O coronel Cid, os militares, o golpe – e Lula.

O coronel Cid, os militares, o golpe – e Lula.

Cid, que não é tão tolo quanto parece, trocou de advogado faz pouco tempo. O novo é um especialista em delações premiadas. O recado foi dado. O comando do Exército mostrou que entendeu. Enquanto isso, o ministro da Defesa de Lula, o indefectível José Múcio, corre para defender os generais.

O coronel Mauro Cid optou por ficar calado na CPI. Já era esperado. A surpresa foi ele ir fardado. 

Pior, o comando do Exército fez questão de anunciar que partiu dele a orientação para que Cid comparecesse assim.

Quando a coisa pegou um pouco mal, o Exército adotou sua manobra militar favorita: mentiu. Disse que era regra que todos os militares da ativa depusessem fardados. 

Mas Jean Lawand, coronel da ativa e conspirador golpista como Cid, o do “sem aloprar”, prestou depoimento vestido de civil, há duas semanas.

O que o Exército sinaliza é que está do lado de Cid, tanto que se dispõe a intimidar o Congresso. 

Certamente não é uma manifestação de solidariedade ao coronel, nem mesmo deferência a seu pai, também Mauro Cid, que é general de pijama. O Exército teme que ele dê com a língua nos dentes e comprometa gente graúda, de generais do Alto Comando até o próprio Jair. 

Cid, que não é tão tolo quanto parece, trocou de advogado faz pouco tempo. O novo é um especialista em delações premiadas. O recado foi dado. O comando do Exército mostrou que entendeu.

Enquanto isso, o ministro da Defesa de Lula, o indefectível José Múcio, corre para defender os generais.

Afirmou que Cid fardado “não foi afronta” ao Congresso. Antecipou julgamento afirmando que o comando do Exército “não participou daquilo” – e falou “aquilo” para não ter que falar “golpe”. Elaborou uma “tese” dizendo que os militares estão divididos entre “legalistas” (onde???) e “indignados”.

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Sim, “indignados”. É quase um elogio ao caráter dos golpistas.

Lula está mexendo no governo para acomodar o Centrão. Vai ceder ministérios, a Caixa Econômica, o escambau. É o jogo, dirão os pragmáticos. 

Pois é em nome do realismo político bem compreendido que Lula precisa trocar seu ministro da Defesa, colocando no cargo alguém comprometido com o primado do poder civil. Sem isso, a democracia que queremos construir sempre será frágil e instável.

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