Financial Times: Veto de Lula a eventos nos 60 anos do Golpe Militar mira evitar tensões com forças armadas
O Financial Times dedica reportagem ao fato de o presidente Lula ter proibido eventos sobre os 60 anos do golpe militar que levou à ditadura. Diz o texto que uma longa sombra caiu sobre a democracia brasileira há 60 anos, deixando um arrepio que ainda hoje é sentido. Em 31 de março de 1964, teve início um golpe de Estado militar que derrubaria o presidente de esquerda João Goulart. O golpe deu origem a uma ditadura repressiva que durou 21 anos, considerada por muitos brasileiros como o capítulo mais sombrio da história moderna do país. No entanto, a data passou sem eventos oficiais de lembrança, supostamente por ordem do atual líder de esquerda, Luiz Inácio Lula da Silva. O motivo, ao que parece, é evitar tensões com as forças armadas do país, que têm estado sob um holofote incômodo ultimamente. A polícia acredita que os militares de alto escalão estão envolvidos em um plano para anular a vitória eleitoral de Lula no final de 2022, com o objetivo de manter no poder seu rival de extrema direita derrotado, Jair Bolsonaro. Embora o plano não tenha sido executado, as revelações sugerem que uma ruptura democrática estava próxima. Bolsonaro nega qualquer irregularidade. Apesar dos paralelos atuais, Lula minimizou o aniversário do golpe de 1964. “Não vou ficar pensando nisso, vou levar este país adiante”, disse ele em fevereiro. A posição do líder desanimou alguns aliados da esquerda, que queriam que o governo homenageasse as vítimas de um regime que restringiu as liberdades e torturou, prendeu e matou opositores. Como sindicalista, Lula foi preso por liderar greves durante esse período. Desde que retornou ao cargo para um terceiro mandato, o presidente tem sido um dos principais líderes políticos do país. Em uma reunião sobre o golpe em São Paulo, um dos muitos eventos realizados por ativistas, as críticas a Lula são atenuadas pelo reconhecimento de que sua vitória eleitoral apertada – com apenas 51% dos votos – significa que ele deve governar de forma pragmática. O jornal diz ainda que Lula foi alvo de duras críticas por não ter comemorado o período sombrio.
RUI COSTA / DENÚNCIA
O site do jornal português Correio da Manhã dedica reportagem ao que chama de “homem-forte do atual governo de Lula da Silva, Rui Costa”, ministro-chefe da Casa Civil e um dos nomes mais importantes do Partido dos Trabalhadores, (PT), está sendo investigado pela Polícia Federal por suspeita de fraude na aquisição de respiradores durante a pandemia de Covid-19. A investigação, que corria em sigilo mas foi vazada pela imprensa nesta quarta-feira, está em fase final de recolhimento de indícios e depoimentos e põe Rui Costa no centro do escândalo. De acordo com a investigação, Rui Costa, então governador do estado da Bahia, que governou por dois mandatos consecutivos entre 2015 e 2022, autorizou a compra de 300 respiradores em abril de 2020, no início da pandemia, a uma empresa sem qualquer histórico ou experiência comprovada nessa área, ignorou todos os prazos e cautelas que o serviço público deveria ter e, além de tudo o mais, autorizou o pagamento total antecipado da volumosa aquisição. O negócio custou aos cofres públicos nove milhões de euros e a dona da empresa beneficiada, que aceitou passar a colaborar com a justiça em troca de redução de pena, afirmou à Polícia Federal ter pago dois milhões de euros a um empresário que intermediou a transação e facilitou toda a negociação afirmando agir em nome de Rui Costa.
BOLSONARO / EMBAIXADA /MÓVEIS
Imagens mostrando que o ex-presidente passou duas noites aparentemente se escondendo de uma possível prisão na missão foram vazadas para a mídia. A embaixada da Hungria em Brasília demitiu dois funcionários brasileiros após o vazamento de imagens de segurança que revelaram como o ex-presidente do Brasil Jair Bolsonaro passou duas noites “escondido” dentro da missão. De acordo com a rede CNN Brasil, as demissões foram uma punição pelo vazamento embaraçoso para o New York Times, que provocou um clamor político no Brasil e pediu a prisão de Bolsonaro. A informação foi publicada pelo britânico The Guardian. “Mesmo sem comprovar o envolvimento dos funcionários na divulgação do vídeo, a missão húngara decidiu demitir os brasileiros que tinham acesso ao monitor que exibia as imagens em tempo real”, informou a CNN Brasil. A embaixada não respondeu imediatamente a um pedido de comentário
A Justiça brasileira mais uma vez deu um revés ao ex-presidente Jair Bolsonaro, rejeitando seu pedido de indenização por “danos morais” e um pedido de desculpas ao atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que sugeriu que ele havia levado móveis da residência presidencial. A juíza Gláucia Barbosa Rizzo da Silva, do Tribunal de Justiça do Distrito Federal, argumentou que negou o pedido de Bolsonaro de 22 de março porque “deveria ser exercido contra o Estado (União Federal)” e não contra Lula, segundo o argentino Ámbito.
INDÍGENAS/DITADURA
Presidente da comissão de anistia que investiga crimes do regime de 1964-85 pede desculpas pela primeira vez a um líder indígena. O Brasil emitiu seu primeiro pedido de desculpas pela tortura e perseguição de povos indígenas durante a ditadura militar, incluindo o encarceramento de vítimas em um infame centro de detenção conhecido como “campo de concentração indígena”. O pedido de desculpas foi feito na terça-feira por uma comissão de anistia ligada ao Ministério dos Direitos Humanos, que tem a tarefa de investigar os crimes do regime de 1964-85. As desculpas se referem a dois casos específicos: um relacionado ao povo Krenak do estado de Minas Gerais, no sudeste do país, e outro relacionado aos Guarani-Kaiowá do Mato Grosso do Sul, na fronteira oeste do Brasil com a Bolívia e o Paraguai. Líderes indígenas e historiadores afirmam que ambos os grupos foram expulsos de suas terras e brutalizados pela ditadura, que tomou o poder após um golpe de Estado há 60 anos, nesta semana, informa o The Guardian.
ANIELLE /PT
O presidente Lula e a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, realizaram na terça-feira um evento para anunciar sua filiação política ao Partido dos Trabalhadores (PT) no Rio de Janeiro, mostra vídeo da Agência France Press.
ECOTURISMO
As autoridades brasileiras do setor de turismo esperam mudar a imagem do país como um mero paraíso para banhistas em trajes sumários ao sediar as negociações climáticas da ONU no ano que vem na cidade de Belém, na floresta amazônica, que se concentrarão na sustentabilidade ambiental e no fim do desmatamento para desacelerar o aquecimento global. Espera-se que a cúpula aumente a atratividade do Brasil como um destino de ecoturismo e aumente as viagens para a floresta amazônica e outros biomas que oferecem a maior biodiversidade do mundo, disse o Ministro do Turismo Celso Sabino. Apenas 9% dos visitantes atuais do Brasil são ecoturistas, enquanto quase dois em cada três turistas vêm para o sol e a praia, disse ele em uma entrevista no final da terça-feira. “O turismo é essencial para a sustentabilidade e a preservação das florestas, trazendo o desenvolvimento econômico necessário para os habitantes locais”, disse ele, segundo a Reuters.
Foto: Ricardo Stuckert
Jornalista, ex-Folha, Reuters e Valor Econômico. Participei da cobertura de posses presidenciais, votações no Congresso, reuniões ministeriais, além da cobertura de greves de trabalhadores e de pacotes econômicos. A maior parte do trabalho foi no noticiário em tempo real. No Fórum 21, produzo o Focus 21, escrevo e edito os textos dos analistas.