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Espionagem: PF escancara Abin Paralela de Bolsonaro

Espionagem: PF escancara Abin Paralela de Bolsonaro

O Focos 21 reúne as citações relevantes sobre o Brasil publicadas pela imprensa internacional.

POR TATIANA CARLOTTI

A quarta fase da Operação Última Milha da Polícia Federal, que escancarou a espionagem do governo Bolsonaro contra seus desafetos, usando a Agência Brasileira de Inteligência (Abin), foi o principal tema sobre o Brasil na imprensa internacional desta sexta-feira (12.07).

Entre julho de 2019 a março de 2022, quando Alexandre Ramagem, deputado federal (PL) e pré-candidato à prefeitura fluminense, esteve à frente da agência, a estrutura da Abin foi usada pelo staff bolsonarista para espionar e controlar parlamentares, juízes, procuradores, funcionários do Ibama, jornalistas, etc. Além de coibir membros do Judiciário na investigação das acusações contra os filhos do então presidente, como no caso das “rachadinhas” envolvendo Flávio Bolsonaro.

Nesta quinta, foi deslanchada uma operação da PF com mandado de prisão, busca e apreensão contra os envolvidos no processo, cinco pessoas já estão detidas. Segundo a investigação, um calhamaço de 180 páginas (veja a íntegra), vários agentes cedidos da PF, que trabalhavam diretamente com Ramagem, usavam o sistema israelense First Mile, adquirido pela Abin.

As ações eram “para fins ilícitos de monitoramento de alvos de interesse político, bem como de autoridades públicas, sem a necessária autorização judicial” e “para obter vantagens políticas”, sustenta o ministro Alexandre Moraes. A Abin paralela também pode ter conexão com a intentona golpista de 8 de Janeiro. A PF interceptou mensagens que mostram que a agência tinha pleno conhecimento da minuta do golpe, encontrada na sala de Jair Bolsonaro dentro da sede do Partido Liberal (PL).

O escândalo na mídia:

O francês Humanité destaca “que o software adquirido pelo governo brasileiro no final de 2018 permite a geolocalização de pessoas através do sinal emitido pelos seus telemóveis”. E lembra que entre as vítimas da espionagem estão pessoas influentes como Artur Lira e Rodrigo Maia, além de Moraes “odiado pelos membros do clã Bolsonaro, e responsável pela investigação da PF”. O caso também foi reportado nos uruguaios La Diaria e El Tiempo.

No inglês Independent, o professor de direito Rodrigo Sanchez Rios (PUC-PR), afirma ser “amplamente aceito que Bolsonaro tinha conhecimento sobre o esquema de espionagem ilegal na agência de inteligência. As autoridades que foram monitoradas tinham um futuro político que era politicamente importante para Bolsonaro. Se essa conexão for comprovada, ele poderá ser responsabilizado por vários crimes, não importa se relacionados à sua negligência ou à sua ação”.

A cubana Prensa Latina destacou o pedido da Federação Única dos Petroleiros (FUP) para que seja cancelada a venda da refinaria Landulpho Alves (RLAM). Como explica Deyvid Bacelar (FUP) a refinaria foi “vendida a preço de banana” ao Mubadala Capital Fund, de Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, por apenas 1,65 mil milhões de dólares, embora o indicador de preços do mercado indicasse naquele momento que valia pelo menos quatro bilhões”.

«É coincidência que a nossa refinaria tenha sido vendida por menos da metade do valor de mercado para Mubadala, meses depois de Bolsonaro e seus comparsas, incluindo o ex-ministro de Minas e Energia (Bento Albuquerque), terem recebido indevidamente joias milionárias de autoridades do “Médio Leste?”, questiona.

Espionados

A ampla gama de vítimas da espionagem de Bolsonaro envolve membros do poder Judiciário, como os ministros Alexandre de Moraes, Luiz Fux, Dias Toffoli, Luis Roberto Barroso. Do Legislativo como então e atual presidente da Câmara Rodrigo Maia e Arthur Lira, entre os apoiadores que viraram desafetos, Kim Kataguiri e Joyce Hasselmann; os senadores da CPI da Covid Omar Aziz, Alessandro Vieira, Renan Calheiros e Randolfe Rodrigues. Do Executivo, como o ex-governador João Dória, servidores do Ibama e auditores da Receita Federal. Da sociedade civil, como as jornalistas Mônica Bergamo, Vera Magalhães, Luiza Alves Bandeira e do jornalista Pedro Cesar Batista.

Show de horrores

El Diário argentino traz nesta sexta-feira uma cobertura de Bernardo Gutiérrez sobre a quinta edição da Conferência Política de Ação Conservadora (CPAC), um evento da extrema-direita dos Estados Unidos que os bolsonaristas transplantaram para o Brasil e que acontece desde 2019. A última edição aconteceu nos dias 6 e 7 de julho no Balneário Camboriú em Santa Catarina, com palmas para o sistema prisional de Nayib Bukele em El Salvador, que mandou ao encontro seu ministro da Justiça e Segurança Pública, Gustavo Villatoro, que vem cometendo graves violações aos direitos humanos. Villatoro foi elogiado pelo também presente Guilherme Derrite, secretário de Segurança Pública do governo Tarcísio de Freitas em São Paulo.

Sobre as acusações contra Jair Bolsonaro, “a CPAC brasileira foi palco de uma autêntica defesa do golpe”, diz a reportagem, lembrando que entre os financiadores do evento está a Tuboaços da Amazônia e a Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso, investigadas pela intentona golpista de 8 de janeiro”. O personagem mais aguardado do encontro, o presidente argentino Javier Milei, que se recusou a comparecer à cúpula do Mercosul para ir à CPAC, chamou de “perseguição judicial o que nosso amigo Jair Bolsonaro está sofrendo aqui no Brasil”. Também participou o empresário boliviano Branko Marinković, “que construiu fortuna roubando terras do povo indígena Guarayno”, informa a reportagem.

Veja Também:  Saída do X do Brasil é notícia mundial com foco em “censura de juiz”

The Economist implica com Mercosul

Sob o título “A irrelevância do Mercosul”, The Economist comenta de forma negativa o encontro do bloco, dias 8 e 9 de julho, com ênfase na querela aberta por Javier Milei. “Outrora arauto de um futuro liberal, os membros do bloco comercial estão cada vez mais em desacordo”, diz o texto, apontando que o Mercosul “já não é assim tão importante. Até o anfitrião, Santiago Peña, do Paraguai, admitiu que ´o Mercosul não está claramente atravessando o seu melhor momento´”.

BRICS: Combinando com os russos

agência Tass informa que a presidente do Conselho da Federação da Rússia, Valentina Matvienko, expressou a sua disposição em dar total apoio ao Brasil que presidirá os BRICS no próximo ano. As declarações foram dadas no fechamento do X Fórum Parlamentar do BRICS, ocorrido nesta sexta-feira.

Golpe dos bilionários

O francês Le Figaro traz uma reportagem sobre o pedido de extradição de Miguel Gutierrez que foi diretor, por duas décadas, das “Lojas Americanas”. O pedido é do Ministério Público Federal (MPF) do Rio de Janeiro. Gutierrez é alvo de uma operação da Polícia Federal que apura a sua participação e a de outros ex-executivos da varejista em uma fraude bilionária. Ele foi detido no final de junho em Madrid pela Interpol, suspeito de fraudes contabilísticas num valor superior a 4 mil milhões de euros. “Este é um dos maiores escândalos financeiros da história do país. Miguel Gutierrez foi liberado, mas segundo os meios de comunicação brasileiros um pedido de extradição foi enviado a seu encontro”, informa o texto. Vale lembrar que os principais acionistas da distribuidora brasileira são os bilionários Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira (relembre o caso).

Tragédia em Mariana: quem paga?

Reuters informa que o BHP Group (UK) e a Vale S/A, que compõem a Samarco Mineração S/A, entraram num acordo para pagar os danos pelo rompimento da barragem em Mariana (MG), que matou 19 pessoas e despejou 40 milhões de metros cúbicos de lodo tóxico nas comunidades do entorno no Rio Doce e no Oceano Atlântico, a 650 km de distância. Nesta sexta-feira, elas abriram um acordo caso ante a provável condenação nas várias instâncias judiciais movidas por mais de 600 pessoas. “A BHP e a Vale pagarão cada uma 50% de qualquer quantia potencialmente pagável aos reclamantes nos processos do Reino Unido, dos Países Baixos e outros no Brasil abrangidos pelo acordo”, afirmou a BHP.

Olimpíadas em Paris: Lula fica, Janja vai

Lula descartou a sua participação nos Jogos Olímpicos de Paris 2024, com abertura prevista para 26 de julho. “Decidi que Janja vai, porque tenho muita coisa para fazer no Brasil, não posso ir”. Ele foi convidado pelo presidente francês, Emmanuel Macron, informa a cubana Prensa Latina. Nesta sexta-feira, o presidente Lula divulgou um reajuste de 10,86% para o Bolsa Atleta, após 14 anos sem aumento no programa que atende mais de 9 mil esportistas brasileiros.

Aprovação de Lula é maior entre população preta e parda

Página 12 traz uma matéria sobre os dados da pesquisa da Quest, divulgada na quarta-feira (10), com os índices de aprovação (subiu para 54%) e desaprovação (caiu para 43%) do governo Lula. No mês passado, as taxas ficaram em 50% de aprovação e 47% de desaprovação. A matéria destaca que a maior aprovação é entre pretos (de 56% a 59%) e pardos (54% a 59%) e que a maioria entre os que desaprovam o governo é branca.

Confira o FOCOS 21 desta semana:

Quinta-feira (11.07) Caso das joias sauditas e Operação Última Milha: mídia internacional destaca cerco se fechando para Bolsonaro – Por Marcos Diniz

Quarta-feira (10.07)Crítica ao Banco Central impulsiona aprovação de Lula ao maior nível neste ano – Por Carmen Munari

Terça-feira (09.07) No foco: Milei, ausente em cúpula do Mercosul, ‘pisou no freio’ com Lula em evento da extrema-direita no Brasil – Por Marcos Diniz

Segunda-feira (08.07)Cúpula de líderes vai celebrar ingresso histórico da Bolívia como membro-pleno do Mercosul
Por Carmen Munari

Foto: Polícia Federal. Divulgação

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