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Lula e Boric assinam 19 acordos bilaterais e firmam parceria para cooperação no setor espacial

Lula e Boric assinam 19 acordos bilaterais e firmam parceria para cooperação no setor espacial

19 ACORDOS E MAIS

Os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva, do Brasil, e Gabriel Boric, do Chile, assinaram 19 acordos bilaterais em áreas como turismo, ciência e tecnologia, defesa, agricultura, direitos humanos e comércio nesta segunda-feira (5). A visita de Lula ao Chile simboliza a retomada da integração sul-americana, refletida na existência de mais de 90 acordos bilaterais e um comércio equilibrado entre os dois países, que fazem parte do Corredor Bioceânico, ligando o centro-oeste brasileiro aos portos do norte chileno.

O Chile é o terceiro maior emissor de turistas para o Brasil, e o Brasil é o segundo maior emissor para o Chile. Entre os novos acordos, destaca-se um plano de ação para facilitar o turismo bilateral e o intercâmbio de informações e capacitação técnica. No comércio, o Brasil é o terceiro maior parceiro comercial do Chile, com um volume anual de 12,3 bilhões de dólares, e o Chile é o sexto maior destino das exportações brasileiras.

Lula ressaltou a importância da integração sul-americana e da cooperação para enfrentar desastres naturais e o crime organizado, enquanto Boric enfatizou a necessidade de aumentar os fluxos comerciais e turísticos e de ações conjuntas contra o narcotráfico. O Brasil é o maior investidor latino-americano no Chile, com mais de 4,5 bilhões de dólares investidos em energia e serviços financeiros. Lula também destacou a colaboração do Chile no G20, enquanto Boric anunciou que o país se unirá à Aliança Global contra a fome e a pobreza proposta pelo Brasil. Além disso, o presidente brasileiro convidou o chileno para uma reunião de líderes contra o extremismo na Assembleia Geral da ONU em setembro (CLAE).

Nesta terça-feira (6), Lula e Boric assinaram um acordo de cooperação espacial para fins pacíficos durante a cerimônia de lançamento da pedra fundamental do Centro Espacial Nacional (CEN), que será construído no Parque Bicentenário de Cerrillos, na região metropolitana de Santiago, e fará parte do Sistema Nacional de Satélites. Durante o evento, o presidente brasileiro destacou a importância estratégica do setor espacial para o desenvolvimento das nações, especialmente em áreas como comunicações, geração de energia e combate às mudanças climáticas. Lula ressaltou que a cooperação entre países do sul pode ajudar a reduzir desigualdades nessa área.

O presidente chileno, por sua vez, explicou que o novo centro, que começará a funcionar no segundo semestre do próximo ano, permitirá a montagem de satélites para melhorar a conectividade em regiões onde o acesso à internet ainda é limitado. O CEN, com 5.800 metros quadrados, contará com um investimento de 19 milhões de dólares em infraestrutura e 15 milhões em equipamentos (Prensa Latina).

SOBRE A VENEZUELA

Ainda durante sua visita ao Chile, nesta segunda-feira (5), Lula afirmou que o “compromisso com a paz” motivou, junto com os líderes da Colômbia e do México, a promoção do diálogo na Venezuela após as eleições presidenciais de 28 de julho. Em sua primeira declaração pública sobre o tema desde o aumento dos esforços diplomáticos, o presidente destacou a importância do respeito pela soberania popular e da transparência para resolver a crise, enfatizando que disputas eleitorais devem ser resolvidas institucionalmente, e que a vontade do povo deve ser garantida por uma verificação imparcial dos resultados. A posição foi apoiada por um comunicado conjunto dos governos do Brasil, México e Colômbia, que pediram a rápida publicação dos dados detalhados por mesa de votação.

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Na sexta-feira (2), o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela divulgou um segundo balanço confirmando a vitória de Nicolás Maduro com 51,95% dos votos, enquanto o candidato opositor Edmundo González Urrutia obteve 43,18%. Contudo, o CNE não apresentou as atas que comprovam os resultados, gerando desconfiança sobre a integridade do pleito. Países como Estados Unidos, Argentina, Uruguai e Peru reconheceram González Urrutia como vencedor.

A oposição venezuelana e parte da comunidade internacional, incluindo a União Europeia, expressaram ceticismo quanto à legitimidade dos resultados, com a UE declarando que, sem provas de apoio, os resultados não podem ser reconhecidos, embora não tenha proclamado oficialmente a vitória de González Urrutia.

A crise na Venezuela levou a protestos em Caracas e outras cidades, resultando em 11 civis mortos e mais de 2 mil detidos, segundo ONGs de direitos humanos. O presidente chileno Gabriel Boric, que também pediu maior transparência, não comentou diretamente a crise durante sua declaração conjunta com Lula em Santiago (EFE).

Também nesta segunda-feira (5), os Estados Unidos ajustaram sua posição sobre a eleição na Venezuela, esclarecendo que ainda não reconhecem Edmundo González Urrutia como o vencedor. O porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller, afirmou que o país continua monitorando a situação e mantendo contato com parceiros regionais como Brasil, México e Colômbia para buscar uma solução para a crise. Miller enfatizou a importância de uma resolução pacífica e democrática, ressaltando que qualquer prova apresentada pelo CNE deve ser submetida a um exame detalhado devido ao risco de manipulação. A declaração contradiz uma posição anterior do Departamento de Estado, quando Antony Blinken havia parabenizado González Urrutia por sua “vitória esmagadora”.

A divergência ocorre em um momento crítico para os interesses dos EUA na região, especialmente no setor petrolífero, onde a estabilidade da Venezuela é vista como essencial. Além disso, o governo de Nicolás Maduro revelou detalhes de um acordo com os EUA, negociado no Qatar, que sugere que os Democratas se comprometeram a levantar as sanções contra a Venezuela em troca de eleições, uma informação interpretada como uma manobra de negociação pelo chavismo. A situação na Venezuela continua sendo uma área de tensão para Washington, que busca evitar uma crise que possa impactar suas licenças de exploração de petróleo e o equilíbrio no mercado energético global (La Política Online).

* *Imagem em destaque: Ricardo Stuckert/PR

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