Na Amazônia, Lula recebe Macron em sua primeira visita ao Brasil
MACRON NO BRASIL
Reforma das instituições internacionais, proteção das grandes florestas tropicais, desenvolvimento econômico e combate às desigualdades: para Lula, Emmanuel Macron é um interlocutor privilegiado para discutir as demandas dos países emergentes, defendidas pelo presidente brasileiro. E ele não está errado: essas questões também são consideradas primordiais pela França. Os líderes aproveitarão a visita de Macron ao Brasil esta semana para estabelecer objetivos que irão promover juntos, primeiro no G20, no Rio de Janeiro, em novembro, e depois na conferência sobre o clima COP30, em 2025, na cidade amazônica de Belém (Le Figaro).
Trata-se da primeira visita oficial de Emmanuel Macron à América Latina. Exceto por uma passagem por Buenos Aires no final de 2018 para uma cúpula do G20, o presidente francês nunca esteve em uma capital do continente. O Brasil decidiu fazer uma grande recepção para esta grande estreia: três dias de visita de Estado, o que prova que os dois parceiros têm muito o que conversar (Libération).
A estadia de três dias teve início nesta terça-feira (26), com Macron sendo recebido por Lula em Belém, no Pará, em uma comitiva na qual também estavam presentes as ministras do Meio Ambiente, Marina Silva, e dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, além do governador do Pará, Helder Barbalho. Na quarta-feira (27) de manhã, os presidentes seguem para o Rio de Janeiro.
Depois, o presidente francês participará do V Fórum Econômico Brasil-França e de um evento com a comunidade francesa, em São Paulo, além de agendas relacionadas à cooperação esportiva, cultural, científica e tecnológica. As atividades oficiais da visita terminam na quinta-feira (28), em Brasília, com a assinatura de acordos no Palácio do Planalto, seguido por um almoço no Itamaraty e uma recepção no Congresso.
A expectativa é que os mandatários discutam temas da agenda bilateral, regional e global, incluindo as próximas eleições na Venezuela, o conflito na Ucrânia e a situação na Faixa de Gaza (Sur24).
A visita de Macron ao Brasil também representa uma oportunidade para celebrar a recuperação da solidez das relações franco-brasileiras “após um período de quatro anos e um quase congelamento das relações políticas” durante o mandato de Jair Bolsonaro, lembra o Palácio do Eliseu, em comunicado.
Mas as cortesias não impedem a presença de um elefante no meio da sala: o tratado de livre-comércio em negociação entre a União Europeia e os países do Mercosul, como Brasil e Argentina, que tem divido os europeus. Países como Alemanha e Espanha o apoiam, enquanto a França exige a inclusão cláusulas ambientais para que ele seja aprovado (Le Figaro).
ACORDO DE ESCAZÚ
Mais de 150 Organizações Não Governamentais (ONGs) nacionais e internacionais pediram nesta terça-feira (26) ao Governo brasileiro que mobilize o Congresso Nacional para ratificar o Acordo de Escazú, que visa proteger os defensores dos direitos humanos em questões ambientais. A Human Rights Watch (HRW), uma das signatárias, destacou que as organizações enviaram uma carta ao ministro das Relações Institucionais do Brasil, Alexandre Padilha, solicitando que o Governo influencie o Congresso a continuar a análise do acordo.
Assinado em 2018 por 24 países da América Latina, o Acordo de Escazú garante direitos como acesso à informação e à justiça, participação pública em processos ambientais decisórios e medidas específicas para proteger defensores dos direitos humanos nessas questões (Correio da Manhã).
ELEIÇÕES NA VENEZUELA
A Plataforma de Unidade Democrática (PUD), coligação venezuelana que reúne os principais partidos opositores ao chavismo, informou que não conseguiu registrar sua candidata às eleições presidenciais, a historiadora Corina Yoris, devido a uma alegada falha técnica. O prazo para registro de candidaturas encerrou na segunda-feira.
Yoris foi indicada após María Corina Machado, a principal líder da oposição, eleita nas primárias de outubro de 2023 com mais de dois milhões de votos, ser impedida de se candidatar a cargos públicos, devido a uma decisão judicial que ela alega ter motivação polícia.
A ausência de uma candidatura oposicionista resultou em acusações de bloqueio por parte do governo de Nicolás Maduro. Enquanto isso, o presidente formalizou sua própria candidatura e criticou a oposição por ser “manipulada” pelo “imperialismo”. A situação aumenta as tensões pré-eleitorais no país e suscitam desconfianças acerca da integridade do pleito (Público).
Nesta terça-feira (26), o governo brasileiro manifestou “preocupação” com o desenvolvimento do processo eleitoral na Venezuela e afirmou que os “impedimentos” para a inscrição da candidatura de Corina Yoris “não são compatíveis com os acordos de Barbados”.
“Esgotado o prazo de registro de candidaturas para as eleições presidenciais venezuelanas, na noite de ontem, 25/3, o governo brasileiro acompanha com expectativa e preocupação o desenrolar do processo eleitoral naquele país. Com base nas informações disponíveis, observa que a candidata indicada pela Plataforma Unitaria, força política de oposição, e sobre a qual não pairavam decisões judiciais, foi impedida de registrar-se, o que não é compatível com os acordos de Barbados. O impedimento não foi, até o momento, objeto de qualquer explicação oficial”, diz a nota emitida pelo Itamaraty.
Para o Governo da Colômbia, um dos principais aliados de Maduro na região, as dificuldades encontradas pela oposição venezuelana em inscrever suas candidaturas podem “afetar a confiança de alguns setores da comunidade internacional na transparência e competitividade do processo eleitoral que culminará com as eleições presidenciais de 28 de julho próximo”.
O ministro das Relações Exteriores da Venezuela Yvan Gil respondeu ao governo colombiano pela rede social X. “Impulsionada pela necessidade de agradar aos desejos do Departamento de Estado dos EUA, a chancelaria colombiana dá um passo em falso e comete um ato de grosseira interferência em assuntos que só competem aos venezuelanos”, escreveu o chanceler (El Tiempo).
*Imagem em destaque: 26/03/2024 – Lula recebe o presidente da França, Emmanuel Macron em Belém, no Pará. Foto: Ricardo Stuckert