Biden e Trump se encontram para o primeiro debate presidencial dos EUA
BIDEN E TRUMP DEBATEM
Joe Biden e Donald Trump se preparam para o primeiro debate das eleições presidenciais dos Estados Unidos, marcado para esta quinta-feira (27). Ambos estão empatados nas pesquisas nacionais, mas com Trump liderando em vários estados cruciais, o que pode ser determinante para o resultado em novembro.
O evento é histórico não só pela competição acirrada, mas também pela idade avançada dos candidatos — Trump, com 78 anos, e Biden, com 81. Tradicionalmente reservado às convenções partidárias, este também é o primeiro confronto direto antes de setembro. Curiosamente, é o primeiro debate desde 1988 organizado fora da Comissão de Debates Presidenciais, e, assim como o famoso debate televisivo de 1960 entre Kennedy e Nixon, este evento será realizado sem a presença de público.
Segundo o FiveThirtyEight, Trump lidera com 41% das intenções de voto, levemente à frente dos 40,9% de Biden, que tem mostrado recuperação nas últimas semanas. Com Trump à frente em estados decisivos como Michigan e Wisconsin, o debate poderá influenciar significativamente as tendências das pesquisas.
O local do evento, o Hank McCamish Pavilion em Atlanta, estará fortemente protegido por medidas de segurança, com jornalistas acompanhando o evento das arquibancadas (El Diario AR).
BOLÍVIA PRENDE GOLPISTAS
Nesta quinta-feira (27), o governo da Bolívia anunciou a prisão de 17 pessoas, incluindo militares da ativa e aposentados, além de civis, sob suspeita de participação em um golpe fracassado contra o presidente Luis Arce. O ministro do Interior, Eduardo del Castillo, revelou em uma coletiva de imprensa que os detidos, entre eles os generais Juan José Zúñiga e o vice-almirante Juan Arnez, ex-comandantes do Exército e Marinha, são acusados de liderar o suposto complô para derrubar Arce, cujo planejamento teria começado em maio passado. Outros 15 suspeitos foram apresentados à mídia, algemados e sob custódia policial.
Del Castillo destacou que três militares aposentados ainda estão sendo procurados. Zúñiga e Arnez enfrentam acusações sérias, como insurreição armada e terrorismo, podendo ser condenados a até 20 anos de prisão. Além dos militares, Aníbal Aguilar, ex-vice-ministro, também está sob investigação por suposta participação na conspiração. O ministro pediu colaboração da população para localizar os demais suspeitos e prometeu mais informações em breve, destacando a tensão política na Bolívia e preocupações sobre a estabilidade democrática do país (Correo).
O governo brasileiro condenou a tentativa de golpe envolvendo a movimentação irregular de tropas do Exército na Bolívia. Em um comunicado oficial, o governo de Lula manifestou apoio e solidariedade ao presidente Luis Arce e ao povo boliviano, sublinhando que manterá um diálogo constante com as autoridades legítimas da Bolívia e com outros governos sul-americanos para repudiar essa séria violação da ordem constitucional.
Reafirmando seu compromisso com a manutenção da democracia na região, o governo do Brasil enfatizou que eventos como os dessa quarta-feira (26) são incompatíveis com os compromissos da Bolívia no Mercosul, conforme o Protocolo de Ushuaia. O ministro da Defesa boliviano, Edmundo Novillo, assegurou que as Forças Armadas estão sob controle e que as investigações seguirão tanto no âmbito civil quanto militar.
Em entrevista à imprensa, o presidente Lula expressou seu desejo de que a democracia prevaleça na Bolívia e reiterou em suas redes sociais que o Brasil é um firme defensor dos valores democráticos em toda a América Latina, condenando qualquer forma de golpe de Estado. O Partido dos Trabalhadores (PT) convocou todas as forças democráticas a se solidarizarem com o povo boliviano e a permanecerem vigilantes contra tentativas de subverter sua soberania (Prensa Latina).
DESENCARCERAR A NEGRITUDE
O Brasil se tornou nesta semana a maior nação a despenalizar a posse de maconha para uso pessoal, alinhando-se a uma tendência global de crescente aceitação da droga. O país, que historicamente adotou uma abordagem rigorosa contra os entorpecentes, agora permite o uso pessoal de cannabis, refletindo uma mudança significativa na opinião pública e nas políticas sobre o tema nas últimas duas décadas, em um movimento que coloca o Brasil em sintonia com mais de 20 outras nações que despenalizaram ou legalizaram o uso recreativo da maconha, especialmente na Europa e nas Américas.
O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que os brasileiros podem portar até 40 gramas de cannabis, o equivalente a cerca de 80 cigarros, sem enfrentar sanções. A decisão, que entrará em vigor nos próximos dias e valerá por 18 meses, também solicita que o Congresso e as autoridades sanitárias definam uma quantidade permanente permitida. A comercialização da maconha, no entanto, permanece um delito penal.
Especialistas legais apontam que milhares de brasileiros estão presos por portarem quantidades inferiores ao novo limite, e ainda não está claro como a decisão impactará em suas condenações. Muitos desses encarcerados são homens negros, que respondem 61% dos processados por tráfico de drogas, ainda que representem apenas 27% da população. De acordo com pesquisas, brasileiros negros frequentemente enfrentam acusações mais severas que os brancos em situações semelhantes (Clarín).
RECONSTRUINDO CORPO E ALMA NO RS
Artigo assinado pelo correspondente do britânico Guardian no Brasil, Tiago Rogero, traça um paralelo entre a devastação das enchentes recentes e o obscurecimento da história das comunidades originárias de São Leopoldo devido à imigração alemã, incentivada no período pós-independência do Brasil com o intuito de “embranquecer” a população, deixando profundas marcas na cultura local, ao mesmo tempo em que silenciou as narrativas das comunidades negras e indígenas.
A narrativa segue Dominga Menezes e as memórias de sua infância em São Leopoldo e como a discriminação racial estava presente até nas cores dos trajes das dançarinas em um evento comemorativo da imigração alemã.
Agora, as enchentes recentes trazem à tona questões sociais e históricas. A tragédia, que deixou muitas famílias desabrigadas e causou grandes perdas materiais, também expôs a necessidade de um acerto de contas com o passado.
O prefeito Ary Vanazzi e o historiador Rodrigo Luiz dos Santos, entre outros, refletem sobre a importância de reconhecer e integrar as histórias das populações negras e indígenas na memória coletiva da cidade. Dominga Menezes, agora jornalista, publicou um livro sobre como o foco na migração alemã silenciou essas histórias. As enchentes serviram como um lembrete da necessidade de enfrentar tanto as consequências ambientais quanto as injustiças históricas.
As celebrações planejadas para o bicentenário da imigração alemã foram substituídas por ações de solidariedade, e o impacto psicológico e cultural das enchentes está sendo enfrentado pela comunidade local.
Rogero destaca a complexidade da identidade cultural de São Leopoldo e a importância de uma abordagem inclusiva para construir um futuro mais justo, onde todas as histórias sejam reconhecidas e valorizadas (Guardian).