Lula e Petro devem conversar nesta 4ª feira sobre eleição na Venezuela
O Focus21 reúne as citações relevantes sobre o Brasil publicadas pela imprensa internacional
Os presidentes do Brasil e da Colômbia discutirão opções para negociar o fim da crise venezuelana em uma ligação telefônica na quarta-feira, disseram à Reuters duas fontes envolvidas nas negociações. O telefonema envolvendo Luiz Inácio Lula da Silva e Gustavo Petro foi decidido depois que o presidente mexicano Andrés Manuel López Obrador se retirou da iniciativa presidencial tripartite sobre a contestada eleição na Venezuela. O Brasil e a Colômbia coordenaram seus esforços diplomáticos para resolver a crise venezuelana, que surgiu com a eleição de 28 de julho, que tanto o governo da Venezuela quanto a oposição afirmam ter vencido. Lula e Petro pediram que as autoridades venezuelanas divulgassem os resultados detalhados da votação. Andrés Manuel López Obrador, do México, disse na terça-feira que não participaria, por enquanto, das conversas com o Brasil e a Colômbia e que aguardaria a análise que a Suprema Corte da Venezuela fará da eleição. (Reuters / El Tiempo)
De acordo com um painel de especialistas das Nações Unidas, a maneira como as autoridades eleitorais venezuelanas lidaram com os resultados após as eleições de 28 de julho careceu das “medidas básicas de transparência e integridade que são essenciais para eleições confiáveis”. Em um relatório interno, ao qual a agência espanhola EFE teve acesso na terça-feira, o painel de quatro especialistas eleitorais enfatizou a declaração feita pelo Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela (CNE), segundo a qual o atual presidente do país, Nicolás Maduro, foi reeleito para um terceiro mandato consecutivo nas eleições de 28 de julho. O relatório, que inicialmente não deveria ser divulgado, enfatiza que os anúncios do CNE em 29 de julho e 2 de agosto, “sem a publicação de seus detalhes ou a entrega dos resultados tabulados aos candidatos, não têm precedentes nas eleições democráticas contemporâneas”. (El Diario Es espanhol)
Numa reunião com ministros, o presidente Lula divulgou a ideia de que a Venezuela pudesse tentar organizar novas eleições. O seu principal assessor, Celso Amorim, confirmou, segundo o jornal “Folha de S.Paulo”, que essa ideia foi discutida de forma “informal”. Uma publicação satírica venezuelana ironizou: “Brasil propõe repetir eleições até que Maduro ganhe”, titulava, terça-feira, o “Chigüire Bipolar”. O periódico se diz especializado em “notícias parciais e sem veracidade”, editadas por “uma capivara com problemas psicológicos”. O texto do jornal dizia ainda: “Num esforço para solucionar a crise venezuelana, Celso Amorim, assessor do presidente Lula da Silva e a única pessoa para quem não é suficiente uma página na internet com todas as atas do CNE [Conselho Nacional Eleitoral], sugeriu repetir as eleições na Venezuela até que [Nicolás] Maduro ganhe. Poderia ser a ‘melhor de três’”. (Expresso)
Sobre o segundo turno Na Venezuela proposto por Amorim (Clarín, El Tiempo):
LULA-CHINA
O presidente Lula disse nesta quarta-feira que discutirá uma “parceria estratégica de longo prazo” com a China quando se encontrar com seu colega chinês Xi Jinping no final deste ano no Brasil no G20. Lula mencionou em um evento que a China, o principal parceiro comercial do Brasil, pretende conversar com o país sul-americano sobre sua Iniciativa Cinturão e Rota. Ele sinalizou que o Brasil estaria aberto a aderir à iniciativa. Lula observou que não quer que os laços de seu país com a China comprometam seu relacionamento com os Estados Unidos. “Queremos que nossa economia seja mais forte do que nunca, por isso precisamos encontrar parceiros”, disse Lula. “Não pensem que eu quero brigar com os EUA. Pelo contrário, quero os EUA do nosso lado tanto quanto quero a China.” (Reuters)
CRESCIMENTO BAIXO NA AL
A América Latina acaba de completar a pior fase de crescimento desde a “década perdida” dos anos 1980, com uma taxa média de 0,9% entre 2015 e 2024, e pode perder um terço se não fizer mudanças estruturais profundas, advertiu o secretário-executivo da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), José Manuel Salazar-Xirinachs. “Quando temos uma taxa de crescimento tão baixa quanto 0,9%, que é a metade do que tivemos na ‘década perdida’ dos anos 80 (2%), é muito difícil gerar empregos de qualidade, reduzir a pobreza e até mesmo diminuir a desigualdade”, reconheceu o economista costarriquenho. A agência da ONU, sediada em Santiago, publicou um novo relatório na terça-feira, no qual reduziu sua previsão de crescimento regional para este ano para 1,8%, três décimos de ponto percentual a menos do que os 2,1% previstos em maio passado. (El Mercurio)
BAHIA: VIOLÊNCA POLICIAL
Ativistas deram o alarme sobre a violência policial no estado da Bahia, depois que novos números revelaram que mais crianças e adolescentes são mortos pelas forças de segurança da região do que em qualquer outro lugar do país. Duzentas e oitenta e nove pessoas com 19 anos ou menos foram mortas pela polícia na Bahia no ano passado, contra 242 em 2022, de acordo com um novo relatório do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. No ano passado, uma em cada três crianças vítimas de homicídio na Bahia foi morta pela polícia. Nos últimos 17 anos, a Bahia tem sido governada pelo PT do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Os novos números provavelmente aumentarão a pressão sobre o partido, que não conseguiu impedir os assassinatos cometidos pela polícia e o aumento da violência geral. A reportagem é extensa e entrevista analistas. (The Guardian)
MAIS AUTONOMIA AO BC
Uma comissão do Senado adiou mais uma vez, nesta quarta-feira, a votação de uma proposta de emenda constitucional para conceder autonomia financeira ao Banco Central, que é apoiada por legisladores conservadores, mas que conta com a oposição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A votação já havia sido adiada em julho e o patrocinador da proposta, o senador Plínio Valério, disse na quarta-feira que o governo não o havia procurado nesse meio tempo para discutir o texto. O Congresso concedeu ao Banco Central autonomia operacional e política em 2021, separando o mandato do governador do banco central do mandato do presidente. A autonomia financeira aumentaria ainda mais a independência do banco em relação ao poder executivo. (Reuters)
GREVE
O sindicato que representa os trabalhadores federais do meio ambiente do Brasil assinou um acordo com o governo para encerrar uma greve que afeta as licenças de petróleo e gás na maior economia da América Latina, de acordo com um comunicado à imprensa na segunda-feira. O sindicato Ascema, que representa os trabalhadores dos órgãos ambientais federais Ibama e ICMBio, bem como do Ministério do Meio Ambiente, disse que pretende manter uma desaceleração mais ampla do trabalho que começou em janeiro, o que significa que as licenças ainda podem ser afetadas.
RESENHA
O Le Monde Diplomatique traz resenha do livro “A União das Coreias” (Editora Reformatório, 152 pág.), de Luiz Gustavo Medeiros, autor nascido no Rio de Janeiro e radicado em Goiânia há mais de 20 anos, cidade onde se desenrola a narrativa ficcional. A obra oferece ao longo de 152 páginas uma análise intensa e fragmentada da mente de Paulo Henrique, um homem negro de trinta e poucos anos, em um texto que se passa ao longo de um único dia. A negritude também é um elemento importante da narrativa.
Na imagem, Nicolás Maduro durante a campanha eleitoral / Campanha de Nicolás Maduro
Jornalista, ex-Folha, Reuters e Valor Econômico. Participei da cobertura de posses presidenciais, votações no Congresso, reuniões ministeriais, além da cobertura de greves de trabalhadores e de pacotes econômicos. A maior parte do trabalho foi no noticiário em tempo real. No Fórum 21, produzo o Focus 21, escrevo e edito os textos dos analistas.