Lula recebe Axel Kicillof, governador de Buenos Aires e opositor de Javier Milei
KICILLOF VISITA O BRASIL
Na terça-feira (13), o presidente Lula recebeu em Brasília o governador da província argentina de Buenos Aires, Axel Kicillof, um dos principais opositores do presidente argentino Javier Milei. Kicillof veio ao Brasil em busca de apoio para sua gestão na capital argentina, especialmente devido a disputas com Milei sobre a alocação de fundos federais para sua província. Em junho, Lula já havia se encontrado com outros dois governadores argentinos que também são críticos de Milei: Rolando Figueroa, de Neuquén, e Alberto Weretilneck, de Rio Negro (Prensa Latina).
A visita de Kicillof é estratégica, buscando destacar suas diferenças em relação a Milei e reforçar sua posição política e ambições presidenciais. Em setembro de 2022, ele já havia demonstrado apoio a Lula em um evento em La Plata. A principal intenção da visita é buscar cooperação econômica e investimentos para Buenos Aires, além de fortalecer o alinhamento com os BRICS, na tentativa de obter suporte financeiro diante das críticas à administração de Milei. Recentemente, Kicillof chamou de “vergonhosa” a decisão de Milei de não aderir ao bloco de países emergentes, considerando que essa escolha prejudica os interesses nacionais. Além disso, ele está empenhado em conseguir apoio do Banco BRICS e outras instituições financeiras asiáticas para projetos na província e, para isso, realizou uma videoconferência com Dilma Rousseff, presidente do Novo Banco de Desenvolvimento dos BRICS (La Política Online).
Durante a visita, Kicillof também se encontrou com o vice-presidente Geraldo Alckmin para discutir oportunidades de investimento e intercâmbio nas áreas de indústria, comércio e serviços, além de conversar com o ministro da Economia Fernando Haddad, funcionários do Banco de Desenvolvimento do Brasil (BNDES) e o assessor especial Celso Amorim (Página/12).
¿NUEVA VUELTA?
Propor novas eleições na Venezuela é uma das possibilidades atualmente consideradas no Palácio da Planalto, em Brasília, para superar a crise política que afeta o país vizinho. A sugestão partiu do assessor internacional do presidente Lula, Celso Amorim. A ideia seria realizar uma espécie de “segundo turno” das eleições presidenciais realizadas em 28 de julho.
Embora Amorim tenha indicado que esta é apenas uma sugestão, a proposta ainda não foi oficialmente apresentada aos governos de Colômbia e México, que junto com o Brasil, estão promovendo um esforço conjunto para facilitar o diálogo entre o chavismo e a oposição.
A proposta inclui que, se a ideia de uma nova eleição for aceita, a União Europeia suspenda as sanções contra alguns líderes chavistas e envie uma missão de observação eleitoral. Para que se concretize, a ideia ainda precisa da aprovação de Colômbia e México. Esses países, juntamente com o Brasil, pedem a divulgação dos resultados eleitorais pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela, que ainda não foram publicados, embora o CNE alegue tê-los enviado ao Tribunal Supremo de Justiça.
Em nota conjunta, os chanceleres de Brasil, Colômbia e México afirmaram que continuarão com consultas de “alto nível”, respeitando a “soberania e a vontade do povo venezuelano”. A mediação dos três países tem o apoio de diversas nações americanas, como os Estados Unidos, e europeias, como Espanha e França.
A crise na Venezuela gerou grande incerteza regional após a autoridade eleitoral declarar Nicolás Maduro vencedor das eleições presidenciais na madrugada de 28 de julho. A oposição alegou fraude e publicou as atas de votação, afirmando que Edmundo González venceu com 7.303.480 votos contra 3.316.142 de Maduro. Após a vitória de Maduro, protestos espontâneos resultaram em 25 mortes e 192 feridos (El Tiempo).
A perspectiva de uma cúpula virtual envolvendo os presidentes de Venezuela, Brasil, Colômbia, e México tem ganhado força nos últimos dias. Na última sexta-feira, durante sua terceira coletiva de imprensa em pouco mais de uma semana, Maduro afirmou estar “com o telefone aberto 24 horas por dia” para dialogar. O chanceler colombiano, Luis Murillo, confirmou as conversas em andamento e agradeceu a disposição de Maduro, mencionando que ele e os chanceleres do Brasil e do México estão mantendo um “diálogo fluido com líderes de diferentes facções da oposição” na Venezuela.
No segundo comunicado dos três países, divulgado na última sexta-feira (9), foi reafirmado que o Conselho Nacional Eleitoral é responsável pela divulgação transparente dos resultados eleitorais e que as conversas de alto nível continuarão, com a crença de que as soluções para a situação atual devem ser desenvolvidas internamente na Venezuela (CLAE).
Durante uma conversa com o presidente Lula nesta terça-feira (13), o primeiro-ministro canadense Justin Trudeau expressou apoio às iniciativas do Brasil, Colômbia e México para solucionar a crise na Venezuela. Trudeau destacou a importância de promover a “democracia, transparência eleitoral, diálogo e o Estado de Direito” no país vizinho, conforme nota do governo brasileiro. Lula, por sua vez, reafirmou o objetivo de Brasil, Colômbia e México de buscar a “normalização política” na Venezuela e ressaltou a importância de manter a América do Sul como uma região “livre de conflitos, próspera e harmoniosa” (El Tiempo).
COMÉRCIO RÚSSIA-BRASIL
Os envios de ferro e aço da Rússia para o Brasil aumentaram 12 vezes, no último mês, em comparação com o mesmo período de 2023, totalizando 75,3 milhões de dólares. Em julho, as importações de ferro e aço russo pelo Brasil quase atingiram o recorde de junho de 2021, quando chegaram a 95,1 milhões de dólares. Com o aumento, a Rússia se tornou o segundo maior fornecedor desses produtos ao Brasil, atrás apenas da China, que exportou 187,4 milhões de dólares. A Alemanha ficou em terceiro lugar, com 34 milhões de dólares, apresentando uma queda de 10,5% em relação ao ano anterior.
As exportações de titânio russo também cresceram significativamente, triplicando em relação ao mês anterior e totalizando 1,25 milhões de dólares, quatro vezes mais do que no mesmo período de 2023. Os Estados Unidos foram o principal fornecedor de titânio ao Brasil em julho, com 3,5 milhões de dólares. A Rússia ficou em segundo lugar, superando a França, que exportou 907,4 mil dólares. Grã-Bretanha e China seguiram na sequência, com 757,4 mil dólares e 722,8 mil dólares, respectivamente (Prensa Latina).
*Imagem em destaque: O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), durante reunião com o governador da província de Buenos Aires, Axel Kicillof, no Palácio do Planalto (Foto: Ricardo Stuckert/PR)