Dez palestinos mortos (três crianças) no ataque israelense a Jenin
Cerca de 3.000 residentes deixaram o campo de refugiados desde o início da operação, a maior do gênero em duas décadas, que incluiu ataques de drones e uma invasão de 1.000 militares israelenses. O ataque segue outra operação ocorrida em 19 de junho no campo, onde vivem cerca de 18.000 pessoas.
NAÇÕES UNIDAS – O ataque lançado pelas forças armadas israelenses no campo de refugiados de Jenin, na Cisjordânia, deixou 10 palestinos mortos, incluindo três crianças, e pelo menos 100 feridos, 20 deles em estado grave, informou nesta terça-feira o 4º Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários.
Em um aparente ataque de retaliação na cidade israelense de Tel Aviv na terça-feira, sete pessoas ficaram feridas, três gravemente, quando um palestino atropelou pedestres do lado de fora de um shopping. O atacante foi morto a tiros por um cidadão israelense no local e, de acordo com relatos da mídia local, o grupo militante palestino Hamas descreveu o ataque como uma resposta direta à operação militar em Jenin.
O Secretário-Geral da ONU, António Guterres, manifestou a sua profunda preocupação com os acontecimentos ocorridos em Jenin, na Cisjordânia ocupada, que tiveram início na madrugada de segunda-feira, dia 3, e afirmou que “todas as operações militares devem ser realizadas no pleno respeito o direito humano internacional”.
Cerca de 3.000 residentes deixaram o campo desde o início da operação, a maior do gênero em duas décadas, que incluiu ataques de drones e uma invasão de 1.000 militares israelenses.
A agência da ONU para refugiados palestinos (Unrwa), que administra quatro escolas, um centro de saúde e outras instalações no campo, disse que muitos residentes precisam urgentemente de comida, água potável e leite em pó para seus filhos. Os ataques aéreos “danificaram significativamente” as estruturas em que as pessoas viviam no acampamento e nos bairros vizinhos, complementou a agência.
O ataque segue outra operação ocorrida em 19 de junho no campo, onde vivem cerca de 18.000 pessoas, deixando quatro palestinos mortos e 91 feridos. O exército israelense enquadra a operação como um “amplo esforço antiterrorista” porque, conforme afirma o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, “Jenin se tornou um paraíso para o terrorismo nos últimos meses e estamos colocando um fim nisso”.
Enquanto isso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou na terça-feira que a extensão dos ferimentos está pressionando o “frágil e subfinanciado” sistema de saúde da região. Disse também que está trabalhando com parceiros para fornecer mais suprimentos médicos para salvar vidas no Hospital Jenin.
Segundo a agência de saúde da ONU, ambulâncias com equipes médicas foram impedidas de entrar em partes do campo de refugiados e de chegar nas pessoas gravemente feridas. Pelo menos dois hospitais também foram afetados por ataques com munição e botijões de gás.
“Os ataques aos cuidados de saúde, incluindo a prevenção do acesso a pessoas feridas, são extremamente preocupantes”, disse a OMS, pedindo “respeito e proteção aos cuidados de saúde”, incluindo passagem segura para serviços de saúde em Jenin e em toda a Palestina.
O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk, pediu para a violência acabar, afirmando que “a recente operação na Cisjordânia ocupada e o ataque veicular em Tel Aviv sublinham ameaçadoramente um padrão muito familiar de eventos: a violência só gera mais violência”.
“A escala da operação das forças israelenses, incluindo o uso de ataques aéreos repetidos, bem como a destruição de propriedade, levanta sérios problemas com relação às normas e padrões internacionais relacionados aos direitos humanos, em particular a proteção e o respeito ao direito à vida”, complementou.
Türk destacou que “o uso de ataques aéreos é incompatível com os regulamentos aplicáveis à condução de operações policiais”.
“A lei internacional de direitos humanos impõe obrigações claras a Israel como potência ocupante para garantir que todas as operações sejam planejadas e controladas para minimizar, dentro do possível, o uso da força e, em particular, da força letal”, acrescentou.
Artigo publicado na Inter Press Service
tradução: Tatiana Carlotti
Jornalismo e comunicação para a mudança global