A alimentação escolar retorna com seu fosso entre ricos e pobres

A alimentação escolar retorna com seu fosso entre ricos e pobres

Meninos e meninas almoçam, com comida caseira, em escola na província de Maguindanao (Filipinas). Foto: Rainha Skullerud /PMA

Os programas de alimentação escolar, que atendem mais de 400 milhões de crianças em idade escolar em todo o mundo, também representam um impulso para as economias locais e geram mais de quatro milhões de empregos.

A merenda escolar está de volta e beneficia, hoje, 30 milhões de meninos e meninas a mais do que beneficiava antes da pandemia de Covid-19. No entanto, os países ricos atendem três vezes mais os estudantes que os países pobres, conforme indica um relatório do Programa Mundial de Alimentos (PAM), divulgado no último dia 21

ROMA – A merenda escolar está de volta e beneficia, hoje, 30 milhões de meninos e meninas a mais do que beneficiava antes da pandemia de Covid-19. No entanto, os países ricos atendem três vezes mais os estudantes que os países pobres, conforme indica um relatório do Programa Mundial de Alimentos (PAM), divulgado no último dia 21.

A merenda escolar “desempenha um papel vital no mundo de hoje, enfrentando uma crise alimentar que pode privar milhões de crianças de seu futuro. Em muitos países, a refeição que uma criança recebe na escola pode ser a única que conseguirá obter naquele dia”, disse Carmen Burbano, Diretora de Programas Escolares do PMA.

No início de 2020, antes que a pandemia causasse o fechamento generalizado de escolas, 388 milhões de crianças em todo o mundo se beneficiavam de refeições escolares diárias. Hoje, são 418 milhões – 30 milhões a mais – recebendo uma refeição na escola.

Todavia, são apenas 41% dos alunos de educação primária do mundo, e apesar de atender 61 dos alunos nos países ricos, nos pobres, o benefício alcance apenas 18% dos estudantes.

O número de crianças que se alimentam na escola nos países de baixa renda ainda está 4% abaixo dos níveis pré-pandêmicos, e em oito nações africanos, menos de 10% das crianças em idade escolar recebem educação gratuita com refeições escolares subsidiadas.

O relatório do PMA “O estado da alimentação escolar no mundo” reconhece avanços em 2022, em grande medida, por meio de orçamentos nacionais, já que a maioria dos governos adota políticas que ajudarão a mantê-los firmes a longo prazo.

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Informa-se que 75 países aderiram a uma coalizão de governos, organizações civis e entidades como o próprio PAM, que busca garantir que até 2030 todas as crianças possam receber uma refeição diária e nutritiva na escola.

O relatório argumenta que o almoço atrai mais alunos para a escola, especialmente meninas, e os permite aprender melhor, os ajuda a manter uma boa saúde que, combinada com a educação, oferece às crianças de países de baixa renda o melhor caminho para saírem da pobreza e da desnutrição.

A pesquisa do PMA mostrou que os programas de alimentação escolar podem aumentar as taxas de matrícula em nove por cento e a frequência escolar em oito por cento, por exemplo. Também impulsionam as economias locais, favorecendo em particular os setores agrícola, educacional, de saúde e proteção social, com uma economia de nove dólares por cada dólar investido.

O relatório sustenta que na área da agricultura, a merenda escolar ajuda especialmente os pequenos agricultores porque os programas de merenda escolar podem comprar mais alimentos das comunidades, combinando dietas de qualidade com a produção local, aumentando a agrobiodiversidade, fortalecendo a soberania alimentar e respondendo proativamente às mudanças climáticas, de acordo com o PMA.

Esses programas criaram aproximadamente quatro milhões de empregos em 85 países, ou 1.377 empregos para cada 100.000 crianças alimentadas. Globalmente, a indústria de alimentos fatura 50 bilhões de dólares/ano. A maior parte dos empregos criados e sustentados está relacionada com a preparação de alimentos, beneficiando cozinheiros locais e pequenos negócios de restauração, na sua maioria geridos por mulheres.

O PMA enfatiza que, em um momento em que 345 milhões de pessoas enfrentam níveis críticos de fome, incluindo 153 milhões de crianças e jovens, as refeições escolares são uma contribuição crítica de segurança para famílias vulneráveis.

Os investimentos em alimentação escolar “são menores onde as crianças mais precisam dessas refeições. Precisamos ajudar os países de baixa renda a encontrar formas mais sustentáveis de financiar esses programas”, o que requer ação oportuna dos países doadores e maior investimento doméstico, concluiu Burbano.

Confira o relatório aqui.

Artigo originalmente publicado na IPS.

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