Desmatamento na Amazônia cai quase 31% em relação a 2023
DESMATAMENTO EM QUEDA
O desmatamento na Amazônia Brasileira caiu 30,6% em comparação com o ano anterior, marcando o menor índice de destruição em nove anos, de acordo com um relatório do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) divulgado nesta quarta-feira (6). Em 12 meses, a Amazônia perdeu 6.288 km², redução que contrasta com o período do ex-presidente Jair Bolsonaro, quando a destruição atingiu o maior nível em 15 anos, devido à priorização da expansão do agronegócio em detrimento da proteção ambiental.
No Cerrado, a maior savana do Brasil, a devastação caiu 25,7%, somando 8.174 km², a primeira redução em cinco anos. Apesar do progresso, o impacto dos incêndios florestais, exacerbados pela seca histórica, pode aumentar as taxas de desmatamento nos próximos meses. O governo já se prepara para avaliar a situação com o monitoramento por satélite. A Amazônia, que ocupa uma área duas vezes maior que a da Índia, desempenha um papel crucial no combate às mudanças climáticas, armazenando grandes quantidades de dióxido de carbono e abrigando 20% da água doce do planeta (AP News).
DESMATAMENTO QUÍMICO
Autoridades brasileiras investigam uma nova técnica de desmatamento químico usada por pecuaristas, como Claudecy Oliveira Lemes, no Pantanal, onde grandes áreas de vegetação foram envenenadas com herbicidas, eliminando árvores e facilitando o cultivo de pastagens para o gado. Lemes, que já forneceu carne para grandes frigoríficos, como a JBS, é acusado de um dos maiores desmatamentos ilegais do Brasil, podendo ser condenado a pagar quase um bilhão de dólares em multa, embora ele negue as acusações, atribuindo a perda da vegetação a incêndios naturais.
O uso de pesticidas para desmatar dificulta a detecção por satélites, o que tem levado autoridades a investigar o impacto ambiental desses produtos no solo, na fauna e até na água subterrânea. Em 2021, a pulverização afetou a saúde de indígenas e estudantes da Amazônia, e especialistas como Ana Luiza Peterlini, promotora do caso, defendem que a prática tem efeitos mais duradouros que o desmatamento tradicional.
Ainda sem um sistema nacional para monitorar essa técnica, o caso Lemes impulsionou o governo a trabalhar com universidades na adaptação de sistemas de monitoramento para detectar o desmatamento químico (NYT via El Tiempo).
DISSEMINAÇÃO DAS BETS
Muitos brasileiros têm enfrentado dificuldades financeiras e emocionais devido ao vício em apostas esportivas online, que se tornaram amplamente acessíveis, especialmente após a pandemia de COVID-19. O Brasil tornou-se o terceiro maior mercado mundial de apostas esportivas, após EUA e Reino Unido, mas ao contrário desses países, não conta com regulação adequada. O governo agora tenta controlar o setor, mas enfrenta desafios.
A publicidade massiva, com patrocínios de marcas de apostas em eventos esportivos e nas camisetas dos clubes de futebol, somada à ausência de regulação efetiva, criou um cenário propício para o aumento do endividamento, exacerbado pelos altos juros no país. Com taxas bancárias que chegam a 8% ao mês, muitos brasileiros se veem forçados a atrasar contas ou cancelar planos. Em outubro, beneficiários do Bolsa Família gastaram 3 bilhões de reais em apostas, valor que ultrapassa 20% do orçamento do programa no mês.
A legalização das apostas esportivas, aprovada em 2018 pelo então presidente Michel Temer, tem gerado inúmeros problemas. Em outubro, o Ministério da Economia proibiu duas mil empresas de operar no Brasil por falta de documentação, enquanto o presidente Lula ameaçou encerrar o setor se as novas regulamentações não surtirem efeito. O Senado também abriu uma investigação, destacando problemas como sonegação e lavagem de dinheiro.
A pressão para apostar é evidente, com grandes jogadores de futebol promovendo marcas de apostas e clubes esportivos estampando esses patrocinadores nas camisas. Crianças e adolescentes têm criado contas usando informações dos pais, relatam veículos locais.
As novas regulamentações, a partir de janeiro, exigirão reconhecimento facial, contas bancárias específicas para transações e um domínio governamental, o bet.br, que abrigará apenas sites autorizados. A estimativa é de que entre 100 e 150 empresas continuem operando no país, sob supervisão (Independent).
Brasil e China estão negociando um memorando de entendimento para trazer uma empresa chinesa de satélites ao Brasil. O secretário de Telecomunicações do Brasil, Hermano Barros Tercius, confirmou o plano, e a expectativa é que a SpaceSail, da empresa chinesa Shanghai Spacecom Satellite Technology, comece a operar no país até 2025. A iniciativa visa diversificar o mercado dominado pela Starlink de Elon Musk, que controla 45,9% do setor de internet via satélite no Brasil, e garantir mais concorrência e melhores opções de serviço para os consumidores. O projeto SpaceSail, também conhecido como Qianfan ou G60, tem como objetivo fornecer serviços de comunicação de alta qualidade com uma rede de mais de 15 mil satélites de baixa órbita até 2030. Em outubro, o ministro das Comunicações do Brasil, Juscelino Filho, visitou a fábrica da empresa em Xangai para fortalecer a parceria (Global Times).
ELE NÃO (VAI)
O ex-presidente Jair Bolsonaro não participará da cerimônia de posse de Donald Trump, marcada para 20 de janeiro nos Estados Unidos, já que seu passaporte segue retido no Brasil. A restrição, imposta em fevereiro pelo ministro do STF Alexandre de Moraes, integra as investigações sobre os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.
Apesar dos esforços dos advogados do ex-presidente para reverter a decisão, pedidos anteriores foram negados devido ao risco de fuga. Em março, Moraes já havia negado a devolução do documento, bloqueando uma viagem planejada de Bolsonaro a Israel.
Inelegível até 2030, Bolsonaro responde a diversas investigações, incluindo acusações de envolvimento nos ataques antidemocráticos de janeiro, suspeitas de falsificação de certificados de vacinação e irregularidades envolvendo joias. Novas evidências colhidas pela Polícia Federal, com depoimentos de militares e dados eletrônicos, apontam que Bolsonaro teria discutido planos de golpe em reuniões no Palácio da Alvorada após as eleições de 2022 (Prensa Latina).
*Imagem em destaque: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil