G77 + China: Lula vai a Cuba para cúpula de países do Sul Global
Encontro busca novo pacto financeiro para países vulneráveis; Haddad quer crescimento acima da média global; Cid vendeu relógios e entregou dinheiro em espécie ao ex-presidente; escalada da violência na Bahia; e mais
LULA FOI PRA CUBA
O presidente Lula viajou nesta sexta-feira (15) para Havana, Cuba, onde participará da Cúpula do G77, o grupo composto por 134 países da Ásia, África e América Latina, e que este ano recebe a China como país convidado. O encontro – que antecede a Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova Iorque, entre os dias 19 e 25 de setembro – busca, dentre outras coisas, estabelecer um novo pacto financeiro internacional que auxilie os países mais vulneráveis. O G77 é a maior organização intergovernamental de nações do Sul Global reconhecida pela ONU.
Para o espanhol El Mundo, a presença de Lula em Havana reflete a continuação da política externa adotada em seu terceiro mandato: uma relação de respeito, porém distante, com os Estados Unidos, e o destaque a uma variedade de países que, em sua maioria, nas décadas de 1970 e 1980, faziam parte do Movimento dos Países Não Alinhados – nome dado ao grupo de nações que se mantiveram neutras durante a Guerra Fria, não se alinhando com os blocos pró-URSS ou pró-EUA. Hoje, sem o advento da Guerra Fria entre o capitalismo e o comunismo, o G-77, de certa forma, ocupa o lugar dos Países Não Alinhados.
Mao Ning, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores na China, afirmou que seu país está disposto a colaborar com Cuba e os demais membros do G77 no sentido de “fortalecer sua parceria estratégica” com o grupo e promover o desenvolvimento sustentável, a luta contra a mudança, a governança global e outros temas de interesse comum.
MAIS QUE A MÉDIA
“Este país não pode crescer menos que a média mundial. Não temos o direito de oferecer para a sociedade menos do que um crescimento superior à média mundial, com tudo o que o destino colocou nas nossas mãos. Temos o povo brasileiro, as riquezas naturais, nossas tradições culturais. É muita coisa para desperdiçar este momento”, disse Fernando Haddad, durante uma cerimônia de premiação corporativa, nesta quarta-feira (13).
Reproduzindo as palavras do ministro da Fazenda, o Brazilian Report relata que, nos últimos dez anos, o Brasil registrou um desempenho econômico inferior à média global, principalmente durante a crise de 2014-2016. No entanto, previsões indicam uma possível recuperação em 2023, com revisões que indicam um crescimento de 3% para o PIB brasileiro, ao passo que a economia global enfrenta um cenário menos otimista.
IMORAL? ILEGAL?
Citando “uma explosiva reportagem de primeira página” da edição desta semana da revista Veja, o The Guardian relata que, pouco antes de sua libertação, o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro teria prestado um depoimento à Polícia Federal, em Brasília, no qual admitiu ter vendido um Rolex cravejado de diamantes e um relógio de pulso Patek Philippe em nome do ex-presidente. Os relógios, vendidos em um shopping da Pensilvânia, foram presentes da Arábia Saudita e do Bahrein. “A venda foi imoral? Talvez. Mas não achamos que fosse ilegal”, teria afirmado Mauro Cid.
Os US$ 68 mil dólares recebidos pela venda dos relógios foram depositados em uma bancária do pai de Cid – o general Mauro Lorena Cid – nos EUA, antes de serem entregue em espécie ao ex-presidente. “À mão, para ele”, teria confessado Cid. A publicação do veículo britânico ainda ressalta que, de acordo com alguns analistas políticos, tendo em vista o grande número de investigações criminais pelas quais responde, a prisão de Bolsonaro é uma questão de tempo.
DOMINGO DA INFÂMIA
O mexicano La Jornada traz reportagem sobre a condenação dos primeiros acusados pelos atos golpistas do início do ano, destacando as palavras da ministra Rosa Weber, que ressaltou que o 8 de janeiro não foi um “domingo no parque”, e sim um domingo “de devastação, o dia da infâmia […], um domingo de devastação do patrimônio físico e cultural do povo brasileiro, uma devastação provocada por uma turba, que, com total desprezo pela coisa pública, invadiu esses prédios históricos da Praça dos Três Poderes”.
Outros veículos também trataram do tema, como o site Nodal, o argentino Página/12, o uruguaio Ámbito, o cubano Prensa Latina, o espanhol Kaos em la Red, a agência Reuters e o britânico Independent.
A ORIGEM DO PORTUGUÊS
Na versão brasileira do Le Monde Diplomatique, a possível oficialização da língua galega na União Europeia e seus potenciais benefícios para o Brasil. O texto explora a identidade linguística do galego, que compartilha raízes com o português, e examina o debate em torno de sua classificação como uma língua autônoma ou uma variante. Além disso, discute as vantagens da oficialização do galego na UE, dentre elas a criação de oportunidades para parcerias comerciais e culturais entre a Galiza e o Brasil e a preservação do patrimônio histórico e cultural da língua portuguesa em sua região de origem. “Ajudar no reconhecimento da língua galega é também proteger a língua portuguesa como patrimônio histórico e cultural no lugar em que ela nasceu”, sintetiza o artigo de autoria do linguista Victor Hugo da Silva Vasconcellos.
VIOLÊNCIA NA BAHIA
Um policial federal e quatro indivíduos suspeitos morreram nesta sexta-feira (15) em um confronto durante uma operação de combate ao tráfico de drogas no bairro de Valéria, em Salvador, capital do estado da Bahia, que tem enfrentado um aumento nos índices de violência.
De acordo com a Secretaria de Segurança Pública do Estado, outros dois policiais – um da Polícia Federal e outro da Polícia Civil – ficaram feridos durante o incidente. Segundo o órgão, os quatro homens que morreram eram suspeitos de fazer parte de uma facção criminosa.
Desde agosto, a PF tem participado de operações na Bahia como parte de um acordo de cooperação entre os governos estadual e federal para combater o crime na região. As informações são da agência Prensa Latina.
Imagem em destaque: Ricardo Stuckert/PR