Destaque em cúpula de 50 líderes, Lula cobra acordo equilibrado com União Europeia
Carmen Munari
A 3ª Cúpula da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e a União Europeia, em Bruxelas, foi marcada nesta segunda-feira por dois temas: o anúncio de investimento da União Europeia nesta região e as negociações para o acordo entre o Mercosul e a União Europeia. O presidente Lula, também presidente do Mercosul, foi destaque nos eventos desta segunda-feira e surge ao lado da presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, em praticamente todas as fotos que ilustram as inúmeras reportagens da cúpula que reúne até terça-feira 50 líderes das duas regiões.
A Prensa Latina noticia que o presidente Lula disse no evento que espera um acordo equilibrado entre o Mercosul e a UE até o final de 2023. Em seu discurso de abertura do fórum econômico que antecede a cúpula, Lula garantiu que o Brasil fará sua parte na questão climática. “Nós temos o compromisso de zerar o desmatamento na Amazônia até 2030. Esse é um compromisso que assumimos antes, durante e depois da campanha política”, afirmou. As negociações para o acordo entre a UE e o Mercosul foram parcialmente concluídas em 2019. Neste ano, no entanto, os europeus enviaram uma carta adicional prevendo sanções sobre questões ambientais, o que o chefe de Estado brasileiro chegou a classificar como uma ameaça. No discurso, Lula também citou a importância das compras governamentais para a economia do país, um dos entraves do acordo. Ele prometeu ao bloco europeu “um novo Brasil, mais justo e solidário” e defendeu o fato de os países da América Latina e do Caribe formarem uma região com muitas oportunidades de investimento e consumo, informa a agência cubana.
O Financial Times destaca que Bruxelas pretende aumentar os laços com a América Latina, mas luta para resolver a disputa ambiental com o Brasil e a Argentina. Ilustra o texto foto de Lula junto a Von der Leyen.
Le Monde destacou a necessidade da UE em desenvolver seu comércio com os países da América Latina e do Caribe, também com foto de Lula e Von der Leyen.
Página 12 também destaca declaração de Lula de que acordo Mercosul-UE deve sair até o final de 2023.
A TelesurTV com sede na Venezuela noticia declaração de Lula que cobra acordo Mercosul-EU “equilibrado”.
El Observador uruguaio também noticiou o anúncio do da UE aos países latinos e caribenhos.
A União Europeia prometeu mais investimentos para a América Latina e o Caribe, como parte de uma reformulação de suas relações internacionais motivada pela guerra da Rússia contra a Ucrânia e pela crescente cautela com a China. A UE é o maior investidor estrangeiro na América Latina e no Caribe, mas a China se tornou seu maior parceiro comercial, em texto veiculado pela agência Reuters. Von der Leyen disse que a UE planeja um investimento de 45 bilhões de euros na América Latina e no Caribe. No evento, o presidente Lula não repetiu suas críticas ao Ocidente por fornecer armas à Ucrânia, mas disse que a guerra desviou recursos de prioridades importantes em outros lugares. “A guerra no coração da Europa lança um manto de incerteza sobre o mundo e canaliza recursos que eram essenciais para a economia e os programas sociais para fins bélicos”, disse. “A corrida por armas torna o enfrentamento das mudanças climáticas ainda mais difícil.”
A Agência Uruguaia de Notícias destaca na manchete o anúncio dos investimentos de 45 bilhões de euros da União Europeia para América Latina e no Caribe. “Decidimos intensificar nossa cooperação”, disse a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.
O Clarín destaca a presença do presidente argentino na cúpula UE-Celac, mas cita também a redescoberta da Europa pelos mercados da América Latina e do Caribe, com uma dupla leitura. Por um lado, a expansão do comércio e dos investimentos da China nessa região a deixa muito para trás no que antes era seu continente por excelência. Por outro lado, a guerra da Rússia na Ucrânia está forçando o país a pensar em novas fontes de suprimento, além de seus novos planos de avançar em direção à energia limpa no contexto da luta contra as mudanças climáticas.
Na agência Prensa Latina, a agenda de líderes progressistas e social-democratas da União Europeia (UE) e da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC) que manterão conversas informais na terça-feira, à margem da cúpula. A reunião reunirá o presidente do Partido dos Socialistas Europeus, Stefan Löfven, o presidente do governo espanhol, Pedro Sánchez, e os líderes da Alemanha, Portugal, Dinamarca, Brasil, Colômbia, Argentina, Chile e República Dominicana, entre outras autoridades de alto escalão.
Economia
A atividade econômica no Brasil diminuiu em maio, segundo um índice do banco central na segunda-feira, sinalizando uma trajetória não linear para o crescimento do país, mesmo com os analistas revisando consistentemente para cima suas previsões para o ano. O índice de atividade econômica do IBC-BR, um indicador-chave do produto interno bruto (PIB), diminuiu 2,0%. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que os números vieram “como esperado” em meio a um ambiente marcado por custos de empréstimos persistentemente altos. “A desaceleração econômica pretendida pelo Banco Central chegou com força, e precisamos ser cautelosos sobre o que pode acontecer”, disse ele, enfatizando que os níveis atuais da taxa de juros real estão impondo um fardo pesado sobre a economia, informa a Reuters.
Na Reuters, as refinarias de petróleo chinesas, lideradas pela peso-pesado Sinopec (600028.SS), devem aumentar as importações de petróleo bruto brasileiro no terceiro trimestre para substituir parte do fornecimento da Arábia Saudita que foi cortado depois que o reino aumentou os preços, disseram fontes do setor. A China, o maior importador de petróleo do mundo, reservou quase 1 milhão de barris por dia de petróleo brasileiro para entrega em agosto e setembro, disseram vários traders, dos quais 20 milhões de barris foram comprados pela Unipec, um braço da Sinopec, a maior refinaria asiática.
Foto – Lula na cúpula UE-Celac / Ricardo Stuckert
Jornalista, ex-Folha, Reuters e Valor Econômico. Participei da cobertura de posses presidenciais, votações no Congresso, reuniões ministeriais, além da cobertura de greves de trabalhadores e de pacotes econômicos. A maior parte do trabalho foi no noticiário em tempo real. No Fórum 21, produzo o Focus 21, escrevo e edito os textos dos analistas.