Lula: Maduro tem que respeitar o processo democrático
O Focus21 reúne as citações relevantes sobre o Brasil publicadas pela imprensa internacional
O presidente Lula concedeu entrevista a correspondentes de agências de notícias nesta segunda-feira e o destaque foram as eleições nos Estados Unidos e na Venezuela.
Lula conclamou o governo da Venezuela a respeitar o resultado das eleições do próximo domingo, dizendo que ficou “assustado” com os avisos de Nicolás Maduro sobre um “banho de sangue” se ele perder a votação. Após 11 anos no poder, o líder autoritário da Venezuela está atualmente atrás nas pesquisas de opinião do candidato da oposição, o diplomata aposentado Edmundo González, e, nas últimas semanas, Maduro e seus aliados intensificaram suas previsões de violência pós-eleitoral após o que eles dizem ser uma vitória do partido governista. Nesta segunda-feira, Lula repetiu os apelos para que Maduro honre seus compromissos de realizar eleições justas. “Eu disse a Maduro que a única chance de a Venezuela voltar à normalidade é ter um processo eleitoral amplamente respeitado”, disse. “Ele tem de respeitar o processo democrático.”
Maduro foi eleito por pouco em 2013, após a morte de seu mentor Hugo Chávez; sua reeleição em 2018 foi amplamente declarada como uma farsa. Em um comício na quarta-feira, ele disse que o destino da Venezuela dependia de sua reeleição neste domingo para o que seria um terceiro mandato. Lula, que por muitos anos se recusou a criticar abertamente o líder venezuelano, disse ter ficado “assustado” com as palavras de Maduro, acrescentando: “Quando você perde, você vai para casa e se prepara para concorrer em outra eleição”. “Espero que isso aconteça, para o bem da Venezuela e para o bem da América do Sul”, acrescentou. (Guardian / South China Morning Post / Reuters / Clarín com AFP e ANSA)
No El Diario Ar: Lula insistiu hoje que deseja ter as “melhores relações com a Argentina”, mas reiterou que ainda está esperando um “pedido de desculpas” do presidente Javier Milei. “Levo muito em conta a relação do Brasil com a Argentina”, porque “quero privilegiar a relação com a América Latina”, declarou Lula.
LULA-EUA
O presidente Lula disse nesta segunda-feira que espera que o povo americano eleja o melhor candidato em novembro, seja Donald Trump ou um democrata, e que as relações entre o Brasil e os Estados Unidos permaneçam “civilizadas”. “Seja um candidato democrata ou Trump, nossa relação será uma relação civilizada entre dois países importantes que têm uma relação diplomática secular que queremos manter”, disse Lula às agências internacionais de notícias. “Temos importantes parcerias estratégicas com os Estados Unidos”, acrescentou. Lula afirmou que a decisão do presidente Joe Biden de retirar sua candidatura à reeleição foi uma “decisão pessoal” e que ele tem o “maior respeito” pelo presidente dos EUA. (Reuters, Correio da Manhã)
LULA-RÚSSIA
O presidente Lula não mudou seus planos e participará da cúpula do Brrics em Cazã, disse o embaixador brasileiro na Rússia, Rodrigo de Lima Baena Soares, à Tass. “Tenho uma resposta muito simples – sim, [ele virá]”, disse o diplomata. A cúpula do Brics será realizada de 22 a 24 de outubro em Cazã, Rússia.
LULA-POBREZA
O L´Humanité destaca o desempenho positivo de Lula no combate à pobreza. Esse foi um dos pontos obscuros no histórico do ex-presidente de extrema direita Jair Bolsonaro: a explosão da pobreza entre a população brasileira. Quase dois anos após o retorno da esquerda ao poder sob o comando do presidente Lula da Silva, a esquerda conseguiu alcançar resultados convincentes. Entre 2022 e 2023, 9,6 milhões de pessoas sairão da extrema pobreza, metade dos 19,2 milhões esperados em 2021, de acordo com o Instituto Brasileiro de Economia (FGV-Ibre). É na região Nordeste, uma das mais pobres do país, que a redução é maior, com metade dos 9,6 milhões de pessoas no país como um todo. “Esse resultado reflete a implementação de uma ampla gama de políticas e programas sociais, combinados com a criação de empregos e o aumento do salário mínimo”, explicou Wellington Dias, Ministro do Desenvolvimento e Assistência Social. O restabelecimento do programa “Bolsa Família” em março de 2023 foi um passo importante para a redução da pobreza.
DESIGUALDADE
Os ministros do desenvolvimento do G20, reunidos no Rio de Janeiro nos dias 22 e 23 de julho, se comprometeram a reduzir a desigualdade “alarmante” “sem deixar ninguém para trás”, o que consideram “essencial” para acabar com a fome e a crescente pobreza estrutural. “A erradicação da pobreza em todas as suas formas e dimensões, incluindo a pobreza extrema, é o maior desafio global e um requisito indispensável para o desenvolvimento sustentável”, afirmaram em uma declaração final divulgada ao final da primeira reunião, liderada pelo ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Viera. O G20 reconheceu a “necessidade urgente” de reduzir as desigualdades por meio da implementação “plena e efetiva” da Agenda 2030 e da concretização dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). (El Mercurio)
Em cinco anos, Brasil, México e Chile contribuirão com 177 mil milionários para a região da América Latina, de acordo com o Global Wealth Report 2024, publicado pela empresa suíça de serviços financeiros UBS. A projeção é que, em 52 dos 56 países tomados como referência, haverá um aumento no número de adultos com uma riqueza de mais de um milhão de dólares. O outro lado: a desigualdade, que também está aumentando na América Latina. Em 2023, os milionários já representavam 1,5% da população adulta analisada no relatório. Os Estados Unidos tinham o maior número, com quase 22 milhões de pessoas (ou 38% do total). A China ficou em segundo lugar, com pouco mais de seis milhões, cerca de duas vezes mais que o Reino Unido, que ficou em terceiro lugar. (Página 12)
BOLSONARO – JUSTIÇA
Desde que Jair Bolsonaro deixou o cargo no final de dezembro de 2022, seus problemas com o sistema judiciário brasileiro se multiplicaram. A pressão aumentou ainda mais no início de julho, depois que a Polícia Federal recomendou que o ex-presidente de extrema direita fosse indiciado no “caso das joias”. O ex-militar é suspeito de desviar e vender ilegalmente presentes de luxo de líderes estrangeiros no valor de cerca de 1,1 milhão de euros. O caso veio à tona em março do ano passado. Na época, Jair Bolsonaro estava nos Estados Unidos, onde se refugiou após perder a eleição presidencial de 2022 para seu rival de esquerda, Luiz Inácio Lula da Silva. A imprensa brasileira revelou que autoridades fiscais apreenderam joias na mochila de um funcionário do governo Bolsonaro que retornava de uma viagem oficial ao Oriente Médio em 2021. (Le Figaro)
DÉFICIT MAIOR
O governo brasileiro ampliou a previsão de déficit primário para este ano para 32,6 bilhões de reais (5,9 bilhões de dólares) nesta segunda-feira, o que levou a um congelamento de gastos para cumprir a meta fiscal. O déficit, divulgado no relatório bimestral de receitas e despesas dos ministérios do Planejamento e da Fazenda, corresponde a um déficit primário de 0,3% do produto interno bruto. Em maio, quando o último relatório foi divulgado, a previsão era de um déficit primário de 14,5 bilhões de reais, ou 0,1% do PIB. (Reuters)
Jornalista, ex-Folha, Reuters e Valor Econômico. Participei da cobertura de posses presidenciais, votações no Congresso, reuniões ministeriais, além da cobertura de greves de trabalhadores e de pacotes econômicos. A maior parte do trabalho foi no noticiário em tempo real. No Fórum 21, produzo o Focus 21, escrevo e edito os textos dos analistas.