da vida terrestre, 20% da água doce global e funcionando como um importante sumidouro de carbono, capaz de absorver emissões equivalentes a até 20 anos de atividades humanas que aquecem o planeta.
O governo do presidente Lula fez da redução do desmatamento uma prioridade, contrastando com o governo anterior de Jair Bolsonaro, que viu um pico de destruição na região. Lula assumiu em 2022 prometendo restaurar o papel de liderança do Brasil no combate à crise climática e alcançar desmatamento zero até 2030. O objetivo alinha o Brasil às metas do COP26, onde 145 países se comprometeram a parar o desmatamento até 2030..
No entanto, o progresso global tem sido inconsistente. Embora Brasil e Colômbia tenham contribuído para uma redução de 9% na perda de florestas tropicais em relação a 2022, os ganhos foram amplamente neutralizados por desmatamento em outras áreas, de acordo com um estudo do World Resources Institute e da Universidade de Maryland (Independent).
Em contrapartida, os incêndios que devastaram o Pantanal brasileiro em junho foram pelo menos quatro vezes mais prováveis e 40% mais intensos devido às mudanças climáticas causadas pelo homem, segundo um estudo da World Weather Attribution. O fogo consumiu 440 mil hectares, matou milhões de animais e causou grandes perdas de vegetação e fauna, superando em mais de 70% o recorde anterior para o mês de junho.
As condições extremas do mês – o mais seco, quente e ventoso já registrado – facilitaram os incêndios, que se tornam quatro a cinco vezes mais prováveis e 40% mais intensos devido ao aquecimento global. Sem a intervenção humana, tais condições seriam muito mais raras. Embora o fenômeno El Niño não tenha tido impacto significativo, os cientistas alertam que com um aumento de 2°C na temperatura global, a probabilidade de incêndios severos pode dobrar e sua intensidade aumentar em 17% (Guardian).
CRISE DIPLOMÁTICA COM A NICARÁGUA
O governo brasileiro anunciou nesta quinta-feira (8) a expulsão da embaixadora da Nicarágua Fulvia Patrícia Castro Matu. O ato é uma resposta à expulsão do embaixador brasileiro em Manágua, Breno Souza da Costa, que ocorreu na quarta (7). A informação fo confirmada pelo Itamaraty, após uma reunião entre o presidente Lula e o ministro das Relações Exteriores Mauro Vieira.
Lula e o ministro Vieira classificaram como grave a atitude do governo nicaraguense, que justificou a expulsão do diplomata brasileiro por sua ausência na comemoração do aniversário da Revolução Sandinista, corridas no último dia 19 de julho. A celebração marca a derrubada da ditadura de Anastásio Somoza em 1979 pela Frente Sandinista de Libertação Nacional, liderada por Daniel Ortega, atual presidente da Nicarágua (Correio da Manhã).
Breno Souza da Costa não compareceu ao evento por determinação de Lula, em protesto contra as ações autoritárias de Ortega, especialmente contra líderes religiosos. Nos últimos dois anos, o governo da Nicarágua intensificou a repressão contra opositores ao radicalismo do partido no poder, com a Igreja Católica sendo um dos principais alvos. Bispos e padres têm sido perseguidos, presos ou expulsos do país, e há relatos de que muitos desses religiosos foram torturados, maltratados e até mortos (Correio da Manhã).
Recentemente, o presidente brasileiro revelou que Ortega não atendia suas ligações desde que o papa Francisco pediu sua intervenção sobre a situação do bispo Rolando Álvarez que, por se opor ao governo, foi condenado a 26 anos de prisão e destituído de sua nacionalidade por “traição à pátria”, sendo posteriormente exilado para o Vaticano.
Lula, que no passado defendeu Daniel Ortega, de quem é – ou era – um dos poucos aliados na América Latina, protestou junto ao governo de Manágua, pedindo o fim da perseguição política e policial a religiosos e a outras vozes críticas, destacando a importância da alternância no poder para a saúde de uma democracia. Ortega ignorou os apelos de Lula, e o brasileiro respondeu congelando as relações diplomáticas entre Brasil e Nicarágua por um ano. Essa medida incluiu a ausência do embaixador brasileiro nas comemorações sandinistas, o que irritou ainda mais o nicaraguense. (El Tiempo, La Nación).
CASO DAS JOIAS SAUDITAS
O advogado e ex-secretário do Ministério das Comunicações Fábio Wajngarten, aliado de longa data e um dos principais defensores jurídicos de Jair Bolsonaro, anunciou nesta quinta-feira (8) que vai deixar de atuar nos processos que tramitam no Supremo Tribunal Federal brasileiro (STF) contra o ex-presidente. Wajngarten, conhecido pela combatividade e afinamento ideológico com Bolsonaro, tomou a decisão depois de ele próprio ter sido indiciado pela Polícia Federal (PF) no processo em que defendia o ex-presidente da acusação de se ter apropriado indevidamente de joias presentadas ao Brasil por outros países durante o seu mandato e de ter vendido parte deles nos EUA e ficado com o dinheiro (Correio da Manhã).
AGU COBRA GOLPISTAS
A Advocacia-Geral da União (AGU) ajuizou ações de cobrança contra cinco condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, reivindicando R$ 56 milhões, montante que inclui R$ 30 milhões por danos morais e R$ 26 milhões por danos materiais relacionados à depredação das sedes dos Três Poderes.
O advogado-geral da União, Jorge Messias, explicou que essa ação visa recuperar os prejuízos públicos resultantes do vandalismo, e mencionou que outras ações de indenização estão previstas para ressarcir danos causados por outros condenados pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Além da cobrança, a AGU busca converter R$ 1,24 milhão já bloqueados em ações civis públicas e requer a transferência de veículos e imóveis dos acusados para a recuperação dos valores. Os danos materiais foram calculados com base em documentos dos órgãos afetados, como o Senado, a Câmara dos Deputados, a Casa Civil e o STF.
Os eventos de 8 de janeiro provocaram danos materiais de aproximadamente R$ 20,7 milhões. O STF já condenou 256 pessoas envolvidas, com penas entre 12 e 17 anos, além de uma multa coletiva de R$ 30 milhões (Prensa Latina).
*Imagem em destaque: Ricardo Stuckert