Incêndios florestais e cadeirada dividem atenção da mídia internacional sobre o Brasil
O Focus 21 reúne as citações relevantes sobre o Brasil publicadas pela imprensa internacional
O Brasil enfrenta incêndios florestais e secas recordes – e a situação só pode piorar. Incêndios na Amazônia queimaram milhões de hectares, fazendo com que a qualidade do ar despencasse nas principais áreas metropolitanas. A seca extrema do Brasil continua a alimentar condições áridas que resultaram em incêndios florestais recordes na Amazônia. As chamas de dezenas de milhares de incêndios devastaram milhões de acres, tornando este ano o pior em termos de incêndios na Amazônia em quase uma década, de acordo com a Rainforest Foundation US. Um número impressionante de 7,4 milhões de acres queimados no primeiro semestre deste ano. (Independent)
O Parque Nacional de Brasília está envolto em chamas. No domingo (15/09), os bombeiros brasileiros começaram a apagar as chamas nesse novo foco da onda de incêndios que assola o Brasil como resultado da pior seca já registrada no país. O presidente Lula e a primeira-dama, Rosangela da Silva, sobrevoaram a área devastada dessa reserva natural na capital brasileira, de acordo com imagens publicadas em suas redes sociais. “O governo federal está trabalhando com o corpo de bombeiros para combater as chamas”, escreveu o presidente. (Le Monde, Libération)
O Brasil quer ser um campeão do clima e um gigante do petróleo. É possível ser as duas coisas? Lula apostou sua reputação internacional no meio ambiente, mas também precisa encontrar dinheiro para aliviar a pobreza em seu país. Uma série de eventos climáticos extremos ocorridos no Brasil no ano passado, associados por cientistas à mudança climática – incluindo secas, enchentes e ondas de calor – injetou maior urgência no debate. Incêndios florestais de grandes proporções lançaram fumaça em grandes áreas do país nas últimas semanas. (Financial Times)
A forma como os pesquisadores medem a exposição à fumaça de incêndios florestais não capta os efeitos de longo prazo sobre a saúde e esconde as disparidades raciais – artigo analítico. (The Conversation)
Página 12 traz artigo de Eric Nepomuceno: “Brasil: Meio ambiente, lenta mas seguramente, está sendo destruído”
O Supremo Tribunal Federal autorizou o governo do Brasil a modificar o orçamento, sem que isso seja contabilizado no cálculo fiscal, e a contrair empréstimos extraordinários para combater a “crise climática” provocada pelos incêndios que afetam o país. (Público)
CADEIRADA NO DEBATE
“Quem é Pablo Marçal, o candidato perturbador que no Brasil está sendo comparado a Milei e foi atacado com uma cadeira em um debate?”, diz o La Nación, e complementa: Pablo Marçal entrou na briga pelo Executivo da cidade mais populosa do Brasil e aparece em terceiro lugar; ele tentou se aproximar de Bolsonaro, mas as negociações fracassaram. E ainda: “Qualquer perseguição acelera o processo. Estão mexendo com a pessoa errada”, disse Pablo Marçal assim que foi bloqueado de todas as suas redes sociais, denunciado por pagar usuários para compartilhar suas publicações. Marco Antonio Teixeira, cientista político da Fundação Getulio Vargas, ressalta que, além de seu ódio à política tradicional e de um viés antiesquerdista, semelhante ao de Bolsonaro, é difícil classificar Marçal como político. “Ele tem uma atividade política focada na pessoa e pouco nas ideias”, disse Teixeira. “Bolsonaro tinha uma trajetória política, suas posições eram conhecidas. Marçal é alguém improvisado.”
Uma reviravolta inesperada marcou o debate para prefeito em São Paulo, quando José Luiz Datena, do Partido Socialista Democrático (PSDB), atacou fisicamente seu oponente, Pablo Marçal, do Partido Renovador Trabalhista (PRTB), jogando uma cadeira em sua cabeça. O incidente não foi apenas capturado ao vivo pela televisão, mas também se tornou viral rapidamente nas mídias sociais, provocando uma enxurrada de reações do público. Pablo Marçal é a figura que surge com força em São Paulo e ameaça quebrar a polarização entre Nunes e Boulos, os candidatos apoiados por Bolsonaro e Lula, respectivamente. Influenciador messiânico, empresário e admirador do presidente salvadorenho Nayib Bukele, o ultradireitista Marçal rompeu a polarização entre Lula e Bolsonaro, revolucionando a corrida eleitoral na maior cidade do Brasil com um estilo belicoso, provocador e extravagante. (El Tiempo, da Colômbia, Ámbito, La Política Online, Página 12, Washington Post, New York Times, Associated Press)
“Enegrecendo o debate político”. O 5º Seminário de Raça e Política, realizado na Universidade Federal Fluminense, reuniu mais de 40 acadêmicos e ativistas para discutir raça, poder e política em um contexto de crescimento da extrema-direita no Brasil. Foram abordadas questões como a representação política dos negros, a violência racial e os movimentos sociais, destacando os desafios para a justiça racial. O evento foi encerrado com uma palestra do cientista político afro-argentino Federico Pita sobre os riscos de uma representação desvinculada da justiça social e do poder negro. (Página 12)
“A esquerda brasileira enfrenta uma nova era”, artigo analítico de Valerio Arcary, historiador, militante do PSOL. (Rebelion)
VENEZUELA
Venezuela: um desafio externo para as relações internacionais do Brasil, afirma o Le Monde Diplomatique. A pergunta crítica a fazer é até que ponto o Brasil poderá intervir na política de outro país e ao mesmo tempo respeitar o pacto democrático do qual é um participante? Artigo de Danilo Sorato, professor de História e Relações Internacionais. Doutorando em Estudos Estratégicos pela Universidade Federal Fluminense (UFF).
BRASIL E UNIÃO EUROPEIA
O acordo de livre comércio “vacas por carros” entre a Europa e a América do Sul pode estar prestes a sofrer algumas mudanças de última hora. Para o Brasil, o acordo ainda pode acontecer desde que as importações de carros elétricos sejam limitadas, de acordo com diplomatas que falaram com o site Politico. Para a União Europeia, o acordo só poderá se concretizar se as vacas não forem criadas em terras desmatadas. Essas são as duas grandes questões que impedem (mais) um novo impulso para concluir as negociações sobre a criação de uma zona de livre comércio entre a UE e o bloco do Mercosul, que abrangeria quase 800 milhões de pessoas e seria responsável por um quinto do PIB global.
LIBERDADE RELIGIOSA
Praticantes de diferentes tradições religiosas marcharam pela icônica praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, no domingo, para apoiar a liberdade religiosa no Brasil, onde os casos de intolerância dobraram nos últimos seis anos. Centenas de homens, mulheres e crianças de mais de uma dúzia de religiões participaram do evento, conhecido como a Marcha pela Defesa da Liberdade Religiosa. Muitos dos participantes eram praticantes de religiões afro-brasileiras que recentemente sofreram ataques de membros de grupos cristãos. A recém-nomeada ministra dos Direitos Humanos do Brasil, Macaé Evaristo, também participou da marcha, que foi realizada pelo 17º ano consecutivo. (Independent)
SEM X
Os criadores de conteúdo brasileiros de sucesso no antigo Twitter perderam seu público e, portanto, sua receita, depois que a rede social foi bloqueada pela justiça. Alguns estão tentando reconstruir suas comunidades nas redes rivais Threads ou Bluesky. (Le Figaro)
Na imagem, o candidato da prefeito de SP, Luiz Datena, dá cadeirada em seu oponente, Pablo Marçal, durante debate na TV Cultura no domingo (15) / Reprodução/Instagram/TV Cultura
Jornalista, ex-Folha, Reuters e Valor Econômico. Participei da cobertura de posses presidenciais, votações no Congresso, reuniões ministeriais, além da cobertura de greves de trabalhadores e de pacotes econômicos. A maior parte do trabalho foi no noticiário em tempo real. No Fórum 21, produzo o Focus 21, escrevo e edito os textos dos analistas.