Ações no RS: ministério e repasses de R$ 5 mil para 200 mil famílias
A luta do Brasil pela mitigação da tragédia no Rio Grande do Sul, que soma 151 mortes e o deslocamento forçado de mais de 800 mil pessoas, é tema das notícias sobre o Brasil nos veículos internacionais nesta quinta-feira (16). Foto: Ricardo Stuckert/PR.
POR TATIANA CARLOTTI
Ontem, quarta-feira (15), o presidente Lula chegou em São Leopoldo, retornando pela terceira vez ao Rio Grande do Sul desde o começo dos temporais em 29 de abril. Lula se reuniu com o governador do Estado, Eduardo Leite, e anunciou uma série de ações, entre elas o pagamento de um benefício de R$ 5,1 mil para 200 mil famílias afetadas pelas enchentes, realizado via PIX pela Caixa Econômica Federal; a possibilidade de saque do FGTS até R$ 6.220, além de um programa de reconstrução e doação de novas moradias populares.
Também foi criada uma Secretaria Extraordinária da Presidência de Apoio à Reconstrução do Rio Grande do Sul, que terá status de ministério. A pasta será comandada pelo gaúcho Paulo Pimenta, que deixa a Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom) para liderar o “plano de apoio mais importante a uma situação de catástrofe da história” do país, destacou durante a cerimônia de lançamento. Em seu discurso, o ministro destacou que já foram investidos R$ 100 milhões dos cofres federais em ações de resgate e acolhimento das pessoas.
A tragédia no Sul brasileiro é notícia na cubana Prensa Latina, no português Correio da Manhã, no colombiano El Tiempo, na mexicana La Jornada, na Agência Nodal, e conta com imagens impressionantes da Agência EFE e Associated Press, inclusive dos resgates pelos helicópteros que sobrevoam o estado.
No colombiano El Tiempo, o engenheiro Leomar Teichmann aponta as falhas do sistema de contenção de inundações de Porto Alegre. Já o português Expresso traz reportagem sobre a cidade gaúcha de São Leopoldo, onde esteve Lula e onde quase todos perderam o lar nas enchentes, por Pâmella Atkinson da Agência Pública.
MUDANÇAS DE RUMO NA PETROBRAS
A Reuters traz um perfil da nova presidenta da Petrobras, Magda Chambriard, que assume a liderança da empresa com a missão de “transformá-la em um motor de empregos e desenvolvimento industrial” conforme a diretriz do presidente Lula, que busca retomar a política de investimentos na empresa. “Veterana da indústria do petróleo, com vasta experiência na Petrobras e na agência reguladora ANP, é vista como alguém capaz de revitalizar setores-chave da economia brasileira, como a construção naval, além de fortalecer a indústria nacional”, diz o texto, não sem concluir que Chambriard “enfrentará desafios significativos, incluindo a pressão para equilibrar os interesses dos acionistas com as necessidades de desenvolvimento industrial e a crescente preocupação com a sustentabilidade ambiental”.
A reportagem também traz os números da queda nas ações da Petrobras com a troca dos CEOs, ocorrida nesta quarta-feira, apontando como causa as “preocupações dos investidores com possíveis gastos de capital mais intensos e a consequente redução dos dividendos”. Já a Agência EFE, republicada pelo colombiano El Tiempo, detalha que a maior empresa brasileira perdeu quase 34 bilhões de reais (6,62 bilhões de dólares) em valor de mercado com a queda das ações e R$ 543 bi na terça-feira para R$ 509 bi na quarta. No Sul-Africano Daily Maverick, um especialista do Citigroup Inc. afirma que a destituição de Prates marca uma deterioração na governança da Petrobras, apontando que Chambriard “chega com a pressão para cumprir o plano de investimentos e acelerar a expansão dos investimentos da Petrobras”, o que pode resultar em menores pagamentos de dividendos. A Agência Nodal também noticia o episódio.
BARROSO CRITICA BILIONÁRIO
Ministro e atual presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso criticou Elon Musk em entrevista ao Financial Times publicada nesta quinta-feira, alertando para a crescente onda de “populismo autoritário” no mundo. Negando haver censura no Brasil, Barroso apontou “a articulação da extrema-direita global”, afirmando que [Musk] pode ser uma parte disso. Nós “estamos lutando contra inimigos poderosos da democracia” e “algumas pessoas invocam a liberdade de expressão quando, na verdade, defendem um modelo de negócio baseado no envolvimento e, infelizmente, no ódio, no sensacionalismo [e] em teorias da conspiração”, alfinetou.
As declarações foram dadas durante a cúpula dos chefes dos Tribunais Supremos do G20, no Rio de Janeiro. “O embate reflete tensões entre a justiça brasileira e a disseminação de desinformação e incitação à violência online. A decisão do Supremo de ordenar a remoção de contas e conteúdos controversos tem sido criticada por alguns como excesso judicial e censura, enquanto ativistas de direitos de liberdade de expressão expressam preocupação com a persistência das demandas de remoção de conteúdo, mesmo após o ciclo eleitoral de 2022. Barroso defende a linha tênue entre liberdade de expressão e ataques à democracia, destacando a inaceitabilidade do incitamento à violência contra o Estado”, diz o texto do FT.
GÁS
A argentina La Política informa sobre as dificuldades de infraestrutura no sul argentino para atender a demanda brasileira pelo gás natural do campo petrolífero Vaca Muerta, ocasionada pela diminuição da produção boliviana. O que poderia ser uma oportunidade esbarra, aponta a reportagem, na falta de financiamento para a construção de gasodutos. “Enquanto o Brasil busca soluções, o Paraguai surge como um concorrente promovendo alternativas de transporte, aumentando a complexidade do cenário. Apesar da urgência em atender à demanda brasileira, as empresas petrolíferas na Argentina mostram pouco interesse em financiar novos gasodutos. Enquanto isso, a Petrobras explora opções”, aponta o texto.
JULGAMENTO DE MORO
Foi adiado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) o julgamento de recurso do ex-juiz [e ainda] senador Sérgio Moro por suposto abuso de poder econômico durante sua campanha eleitoral em 2022. A audiência foi suspensa nesta quinta-feira, após a leitura do relatório pelo ministro Floriano de Azevedo Marques. Está prevista para 21 de maio. O TSE avalia os recursos contra a decisão que absolveu Moro, mantendo seu mandato como senador, movidos pelo Partido Liberal (PL) e pela coalizão de partidos liderada pelo Partido dos Trabalhadores (PT), informa a cubana Prensa Latina.
Foto: Ricardo Stuckert/PR
Repórter do Fórum 21, com passagem por Carta Maior (2014-2021) e Blog Zé Dirceu (2006-2013). Tem doutorado em Semiótica (USP) e mestrado em Crítica Literária (PUC-SP).