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Reunião do G20 termina com defesa unânime de dois estados entre Israel e Palestina

Reunião do G20 termina com defesa unânime de dois estados entre Israel e Palestina

POR TATIANA CARLOTTI

A paz só será possível com dois estados, um palestino e outro israelense. É o que acordaram, por unanimidade, os chanceleres presentes na primeira reunião de nível ministerial do G20 sob a presidência do Brasil, encerrada nesta quinta-feira (22) no Rio de Janeiro. Também foi unânime entre os chanceleres a necessidade de reformar o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU).

Neste segundo e último dia de discussões, a pauta se centrou nas reformas em organismos multilaterais como a ONU, a OMC e o FMI. Ontem, os conflitos internacionais, principalmente os da Ucrânia e de Gaza, ganharam o centro das discussões.

A reunião do G20 no Rio, contou com a presença de 45 delegações. Praticamente todos os chanceleres dos países membros estiveram presentes, com exceção da China e da Itália. Também foram convidados representantes da Bolívia, Paraguai e Uruguai e representantes de organismos multilaterais, como a ONU.

No encerramento dos trabalhos, o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira (foto) defendeu que as organizações financeiras multilaterais, como o FMI, facilitem o acesso a financiamento dos países pobres, e passou a data do próximo encontro: será em setembro, em Nova York, quando também acontecerá a 79ª Assembleia-Geral da ONU. “Será a primeira vez em que o G20 se reunirá dentro da sede das Nações Unidas, em sessão aberta para todos os membros da organização, para promover um chamado à ação em favor da reforma da governança global”, destacou.

Sua fala também foi destaque nos jornais equatoriano El Mercurio e português Correio da Manhã. Não é “aceitável que o mundo ultrapasse a marca de 2 biliões de dólares em gastos militares, enquanto os programas de ajuda e assistência ao desenvolvimento arrecadam apenas 60 mil milhões de dólares no total, equivalente a menos de 3% dos gastos com Defesa”, disse.

No mexicano La Jornada, destaque para o apelo de Lula por uma reformulação profunda das organizações multilaterais de governação global, especialmente do Conselho de Segurança da ONU. O presidente brasileiro também o solicitou à ONU, à Organização Mundial do Comércio e aos bancos multilaterais, uma maior representação dos países em desenvolvimento.

Na agência Nodal, Pedro Brieger trouxe uma análise das recentes viagens de Lula, destacando sua defesa pela recomposição do Conselho de Segurança da ONU com a presença permanente da América Latina e da África. Ele também justificou a presença do Egito na reunião, lembrando de que se trata não apenas do “país árabe mais importante, mas também do principal importador de trigo do mundo que está em processo de troca de mercadorias em diferentes moedas sem passar pelo dólar, nem depender da moeda norte-americana, como também pretende Lula”.  

DOIS ESTADOS

As discussões do G20 e o firme posicionamento brasileiro em defesa do cessar-fogo em Gaza continuam manchete em vários jornais internacionais que destacaram, em particular, as presenças no evento do secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken e do chanceler russo, Sergey Lavrov, que se encontraram pela primeira vez após a morte do líder da oposição russa Alexei Navalny, aponta o angolano O Guardião.

A Telesur, o colombiano El Tiempo e a Reuters comentaram a presença de Lavrov. No argentino Página 12, na extensa reportagem sobre o encontro ontem entre Lula e Blinken, o destaque foi o consenso de ambos pela criação de um Estado Palestino. “Blinken levantou o assunto durante o encontro de uma hora e meia que teve com Lula no palácio presidencial do Planalto, em Brasília, antes da reunião dos chanceleres do G20”, detalha o texto.

O também argentino La Politica Online destacou que embora Blinken, secretário de Estado de Biden, tenha esclarecido não partilhar das declarações do presidente do Brasil, “fontes em Washington sugerem que é correto que alguém desempenhe essa função”. “Os Estados Unidos não têm intenção de “disciplinar” Lula neste sentido porque querem fortalecer a sua aliança num continente em convulsão e sem uma hegemonia clara na paleta ideológica dos governos latino-americanos (…) Tal como anunciou a LPO, Biden valoriza o papel que Lula desempenhou na mediação com o chavismo de Nicolás Maduro e espera que seja um garante da estabilidade, dada a ameaça de avanço da Venezuela sobre a Guiana. Além disso, os Estados Unidos são o principal investidor do Brasil”, afirma o texto.

Desde o início da ofensiva militar autorizada por Benjamin Netanyahu, já se registaram mais de 29 mil mortos, a maioria civis, além de 1,9 milhões de deslocados (85% da população de Gaza). A crise diplomática entre Brasil e Israel que declarou Lula “persona non grata” no país é tema hoje no periódico uruguaio La Diaria e no Financial Times, sob a manchete “Lula do Brasil ‘persona non grata’ em Israel enquanto a guerra em Gaza irrita o mundo em desenvolvimento”, trazendo críticas das nações latino-americanas e africanas à guerra de Israel na Palestina. O tema também foi abordado no Estrategia.la que apontou as falas de Lula durante a sua viagem à África, repudiando o genocídio dos palestinos e exigido o reconhecimento internacional da soberania territorial da Palestina.

Veja Também:  Com Lula e retorno do Bolsa Família, insegurança alimentar cai 85% em 2023

A reunião do G20 também foi manchete no chinês South China Morning Post e no Nodal

COMBATE À DENGUE

Le Monde traz hoje uma reportagem sobre a vacinação no combate à dengue, apontando os esforços do Instituto Butantã, entre outros, para criar uma nova era no combate à doença que afetou pelo menos 5 milhões de pessoas e causou 5.000 mortes em 2023, segundo a Organização Mundial da Saúde. Para a entidade, “o progresso no desenvolvimento de vacinas dá esperança de uma melhoria substancial na prevenção desta doença causada por um arbovírus transmitido por mosquitos e que pode causar febre alta, dor de cabeça, náusea e vômito”.

JAVIER MILEI

Na Sputnik, reportagem sobre a expulsão de brasileiros do aeroporto da Argentina, sob o argumento de “falso turista”, lembra que o mote era usado frequentemente durante a ditadura no país vizinho. “Nos últimos meses, brasileiros, chilenos e equatorianos estão sendo barrados de entrar em território argentino mesmo com documentação. Advogados caracterizam os impedimentos como ordens vindas “de cima” do governo de Javier Milei”, informa a reportagem.

8 DE JANEIRO

O colombiano El Tiempo destaca que a Primeira Câmara do Supremo Tribunal Federal acolheu, por unanimidade, a denúncia contra sete policiais da antiga direção da Polícia Militar de Brasília por sua suposta “omissão” na intentona golpista de 8 de janeiro. “O ataque a Brasília – defende a acusação – só foi possível porque os oficiais superiores da Polícia Militar de Brasília relataram “não montaram as linhas de contenção e defesa de forma eficiente” e com isso “aderiram psicologicamente aos crimes cometidos pela horda”.

Outra reportagem no mesmo jornal, lembra que Jair Bolsonaro, ex-presidente do Brasil, foi intimado a comparecer nesta quinta-feira perante a polícia para responder sobre o seu envolvimento no plano golpista. Durante o depoimento, que durou apenas meia hora, Bolsonaro permaneceu em silêncio e não respondeu a nenhuma das acusações a ele dirigidas, informam a Agência EFE e o Independent.

Como informa Prensa Latina, que também cobriu o tema, o número de condenados pelo Supremo subiu para 86 pessoas. “Todos os acusados ​​fazem parte do grupo que participou diretamente dos atos violentos, segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR). Os condenados receberam penas que variam de três a 17 anos de prisão, além do pagamento de multa de 30 milhões de reais (cerca de seis milhões de dólares) por danos morais coletivos”.

DINO NO SUPREMO

Nesta quinta, o ex-ministro da Justiça Flávio Dino tomou posse como ministro no Supremo Tribunal Federal (STF), após prestar juramento, informa Prensa Latina. The Brazilian Report também traz uma reportagem sobre o que esperar do ex-ministro da Justiça agora na Suprema Corte.

Durante a posse, agora à tarde, o presidente da Corte, ministro Luís Roberto Barroso, único a discursar, lembrou que Dino é um “homem público que serviu o país nos Três Poderes”: “A presença maciça neste plenário de pessoas de visões políticas das mais diversas apenas documenta como o ministro Flávio Dino é uma pessoa respeitada e querida pela comunidade jurídica, política e pela sociedade brasileira. A presença também documenta a vitória da democracia, da institucionalidade e da civilidade”, afirmou.

BOAS NOVAS

A Reuters informa que a Hyunday anunciou investimentos no Brasil. Segundo a Agência Brasil, os investimentos somam US$ 2,5 bi e podem criar 6,5 mil empregos no país. Verbas serão concentradas em carros híbridos, elétricos e movidos a hidrogênio verde. O anúncio ocorreu após reunião entre Lula e o presidente executivo da Hyundai, Euisun Chung, nesta quinta-feira (22), em Brasília.


Imagem em destaque: O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira fala após reunião de chanceleres do G20, na Marina da Glória, zona sul do Rio de Janeiro Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

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