“É isso que importa”, diz Lula sobre crescimento de 1,4% no segundo trimestre
A economia brasileira registrou um crescimento de 1,4% no segundo trimestre de 2024, superando as previsões do mercado, conforme divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira (3). O avanço foi impulsionado principalmente pela indústria, que cresceu 1,8% em relação ao trimestre anterior.
O desempenho positivo da indústria foi impulsionado por aumentos nas atividades de eletricidade e gás, água, esgoto e gestão de resíduos (4,2%), construção (3,5%) e indústrias de transformação (1,8%). Contudo, as indústrias extrativas apresentaram uma queda de 4,4%. O setor de serviços também mostrou crescimento, com alta de 1%, enquanto a agricultura sofreu uma retração de 2,3%.
Em comparação com o mesmo período de 2023, o Produto Interno Bruto (PIB) teve um aumento de 3,3%. O valor adicionado a preços básicos subiu 3%, e os impostos sobre produtos líquidos de subsídios cresceram 5,4%. O Fundo Monetário Internacional (FMI) projeta que o PIB do Brasil será o oitavo maior do mundo em 2024.
O presidente Lula comentou os resultados em sua conta no Threads, destacando o crescimento do PIB e a melhoria no emprego, consumo das famílias e qualidade de vida. Segundo ele, “sem bravatas e mentiras, é isso que importa” (Prensa Latina).
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou que o governo revisará a projeção de crescimento do PIB para 2024, elevando-a para acima de 2,8%. Em entrevista, Haddad afirmou que a robustez do crescimento econômico sugere que o PIB superará a previsão inicial de 2,7% a 2,8% para o ano (EFE).
STARLINK VAI OBEDECER O STF
A empresa de internet via satélite Starlink, de Elon Musk, anunciou na terça-feira (3) que acatará a ordem do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, para bloquear o acesso à rede social X no Brasil. A Starlink inicialmente havia informado à Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) que não cumpriria a ordem enquanto seus ativos permanecessem congelados. No entanto, em um comunicado publicado na X, a empresa afirmou que seguirá a decisão judicial “apesar do tratamento ilegal” que considera ter recebido com o bloqueio de seus ativos (Toronto Sun).
O presidente da Anatel Carlos Baigorri já havia alertado, na manhã desta terça (3), que, se a Starlink não bloqueasse o acesso à X, um “processo administrativo” teria início, podendo culminar em “advertência”, “multa” ou até “suspensão da concessão”. A suspensão da X no Brasil, determinada pelo ministro Alexandre de Moraes na última sexta-feira (30) após a empresa ignorar repetidas decisões judiciais, foi confirmada pela primeira turma do Supremo Tribunal Federal (STF) nesta segunda-feira (2). A medida afeta cerca de 20 milhões de usuários e permanecerá em vigor até que a X cumpra as ordens da corte.
Embora as operadoras já tenham começado a implementar o bloqueio, a Starlink se recusou a cumpri-lo, alegando que suas contas foram bloqueadas pela Justiça brasileira para garantir o pagamento de multas relacionadas à X, o que a empresa considera irregular.
A Starlink, que possui cerca de 215 mil linhas ativas no Brasil, principalmente na região amazônica, enfrenta um impasse após a decisão de Moraes, motivada pelo não cumprimento de ordens judiciais para suspender perfis que disseminavam fake news e ataques às instituições democráticas. Musk criticou Moraes, chamando-o de “ditador” em sua rede social. Moraes, por sua vez, classificou a postura da X como uma tentativa de criar um “ambiente de total impunidade”, facilitando a atuação de grupos extremistas nas redes sociais (Página/12).
Embora a X não seja a principal fonte de poder do bilionário sul-africano, ela pode marcar o limite desse poder. Recentemente, Musk endossou Donald Trump e conduziu uma entrevista amena com ele no seu perfil no X. Além disso, fez comentários polêmicos sobre uma possível guerra civil no Reino Unido e a prisão de Pavel Durov, fundador do Telegram, na França.
A posse da X deu ao empresário um grande megafone para expressar suas opiniões, mas o foco nessa plataforma obscurece a verdadeira fonte de seu poder geopolítico: o controle da SpaceX, Starlink e Tesla. Essas empresas o colocaram no centro de conflitos globais, como a guerra na Ucrânia e a crescente rivalidade entre EUA e China, além de desempenhar um papel na guerra em Gaza.
Na Ucrânia, Musk inicialmente ajudou fornecendo acesso ao Starlink, essencial para as forças armadas do país. No entanto, ele depois restringiu o uso do serviço para dificultar ataques ucranianos na Crimeia, citando o risco de uma terceira guerra mundial como justificativa, uma ação que, junto com sua proposta de um plano de paz favorável à Rússia, diminuiu sua popularidade em Kiev.
Sua relação com a China também tem gerado preocupações nos EUA. A abertura de uma fábrica da Tesla em Xangai em 2019 foi vista em Washington como um revés nos esforços americanos para manter a liderança tecnológica sobre a China. Embora o governo Biden tente persuadir empresas de tecnologia a se afastarem do gigante asiático, Musk reforçou os laços da Tesla com o país.
Ele também demonstrou respeito meticuloso por líderes autoritários, como Xi Jinping, em contraste com seu comportamento desafiador em outras situações. Em Israel, por exemplo, sua oferta de fornecer os serviços da Starlink a organizações humanitárias em Gaza alarmou o governo israelense, que alegou que isso beneficiaria o Hamas. Após uma visita a Israel, Musk concordou em operar a Starlink em Gaza apenas com a aprovação israelense.
Apesar do desconforto do governo Biden com algumas das atividades de Musk, suas empresas possuem capacidades tecnológicas que até mesmo o governo dos EUA não tem. Contudo, os governos ainda detêm o poder de criar e aplicar leis. O conflito entre o Brasil e a X, juntamente com a prisão de Durov na França, indica que a era de impunidade das redes sociais está chegando ao fim no mundo democrático (Financial Times).
INCÊNDIOS DO NORTE AO SUDESTE
O Brasil continua enfrentando uma grave onda de incêndios que se estende do norte ao sudeste do país, levantando preocupações sobre quem se beneficia dessa destruição. Em agosto, o país registrou o maior número de incêndios para o mês desde 2010, representando 54% das ocorrências do ano. O fogo afeta florestas, fazendas, áreas agrícolas e causa interrupções em estradas. A maioria dos incêndios é atribuída a ações humanas, sejam acidentais ou criminosas.
No estado de São Paulo, 11 pessoas foram presas por suspeita de envolvimento em incêndios criminosos. O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Flávio Dino, deu um prazo de 15 dias para que o governo federal, em conjunto com as Forças Armadas e outras instituições, tome medidas efetivas para combater a situação (Expresso).
*Imagem em destaque: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil