PF indicia Bolsonaro e mais 36 por tentativa de golpe de Estado
BOLSONARO E MAIS 36 INDICIADOS
A Polícia Federal (PF) indiciou nesta quinta-feira (21) Jair Bolsonaro (PL) e mais 36 aliados sob a acusação de planejar um golpe de Estado no país. A denúncia é resultado de uma vesta investigação que aponta a formação de uma organização criminosa com o objetivo de subverter o estado democrático de direito e manter o ex-presidente no poder, mesmo após sua derrota nas eleições de 2022.
Entre os crimes apontados estão abolição violenta do Estado democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa, com penas que podem chegar a mais de 20 anos de prisão. Além do ex-presidente, a lista inclui figuras de alto escalão, como o general Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa; o general Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional; o ex-ministro da Justiça Anderson Torres; Alexandre Ramagem, ex-diretor da Abin e atual deputado federal; e Valdemar Costa Neto, presidente do PL, partido de Bolsonaro. Também aparece o argentino Fernando Cerimedo, consultor de marketing digital ligado ao presidente argentino Javier Milei.
Além disso, há evidências de que Bolsonaro sabia de um plano para assassinar o presidente Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Quatro militares e um agente da Polícia Federal foram presos na última terça-feira (19) por envolvimento no esquema.
A investigação teve início após os ataques de 8 de janeiro de 2023, quando apoiadores de Bolsonaro invadiram e depredaram as sedes dos três poderes em Brasília, exigindo uma intervenção militar para mantê-lo no poder.
O relatório final – de mais de 800 páginas – da PF, com detalhes ainda sob sigilo judicial, foi elaborado com base em delações premiadas, quebra de sigilos telefônicos, bancários e fiscais, além de diversas operações de busca e apreensão. Entre as descobertas, identificou-se a atuação de ao menos seis núcleos: desinformação e ataques ao sistema eleitoral, incitação militar ao golpe, jurídico, operacional, inteligência paralela e medidas coercitivas.
O caso agora está nas mãos do STF e da Procuradoria-Geral da República, que decidirão os próximos passos legais. Bolsonaro nega as acusações e se diz vítima de perseguição política (El Tiempo, The Guardian, The Independent, El Diario, Prensa Latina, Clarín e La Nación).
SEM ANISTIA
O Partido dos Trabalhadores (PT) pediu ao presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, que arquive o projeto de lei que propõe anistiar os condenados pela tentativa de golpe de 2023. A solicitação foi feita pela presidente do PT, Gleisi Hoffmann, e pelo líder do partido na Câmara, Odair Cunha.
O PT argumenta que a continuidade da tramitação do projeto é prejudicial à democracia, destacando o recente atentado com bomba à sede do STF em Brasília, e as conclusões da Polícia Federal sobre os planos de assassinato do presidente Lula, do vice Geraldo Alckmin e do ministro Alexandre Moraes (Prensa Latina).
RELAÇÕES INTERNACIONAIS
Com a assinatura de 37 acordos em áreas como comércio, agricultura, indústria, investimento, ciência e tecnologia, comunicações, saúde, energia, cultura, educação e turismo, Lula e Xi Jinping aprofundaram ainda mais a cooperação entre Brasil e China nesta quarta-feira (20), no Palácio da Alvorada, em Brasília. “Estou confiante de que a Parceria que o presidente Xi e eu firmamos hoje excederá todas as expectativas e pavimentará o caminho para uma nova etapa do relacionamento bilateral”, disse Lula, ao final do encontro com o líder chinês.
Xi Jinping destacou que as relações entre os dois países estão no seu melhor momento e fez uma referência a Pelé: “Como disse o rei Pelé, o gol mais bonito é sempre o próximo. Da mesma maneira, o capítulo mais maravilhoso das relações China-Brasil também está por vir”.
Sobre a crise na Ucrânia, os presidentes ressaltaram que não há soluções simples para conflitos complexos e concordaram em buscar uma resolução política criando, em conjunto com outros países do Sul Global, o Grupo Amigos da Paz.
Xi também abordou a situação na Faixa de Gaza, alertando sobre o agravamento da crise humanitária e suas implicações para a segurança regional. “Estamos profundamente preocupados e a comunidade internacional tem que se empenhar mais. Para resolver a crise atual é preciso focar na Palestina, que é a causa raiz”, disse.
Lula e Xi também expressaram interesse em estreitar o diálogo entre China e o Mercosul. A ideia de um acordo comercial comercial entre o gigante asiático e o bloco latino-americano tem sido discutida há algum tempo e é vista como uma alternativa ao impasse do acordo Mercosul-União Europeia.
Apesar das expectativas chinesas, Lula optou por não aderir à Nova Rota da Seda, adotando apenas algumas de suas diretrizes. No entanto, o presidente anunciou a criação de dois grupos de trabalho: um focado em cooperação financeira e outro em desenvolvimento sustentável, com início das atividades previsto para os próximos dois meses. (ANSA Latina, Nodal e O Guardião).
*Imagem em destaque: Flickr/Palácio do Planalto