Lula e Biden focam em democracia e novas regras para os trabalhadores

Lula e Biden focam em democracia e novas regras para os trabalhadores

O encontro entre os presidentes Lula e Joe Biden em Nova York nesta quarta-feira foi o destaque da cobertura sobre o Brasil na mídia estrangeira. As reportagens citaram a preocupação dos presidentes com a democracia e também o foco da reunião: o lançamento de uma parceria entre os dois países dirigida aos trabalhadores.

O título da agência Reuters indica um bom resumo do encontro desta quarta-feira em Nova York: “Biden e Lula se concentram nos perigos para a democracia e buscam promover os direitos dos trabalhadores”. O texto teve destaque na home da agência. O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, enfatizando seu compromisso compartilhado de fortalecer a democracia, lançaram uma iniciativa nesta quarta-feira para promover os direitos dos trabalhadores, um ponto focal principal para ambos os líderes. Biden e Lula, falando em uma reunião bilateral à margem da Assembleia Geral das Nações Unidas, destacaram a importância de empregos decentes, bons salários e a garantia de que os trabalhadores se beneficiem das transições digitais e de energia verde em andamento na sociedade. “Acho que este é um momento de ouro para nós e para as possibilidades que temos pela frente”, disse Lula. A agência fornece informações para 40 mil clientes.

A Associated Press se referiu ao encontro como dos “líderes das maiores democracias do Hemisfério Ocidental, Biden e Lula”. Enfocaram os direitos dos trabalhadores na reunião desta quarta-feira. A agência pondera que a nova parceria comprometida com os direitos trabalhistas ocorre em meio a diferenças entre os presidentes sobre a guerra da Rússia na Ucrânia, o embargo dos EUA a Cuba e outras questões. Ainda assim, Biden e Lula, em comentários aos repórteres, estavam ansiosos para mostrar seus objetivos comuns no início de sua reunião à margem da Assembleia Geral da ONU. Biden procurou vincular a reunião a assuntos domésticos. Há muito tempo defensor dos sindicatos, Biden está lidando com greves nos EUA de trabalhadores de automóveis, roteiristas e atores que buscam melhores salários e proteções em uma economia global em transformação. Ele recusou o pedido do líder da United Auto Workers para participar do piquete. “É uma relação de fé que estamos construindo aqui e uma nova era para as relações entre os EUA e o Brasil, entre parceiros iguais”, disse Lula.

O La Nación, um dos jornais argentinos que mais noticia o Brasil, destaca que o presidente Lula alertou hoje, durante a conversa com Joe Biden, que a democracia “está cada vez mais em perigo” e deu como exemplo para a Argentina, em pleno processo eleitoral no país. “Acredito que é um exemplo histórico. Ao analisarmos a geopolítica do mundo, nos damos conta de que as oportunidades estão sendo agitadas cada vez mais e que a democracia está cada vez mais em perigo.” O jornal utilizou reportagem de O Globo. “Porque a negação da política provocou que setores extremistas pretendessem ocupar o espaço da negação da política em todo o mundo. Isto se passou no Brasil, está passando na Argentina e passou em vários outros países”, disse.

O espanhol El Mundo optou pela análise: Distanciados em grandes questões da política mundial, os presidentes Joe Biden e Luiz Inácio Lula da Silva encontraram pontos em comum nesta quarta-feira em Nova York: uma proposta agressiva que apresentam como uma “iniciativa global” para adaptar o mundo do trabalho aos desafios do século 21. “Perante desafios globais complexos, desde as alterações climáticas ao aumento dos níveis de pobreza e à desigualdade económica, temos de colocar os trabalhadores no centro das nossas soluções políticas. Devemos apoiar os trabalhadores e capacitá-los para impulsionar a inovação de que precisamos urgentemente para garantir o nosso futuro “, afirmaram ambos os presidentes em comunicado conjunto.

O Washington Post foi na mesma linha da AP e do espanhol com o título: “Biden e Lula tentam encontrar uma causa comum, apesar das diferenças”

No Expresso: “O presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, qualificou o discurso de Lula como “muito bem escrito e muito equilibrado” e “aberto ao diálogo, também no caso da Ucrânia”, e o de Joe Biden como “um exemplo de maestria diplomática”.

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Na cubana Prensa Latina, “Brasil e EUA apresentam aliança inédita para promover trabalho decente”. Os círculos oficiais brasileiros informam que essa associação estimulará empregos de qualidade, protegerá os trabalhadores que trabalham nas plataformas digitais e promoverá o conhecimento sobre seus direitos. «É a primeira vez em mais de 500 anos da história do Brasil em que você se senta com o presidente da República americana, em igualdade de condições, para discutir um problema crônico, que é a questão da precarização do mundo do trabalho», explicou Lula.

A publicação Brazilian Report também publicou texto sobre o encontro Lula-Biden: “Assisti ao seu discurso no dia da posse [em janeiro de 2021] e depois a mais discursos seus. Nunca tinha visto um presidente dos EUA falar tão bem e com tanta frequência dos trabalhadores”, disse Lula a Biden em Nova York.

O britânico Independent trouxe uma prévia do encontro Lula-Biden informando que a expectativa era que os dois discutam trabalho e meio ambiente. E altos funcionários da administração dos EUA que previram a reunião disseram que as duas nações iriam lançar uma parceria sobre os direitos dos trabalhadores.

Em vídeo divulgado nesta quarta-feira do discurso de Lula na Assembleia Geral da ONU na véspera, a Associated Press afirma que “o presidente apresenta sua nação – e a si mesmo – como novo líder para o Sul Global”

De norte a sul, Zelenski quer convencer a todos de que a guerra na Ucrânia é assunto de todos. Ao discursar na Assembleia Geral das Nações Unidas, o presidente ucraniano alertou que a agressão russa contra seu país, se não for punida, terá consequências para a paz e a estabilidade mundiais. Ele vai se encontrar com o presidente Lula, publica o francês MediaPart.

Meio Ambiente

O Brasil pretende reduzir suas emissões em 48% até 2025, disse a ministra do Meio Ambiente do país, Marina Silva, na Cúpula da Ambição Climática das Nações Unidas, em Nova York, na quarta-feira, ao divulgar um conjunto revisado de metas climáticas mais fortes.  Até 2030, o Brasil pretende reduzir suas emissões em 53% em relação aos níveis de 2005, acrescentou Marina Silva em nome do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, informa a Reuters.

Aborto

O uruguaio La Diária dedica texto ao início, pelo Supremo Tribunal do Brasil, da discussão de ação judicial sobre a descriminalização do aborto durante as primeiras 12 semanas de gestação. No caso de a iniciativa prosperar, significaria uma mudança em relação à norma atual, que só autoriza a interrupção da gravidez em três situações específicas: se houver risco de morte para quem está gestando, se a gestação for consequência de uma violação ou se o feto apresenta anencefalia.

Marco Temporal

A Justiça do Brasil decide sobre o reconhecimento de terras indígenas, informa o uruguaio El Observador. Até ao momento quatro (na verdade 5) juízes votaram pela rejeição da tese do “marco temporal”, que limita este reconhecimento; dois a favor da sua validação e há ainda cinco magistrados que devem votar.

Congresso

A publicação Nodal publica artigo do articulista brasileiro Jeferson Miola: “Deputados legislam para preservar a supremacia branca e masculina no Brasil”.

Guatemala

O Guardian traz a preocupação internacional sobre o futuro da democracia na Guatemala à medida que o presidente do Brasil alerta para um possível golpe para impedir o presidente eleito de tomar posse e os EUA denunciam tentativas sem precedentes de minar o resultado eleitoral do país centro-americano. De centro-esquerda, Bernardo Arévalo foi eleito novo presidente da Guatemala no mês passado. Esta semana, milhares de apoiadores saíram às ruas para protestar contra alegadas tentativas de bloquear a sua tomada de posse em janeiro.

Ilustração: Lula e Joe Biden no encontro desta quarta-feira em Nova York / Ricardo Stuckert

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