Ao completar 20 anos, Bolsa Família deve tirar 10 milhões de pessoas da pobreza em 2023
Texto de Amanda Audi no Brazilian Report aborda os 20 anos do Bolsa Família, o “mundialmente famoso programa de transferência de renda” do governo brasileiro, e traz informações históricas: o primeiro pagamento do Bolsa Família, em outubro de 2003, tinha média de 73 reais por família e chegava a 1,15 milhão de lares. Atualmente, o programa inclui pagamentos adicionais para crianças e mulheres grávidas, além de um subsídio de 600 reais por mês, e chega a impressionantes 21,5 milhões de famílias empobrecidas.
Criado em 2003 pelo presidente Lula, o Bolsa Família consolidou vários programas sociais existentes e se tornou um sucesso notável no Brasil, ganhando apoio de figuras de diversos espectros políticos. No início de ser terceiro mandato, este ano, Lula teve que reintroduzi-lo após o governo anterior tentar, de Jair Bolsonaro, renomeá-lo como Auxílio Brasil para capitalizar em sua popularidade.
Com o aumento sem precedentes de benefícios e orçamento, o Bolsa Família deve tirar mais de 10 milhões de pessoas da pobreza em 2023.
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Notícia do Brazilian Report: o IPCA-15, índice que calcula a inflação do meio do mês, aumentou 0,21% em outubro, “em linha com as expectativas do mercado”, acumulando 5,05% nos últimos 12 meses. O aumento foi impulsionado pelos custos de transporte, com um aumento de 23,75% nas passagens aéreas. Por outro lado, os preços dos combustíveis caíram na primeira metade de outubro, uma queda que deve continuar, já que a Petrobrás anunciou uma redução de 4,1% nos preços da gasolina.
O principal destaque vai para a queda dos preços dos alimentos pelo quinto mês consecutivo, embora a uma taxa mais lenta se comparados a setembro. A inflação dos alimentos caiu 0,54% no acumulado do ano e subiu apenas 0,69% nos últimos 12 meses.
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O presidente Lula afirmou nesta sexta-feira (27) que seu governo dificilmente irá eliminar o déficit fiscal no próximo ano, enfatizando a importância de financiamentos para projetos prioritários e investimentos em construção. Segundo a agência Reuters, Lula criticou os investidores durante uma coletiva de imprensa, dizendo que o mercado é “ganancioso demais” ao exigir metas que não podem ser cumpridas.
“Nós dificilmente chegaremos à meta zero, até porque eu não quero fazer cortes em investimentos e obras”, declarou ele. “Eu não vou estabelecer uma meta fiscal que me obrigue a começar o ano fazendo um corte de bilhões nas obras. (…) Vamos tomar a decisão correta e nós vamos fazer aquilo que vai ser melhor para o Brasil”.
O secretário do Tesouro Rogério Ceron disse que as contas públicas devem terminar o ano com um déficit maior que o inicialmente previsto, reconhecendo as dificuldades em equilibrá-las em 2024, devido à desaceleração da economia da China e o aumento das taxas de juros dos EUA. “Nós temos que encontrar solução aqui. Temos que ser criativos aqui. Temos que aceitar os desafios aqui”, disse Lula.
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Reportagem do Washington Post trata da ação do Ministério Público Federal (MPF) que notificou o Banco do Brasil nesta quarta-feira sobre abertura de inquérito que pretende investigar as ligações históricas da instituição com o comércio de escravos no Brasil no século 19.
À época, um dos maiores traficantes de escravos no país era José Bernardino de Sá, que financiou o tráfico de cerca de 20 mil africanos para o Brasil, tornando-se uma das pessoas mais ricas do país. Historiadores afirmam que Bernardino usou parte desta riqueza para financiar o Banco do Brasil. Além disso, o banco teria várias outras ligações com o comércio de escravos, incluindo seu capital inicial e a presença de notórios traficantes em cargos de liderança.
O MPF argumenta que instituições brasileiras devem prestar contas de seu papel no escravismo e pediu ao Banco do Brasil que se comprometesse com reparações, o que, segundo a reportagem, representa um desafio às crenças enraizadas no Brasil, onde a ideia de uma “democracia racial” historicamente obscureceu o impacto da escravidão na sociedade.
A ação visa dar início a um movimento de cobrança de reparação histórica por parte de grandes e centenárias instituições financeiras, públicas ou privadas, que de alguma maneira tenham participado ou apoiado a escravidão no país, diz a BBC News. Dentre as iniciativas de reparação, está o financiamento de pesquisas sobre o assunto para que, no futuro, seja possível apoiar projetos de reparação e políticas públicas destinadas à comunidade negra. O inquérito foi apresentado por um grupo de 14 historiadores e 11 universidades.
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No Asia Times, artigo assinado por Jurgen Ruland trata da recusa da Indonésia em fazer parte do bloco econômico formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Visto como potencial candidato desde 2011, o país foi oficialmente convidado a ingressar ao Brics durante a última cúpula do grupo, no mês de agosto, em Johanesburgo, mas declinou do convite.
O presidente indonésio explicou que o governo precisava de mais tempo para avaliar os benefícios e as desvantagens de uma possível adesão ao bloco, mas Ruland argumenta que tal decisão se baseia em motivações mais profundas, detalhando que a tradição de não alinhamento da política externa do país não condiz com o aumento da influência chinesa no Brics, e que a adesão poderia ser vista como uma mudança em direção ao campo chinês, comprometendo a política de equilíbrio da Indonésia entre os EUA e a China e suas relações com o Ocidente.
Além disso, o Banco de Desenvolvimento do Brics não é considerado uma opção atraente para financiar as necessidades de investimentos da Indonésia, e o ingresso ao bloco poderia afetar seus esforços para ingressar na OCDE. Para o autor, a decisão de não aderir ao Brics reflete o pragmatismo da política externa da Indonésia e sua busca por um equilíbrio delicado em um ambiente geopolítico volátil.
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No La Nación, da Argentina: Violência das milícias aterroriza o Rio de Janeiro e desafia Lula. O ataque com o incêndio de 35 ônibus e um trem na zona oeste da cidade mostra a extensão do controle dos grupos paramilitares, que agiram em resposta a uma operação policial que matou um de seus líderes.
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Artigo de Jaraima Almeida no Centro Latinoamericano de Análisis Estratégico: Arthur Lira, presidente da Câmara dos Deputados, age como um sequestrador, adiando a votação de projetos cruciais para o governo de forma a pressionar Lula a nomear um de seus aliados para a presidência da Caixa Econômica Federal (CEF). A destituição de Rita Serrano da presidência da CEF coincidiu com o lançamento da iniciativa “Brasil sem Misoginia”, que destaca a importância da igualdade de gênero. Já são três mulheres demitidas de cargos de alto escalão desde o início do governo Lula.
*Imagem em destaque: Brasília (DF), 20/10/2023 – A ex-beneficiária do Bolsa Família, Raquel Lima Clemente, durante cerimônia comemorativa dos 20 anos de criação do programa Bolsa Família, no Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS). Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil