Discurso de Lula na COP28 e desastre ambiental em Maceió são destaques no noticiário internacional

Discurso de Lula na COP28 e desastre ambiental em Maceió são destaques no noticiário internacional

LULA NA COP28

O presidente Lula discursou nesta sexta-feira (1º) na 28ª Conferência das Nações Unidas sobre o Clima (COP28), em Dubai, e mais uma vez cobrou dos países ricos o cumprimento de promessas para ajudar os países em desenvolvimento a combater as mudanças climáticas. “O não cumprimento dos compromissos assumidos corrói a credibilidade do regime. A ciência e a realidade nos mostram que desta vez a conta chegou antes. O planeta já não espera para cobrar da próxima geração. O planeta está farto de acordos climáticos não cumpridos. De metas de redução de emissão de carbono negligenciadas. Do auxílio financeiro aos países pobres que não chega. De discursos eloquentes e vazios. Precisamos de atitudes concretas”, proferiu o presidente, lembrando que “2023 já é o ano mais quente dos últimos 125 mil anos”.

A agência de notícias russa Sputnik aponta a crítica de Lula, aos 160 líderes internacionais presentes, em relação ao montante gasto em armamento: “Somente no ano passado, o mundo gastou mais de US$ 2,224 trilhões em armas. Quantia que poderia ser investida no combate à fome e no enfrentamento da mudança climática. Quantas toneladas de carbono são emitidas pelos mísseis que cruzam o céu e desabam sobre civis inocentes, sobretudo crianças e mulheres famintas?”, indagou, ressaltando ser “inexplicável que a ONU, apesar de seus esforços, se mostre incapaz de manter a paz, simplesmente porque alguns dos seus membros lucram com a guerra”.

O presidente brasileiro também disse que o mundo já se convenceu do potencial das energias renováveis e defendeu que “é hora de enfrentar o debate sobre o ritmo lento da descarbonização do planeta e trabalhar por uma economia menos dependente de combustíveis fósseis. Temos de fazê-lo de forma urgente e justa”, reporta o português Expresso.

Na britânica BBC, destaque para a declaração de Lula acerca da disparidade inclusive entre os que sofrem com os efeitos de eventos climáticos extremos e catastróficos: “A conta da mudança climática não é a mesma para todos. E chegou primeiro para as populações mais pobres. O 1% mais rico do planeta emite o mesmo volume de carbono que 66% da população mundial. […] No Norte do Brasil, a Amazônia amarga uma das mais trágicas secas de sua história. No Sul, tempestades e ciclones deixam um rastro inédito de destruição e morte. A ciência e a realidade nos mostram que desta vez a conta chegou antes”.

De acordo com reportagem da agência cubana Prensa Latina, Lula reiterou que os líderes não devem se eximir de suas responsabilidades, e esclareceu que nenhum país conseguirá resolver seus problemas de forma isolada. “Estamos todos obrigados a atuar juntos, além de nossas fronteiras. O Brasil está disposto a liderar pelo exemplo. Ajustamos nossas metas climáticas, que são hoje mais ambiciosas do que as de muitos países desenvolvidos. Reduzimos drasticamente o desmatamento na Amazônia e vamos zerá-lo até 2030. Formulamos um plano de transformação ecológica, para promover a industrialização verde, a agricultura de baixo carbono e a bioeconomia. Forjamos uma visão comum com os países amazônicos e criamos pontes com outros países detentores de florestas tropicais”, disse o presidente.

Durante sua abertura, nesta quinta-feira (30), a Conferência das Partes adotou a implementação de um Fundo para Perdas e Danos, designado para compensar nações mais suscetíveis aos impactos da mudança climática. António Guterres, secretário-geral da ONU, saudou a criação de “uma ferramenta essencial para proporcionar justiça climática às pessoas mais vulneráveis”, relata o argentino Télam, que também reproduz as palavras do sultão Al Jaber: “Felicito as partes por esta decisão histórica. É um sinal positivo para o mundo e para o nosso trabalho”, disse o presidente e anfitrião da COP28.

DESASTRE AMBIENTAL EM MACEIÓ

O iminente desabamento de uma mina da Braskem em Maceió ganha destaque na Reuters. Segundo a agência de notícias, a empresa petroquímica brasileira é alvo de uma ação judicial no valor de 1 bilhão de reais devido aos danos causados pelo afundamento do solo na cidade, resultante de suas minas de sal-gema, o que levou a evacuações forçadas. Movida por procuradores estaduais e federais, a ação busca expandir a área de risco relacionada ao afundamento do solo, exigindo que a empresa compense mais famílias.

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Nesta quarta-feira (29), a Defesa Civil de Maceió emitiu um alerta indicando que a mina de sal número 18 da Braskem estava prestes a desabar. Na quinta (30), a capital do Alagoas decretou estado de emergência por 180 dias e declarou que o movimento do solo na área “continuava com a mesma intensidade” registrada no dia anterior, quando 23 famílias ainda ocupavam propriedades na região.

A Swissinfo replica notícia da agência EFE relatando que o alerta foi emitido depois dos registros de pelo menos cinco episódios de tremores em novembro, culminando na evacuação de 27 famílias do bairro de Mutange por ordem judicial. Bairros próximos à região, como Bom Parto e Bebedouro, também estão em risco, diz a Prefeitura. A mesma área já enfrentou um afundamento do solo em 2018, resultando no deslocamento de 55 mil habitantes.

João Henrique Caldas (PL), prefeito de Maceió, afirmou que a cidade está preparada para a situação e criticou administrações anteriores por permitirem que a Braskem agisse livremente na cidade. A empresa declarou que a área da mina está isolada e 99,3% evacuada.

Contando com 35 minas na região, a Braskem encerrou totalmente suas atividades em maio de 2019. A prefeitura monitora a área, alertando que o colapso pode acontecer a qualquer momento.

BRASIL NA OPEP+

De acordo com o ministro da Energia Alexandre Silveira, o Brasil deve se juntar à OPEP+, grupo dos maiores países produtores de petróleo do mundo, a partir de janeiro de 2024. As informações são da agência russa RT News.

Liderado pela Arábia Saudita e pela Rússia, a OPEP+ compreende a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e Aliados e, em conjunto, bombeia cerca de 40% do petróleo bruto mundial.

“O Presidente […] confirmou nossa entrada na carta de cooperação da OPEC+ a partir de janeiro de 2024”, disse Silveira, durante uma reunião para discutir a estratégia de produção de petróleo para o próximo ano.

PANE NO SISTEMA

“A rede elétrica do Brasil não está preparada para as mudanças climáticas”, afirma o Brazilian Report. Conforme a publicação, as ondas de calor intensas têm provocado picos na procura de energia, o que tem testado os limites das infraestruturas energéticas. Em novembro, o país atingiu um recorde de demanda de eletricidade que ultrapassou os 100.000 MW, devido ao intenso uso de aparelhos como condicionadores de ar, ventiladores e desumidificadores durante as altas temperaturas.

Em São Paulo, moradores de bairros nobres relataram breves quedas de energia, atribuídas a uma sobrecarga do sistema. A Enel, distribuidora responsável pela capital, confirmou um aumento de 36% na demanda em certas regiões. Já a Metsul, empresa de monitoramento meteorológico, alertou que mais interrupções podem ocorrer nas regiões Sudeste e Centro-Oeste do país.

O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) destaca que o Brasil enfrentou oito ondas de calor em 2023, e apontou o registro da temperatura mais alta já registrada no país em uma pequena cidade do estado de Minas Gerais.

*Imagem em destaque: 01.12.2023 – Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, discursa na sessão de abertura da Presidência da 28ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP28), em Dubai. Foto: Ricardo Stuckert/PR

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