Programas – de 7 a 16 de setembro
Um compilado de atividades culturais para o feriado e o fim de semana
*O programa é para homenagear o saudoso presidente do Chile Salvador Allende. Para registrar os 50 anos da sua morte, no próximo dia 11, a Fundação Allende em parceria com a Associação Brasileira de Imprensa, a ABI, do Rio de Janeiro, promove o ato Allende não se rende em sua memória. Às 16 horas.
*Relembrando o histórico Discurso de Despedida de Allende, às 10 da manhã do dia do golpe, 11 de setembro, duas horas antes do início do bombardeio ao Palácio La Moneda onde se encontrava o presidente chileno: destaque para alguns trechos da sua última e emocionante fala transmitida pela Rádio Magallanes, que logo após foi retirada do ar.
*(…) “Esta será a última oportunidade em que poderei dirigir-me a vocês. A Força Aérea bombardeou as antenas da Rádio Magallanes. Minhas palavras não têm amargura, mas decepção”. (…) “Só me cabe dizer aos trabalhadores: não vou renunciar! Colocado numa encruzilhada histórica, pagarei com minha vida a lealdade ao povo. (…) Neste momento definitivo, o último em que eu poderei dirigir-me a vocês, quero que aproveitem a lição: o capital estrangeiro, o imperialismo, unidos à reação, criaram o clima para que as Forças Armadas rompessem sua tradição”.
*(…) “Sempre estarei junto a vocês. Pelo menos minha lembrança será a de um homem digno, que foi leal à Pátria. O povo deve defender-se, mas não se sacrificar. O povo não deve se deixar arrasar nem tranquilizar, mas tampouco pode humilhar-se”.
*(…) “Saibam que mais cedo do que tarde, de novo se abrirão as grandes alamedas por onde passará o homem livre para construir uma sociedade melhor”.
*(…) “Viva o Chile! Viva o povo! Viva os trabalhadores! Estas são minhas últimas palavras e tenho a certeza de que meu sacrifício não será em vão. Tenho certeza de que, pelo menos, será uma lição moral que castigará a perfídia, a covardia e a traição”.
*Sugestão de roteiro cinematográfico em memória da época: dois documentários clássicos tratam do golpe e da ditadura militar chilena. A Batalha do Chile, de Patrício Guzmán e No, de Pablo Larraín (resenha aqui). Ambos no Youtube. E mais: ReMastered Massacre no Estádio, de Bent-Jorgen Perlmutt, sobre a perseguição a músicos chilenos, entre eles Víctor Jara – na Netflix. Violeta foi para o Céu, a trajetória de Violeta Parra, de Andrés Wood, e Neruda, de Pablo Larraín, também no Youtube.
*A Bienal do Livro Rio completa 40 anos com uma edição comemorativa trazendo encontros e discussões acompanhando as mudanças do mundo e reunindo mais de 300 autores em 80 encontros com leitores, e cerca de 300 editoras do país. Até o próximo dia 10, no Riocentro, Avenida Salvador Allende, Barra da Tijuca. De segunda a sexta-feira das 9 às 21 horas. Sábado e domingo das 10 às 22 horas. Feriado: das 9 às 22 horas. Menores de 14 anos apenas podem entrar acompanhados dos pais ou responsável legal. E crianças com altura de até um metro não pagam ingresso.
*Em uma época em que a alfabetização das novas gerações é formulada contemplando também o conhecimento da organização de letras em teclado de computador (script) , é importante não deixar que as crianças e os jovens percam o contato com a literatura, a curiosidade pelos livros e o amor por eles. Visitar a Bienal do Livro é um excelente programa, em especial para crianças e adolescentes.
*A capital paulista também com o fim de semana turbinado com a 35ª edição da famosa Bienal de São Paulo que irá até 10 de dezembro, no Parque Ibirapuera. O maior evento de arte contemporânea do hemisfério sul, organizado pela Fundação Bienal, este ano conta com 1100 obras de 121 artistas dos quais “80% são não-brancos”, como anuncia a curadoria. É um grande programa visitá-la, instalada no belo pavilhão concebido por Oscar Niemeyer o qual, desta vez, terá paredes temporárias montadas no seu vão central.
*Lukács: uma introdução, da Boitempo, apresentado por José Paulo Netto, um dos mais conhecidos marxistas brasileiros e coordenador da Biblioteca Lukács, com dez obras do filósofo traduzidas diretamente do alemão. Para José Paulo, a obra lukacsiana continua a se mostrar uma esfinge para o leitor comum: “Entretanto, aqui não se repete o dilema grego: ‘Decifra-me ou devoro-te’, o desafio proposto pela obra lukacsiana é diverso. Resume-se em um ‘Decifra-me e compreenderás melhor o teu mundo’“.
*Desinformação e covid-19: desafios contemporâneos na comunicação e saúde é o titulo do livro recém-lançado pelo Instituto de Saúde Pública e organizado por Cláudia Malinverni, Jacqueline Brigagão, Janine Cardoso, Edlaine Faria Moura Villela e Carlos Roberto Z. Bugueño. O professor aposentado de Saúde Pública da USP, Paulo Capel Narvai, participa do trabalho com um capítulo que versa sobre o símbolo do SUS oculto durante a pandemia. A versão digital, gratuita, da íntegra do importante livro pode ser encontrada neste link.
*Para comemorar 112 anos, o Theatro Municipal de São Paulo apresenta, durante todo este mês, três óperas compostas nos séculos XX e XXI. A primeira, Isolda/Tristão, com música e libreto escritos pelas brasileiras Clarice Assad e Márcia Zanelatto e participação do Coral Paulistano. Dias 15, 17, 19, 20, 22 e 23. A segunda, nas mesmas datas, é Ainadamar, do argentino Osvaldo Golijov, que conta a história da atriz catalã Margarita Xirgu, exilada da Espanha pela ditadura franquista. A terceira é fruto do projeto Ópera Fora da Caixa. De Hoje para Amanhã, do austríaco Arnold Schoenberg, será encenada dias 21, 22, 23, 27, 28 e 29 de setembro. Todas às 21 horas.
*Planos para o Brasil, projetos para o mundo – O novo imperialismo britânico e o processo de Independência (1800-1831), do professor emérito da USP, José Jobson de Andrade Arruda, é sugestão de leitura sobre o tema da Independência. Diz a apresentação do volume: “Em um momento paradigmático de nossa história, em um mundo em crise, sob ameaças de destruição biológica e nuclear, de extinção de direitos democráticos e de autonomias políticas, e apontando para o retorno de autoritarismos, é fundamental entender, através do processo da Independência, a formação do Brasil”. (Editora Alameda).
*Participaram do Festival de Cinema de Veneza os curtas-metragens brasileiros Mãri Hi – A Árvore do Sonho, de Morzaniel Ɨramari, premiado no Festival de Gramado e no É Tudo Verdade, e dois filmes yanomamis – Yuri uxëa tima thë – A Pesca com Timbó e Thuë pihi kuuwi – Um Mulher Pensando, ambos dirigidos por Aida Harika, Edmar Tokorino e Roseane Yariana. Apresentação deles também na Bienal do Livro.
*Disponível no aplicativo Skeelo, a partir deste mês, a primeira obra do recém-fundado Clube Aleph, o clássico Eu, Robô. Estarão disponíveis, todos os meses, e-books de ficção científica e cultura pop nesse ecossistema de livros e leitura.
*Dias atrás, replicada no Sputnik Brasil a entrevista concedida pelo embaixador brasileiro José Maurício Bustani ao site The Intercept na qual ele relata uma reunião, em 2022, com o então subsecretário de Estado para Controle de Armas e Assuntos de Segurança Internacional do governo Bush, John Bolton, um dos principais defensores da invasão norte-americana do Iraque. O embaixador Bustani foi destituído da chefia da Organização para a Proibição de Armas Químicas após uma indecorosa pressão norte-americana cujo governo insistia na existência de armas químicas por parte do governo iraquiano para desse modo justificar a invasão daquele país.
*”Ele (Bolton) entrou no meu escritório”, conta o embaixador, “me ameaçou e deu 24 horas para que eu renunciasse. Foi um ultimato. E disse: ‘Nós sabemos onde estão seus filhos’. Na época, dois deles estavam em Nova York. Eu respondi: ‘Eu não tenho medo de nada e nem eles. Se vocês quiserem, me ponha para fora'”.
*Vaza Jato: os Bastidores das Reportagens que Sacudiram o Brasil é o título do livro da extensa reportagem da jornalista Letícia Duarte com entrevistas e relatos de fontes que desvendam os bastidores da série de reportagens que sacudiram o país. Na segunda parte do volume, uma seleção de matérias publicadas durante a Vaza Jato e duas reportagens inéditas: uma, sobre as relações dos procuradores com a Rede Globo, e outra sobre o dia da condução coercitiva do ex-presidente Lula. (Mórula Editorial).
*O documentarista paulista Sérgio Roizenblit (de O Milagre de Santa Luzia) apresentando sua primeira ficção, Agreste, no 27º Cine PE – Festival do Audiovisual que vai até sábado, dia 9. O roteiro, participante do Laboratório Franco Brasileiro de Roteiros, do Festival Varilux de Cinema Francês de 2017, se passa no interior do Nordeste e narra o conflito entre a intolerância religiosa e moral e uma história de amor e liberdade protagonizada por um trabalhador rural e uma jovem prometida a um casamento arranjado.
( L.M.A R.)
*As informações acima são fornecidas por editoras, produtoras e exibidoras
**Imagem em destaque: Salvador Allende (Creative Commons)