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Vietnã acena a acordo com Mercosul; Paraguai fala em interromper negociações com UE

Vietnã acena a acordo com Mercosul; Paraguai fala em interromper negociações com UE

O presidente Lula afirmou nesta segunda-feira que o Vietnã manifestou interesse em um acordo comercial com o bloco do Mercosul acrescentando que levará o assunto para discussão com os países do bloco. Lula, que atualmente preside o Mercosul, disse que quer aproximar os membros do Mercosul dos países asiáticos e destacou que há espaço para o crescimento do comércio com o Vietnã, ao receber o primeiro-ministro vietnamita, Pham Minh Chinh, em Brasília, segundo a Reuters. A iniciativa ocorre no momento em que o bloco do Mercosul tenta finalizar um acordo com a União Europeia.

Notícia da Reuters mostra cisão entre países do Mercosul. O presidente do Paraguai, Santiago Pena, disse na segunda-feira que interromperá as negociações entre o Mercosul e a União Europeia se as partes não chegarem a um acordo antes de 6 de dezembro, quando o Brasil passará a presidência do bloco para o Paraguai. Pena tem criticado o andamento das negociações entre os dois blocos comerciais desde antes de assumir o cargo em agosto. Uma semana antes de sua posse, ele disse à Reuters que a UE havia demonstrado, por meio de suas propostas, que não tinha interesse claro em avançar. O acordo entre o Mercosul – o bloco comercial composto por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai – e a UE enfrentou obstáculos em 2019 após uma carta de acompanhamento da UE que exigia salvaguardas ambientais.

O argentino La Nación reproduziu a matéria da agência Reuters com o título “Presidente do Paraguai coloca um ultimato nas negociações Mercosul-UE e procura outros parceiros em potencial”. Jornal também cita interesse do Vietnã. Acrescenta Canadá, Coreia do Sul e Cingapura com outros países em negociações para acordos comerciais com o Mercosul e diz que Lula já havia sugerido possíveis acordos com a China, Indonésia, Vietnã e países da América Central e do Caribe.

O Brasil, o México e a Índia são alguns dos países que estão atualmente em uma boa posição para atrair investimentos, disse o ministro da Fazenda do Brasil, Fernando Haddad, nesta segunda-feira, destacando uma “série de vantagens” que essas nações oferecem.  Em um evento organizado pela FGV, Haddad mencionou a força ambiental do Brasil, dizendo que seu país poderia se tornar um dos principais fabricantes de produtos “net zero”, e sua capacidade de se proteger de choques externos. O ministro acrescentou que sua equipe se reunirá com 25 investidores americanos em São Paulo no final do dia, dando sequência à reunião bilateral que os presidentes Joe Biden e Luiz Inácio Lula da Silva realizaram na semana passada. “Vimos um enorme interesse dos EUA em se associar ao Brasil em pesquisa, comércio e investimentos”, disse ele. “Um acordo de cooperação com os EUA seria o coroamento de nossa política multilateral.”, informa a Reuters.

O britânico Financial Times dedica extensa reportagem a uma manifestação da direita realizada em Belo Horizonte. “Lula, renuncie”, gritava um homem, vestindo uma camiseta com a mesma mensagem. Depois veio o coro – “Lula, renuncie!” – enquanto a multidão expressava sua aversão ao presidente de esquerda do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva. O grupo havia se reunido do lado de fora de um centro de convenções na cidade de Belo Horizonte para uma extravagância que os organizadores haviam anunciado, com evidente exagero, como o “maior evento conservador do mundo”. Conhecido como CPAC – ou Conferência de Ação Política Conservadora – o espetáculo é uma importação da direita americana que se consolidou entre a mistura de comunidades conservadoras, evangélicas e de extrema direita do Brasil. Durante a presidência anterior de Jair Bolsonaro, um ex-capitão do Exército que se tornou político populista, a CPAC se transformou em uma espécie de Carnaval para a direita. Em vez de roupas finas e purpurina, há bandeiras e camisetas do Brasil. Em vez de samba, há palestras sobre os perigos da ideologia de gênero e a importância de Jesus.  Este ano, no entanto, a exuberância arrogante do evento praticamente desapareceu. Com Bolsonaro fora do poder e proibido de disputar eleições, e a esquerda mais uma vez em ascensão, qualquer senso de triunfalismo havia desaparecido. Em seu lugar, havia medo e aversão.  “O governo de Lula é marcado pelo ódio, ressentimento e vingança”, disse Julia Zanatta, deputada federal do PL de Bolsonaro, cada vez mais de extrema direita. “E as decisões do judiciário mostraram que contra nós, políticos de oposição, de direita e conservadores, vale tudo.” O texto cita Bruno Carazza, analista político e professor da Fundação Dom Cabral, em Belo Horizonte, que disse “é um momento difícil para eles (bolsonaristas). Eles agora estão tentando se mobilizar e criar um plano para os próximos anos.”

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A publicação Rebelion e o site Página 12 mostram as diferenças entre Bolsonaro e o candidato à Presidência da Argentina Javier Milei.  Há uma espécie de consenso, que certamente é equivocado, de que se trata de uma versão local de Bolsonaro. Errado porque, por mais que Milei mencione Bolsonaro e o intempestivo ex-presidente dos EUA Donald Trump como figuras-guia, há diferenças notáveis entre o argentino e o brasileiro. Para começar, Milei é inteligente e informado. Além disso, suas propostas, por mais absurdas que possam parecer – absurdas e tremendamente perigosas – obedecem a uma certa lógica. E suas bravatas não chegam ao ponto de torná-lo tão desequilibrado quanto Bolsonaro. Texto do jornalista Eric Nepomuceno.

*A mais recente pesquisa eleitoral da corrida pela Presidência na Argentina, feita pela Celag, mostra 33,2% para Milei, 32,2% para Massa, candidato peronista, e 28,1% para Patricia Bullrich, ex-ministra. As eleições são em 22 de outubro.

Ilustração: Lula em encontro com 1º ministro do Vietnã Pham Minh Chinh, no Itamaraty, em Brasília / Joédson Alves/Agência Brasil

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