Macron, a Frente Popular e a extrema-direita
As próximas eleições na França, a se realizarem em dois turnos, nestedomingo 30 de junho e em 7 de julho,serão um momento crucial para o paíse para a Europa. O presidente Emmanuel Macron enfrenta o desafio do partido de extrema-direita RassemblementNational (RN), liderado por Jordan Bardella e Marine Le Pen. Após a derrota do seu partidonas eleições europeias de 2024, o presidente francês tomou uma decisão ousada: dissolver o Parlamento e convocar eleições legislativas antecipadas, numa manobrade alto risco visando recuperar o controle do Parlamento,atualmente dominado pela oposição de extrema-direita.
O RN, que vem ganhando força nos últimos anos, lidera as pesquisas de intenção de voto, com projeção de obter 35% dos votos, mais que o dobro da coligação de Macron.Em segundo lugar encontra-se a aliança de esquerda Nova Frente Popular, com 29,5%. O partido de Macron tem 19,5% das intenções de voto. Este resultado consolidaria o RN como a principal oposição aMacron, que já declarou não ter a intenção de renunciar e vai cumprir seu mandato até o fim.
A ascensão da Extrema-Direita
O candidato do RN, Jordan Bardella, de 28 anos, é definido pela revista Le NouvelObservateur como uma “armadilha” para os eleitores franceses. Apesar de uma imagem mais refinada do que a de sua líder Marine Le Pen, Bardella carrega o mesmo nacionalismo arcaico e a xenofobia do partido. No entanto, o RN tem conseguido atrair um apoio crescente, inclusive de setores da elite econômica francesa, tradicionalmente avessos às ideias do partido. Isso mostra que Bardella e o RN têm conseguido trabalhar sua imagem e derrubar as últimas barreiras ao seu avanço.
O documentarista Pierre-Stéphane Fort pesquisou os lados ocultos de Bardella e escreveu o seu perfil: “A sua ascensão na política francesa é um conto de fadas sombrio, um caminho pavimentado com oportunismo e traição, uma ambição que o consome. Acima de tudo, Bardella é um produto de marketing com um impacto retumbante, adaptado aos desejos da sua amante, Marine Le Pen”.
A vitória do RN representaria um cenário inédito de “coabitação” na França, com um partido de extrema-direita governando e escolhendo os ministros, em oposição ao presidente Macron, trazendo sérias implicações, tanto para a política interna francesa quanto para a posição do país na União Europeia.Macron alertou que o “aumento dos nacionalistas e demagogos é um perigo” e que os resultados das eleições europeias foram “um desastre que não pode ser ignorado”. Uma vitória do RN poderia “bloquear” a União Europeia, de acordo com o presidente francês. As eleições francesas significam, portanto, um momento decisivo não apenas para o país, mas também para o futuro da Europa.
A vitória do RN significaria a consolidação da Extrema-Direita, pois o partido obteria maioria absoluta, permitindo-lhe governar e escolher os ministros, em oposição ao presidente Macron. Isso pode ter sérias implicações para a política interna francesa e para a posição do país na União Europeia.
Uma vitória do RN pode “bloquear” a União Europeia, de acordo com Macron. Isso pode levar a uma redução da influência francesa na UE e a uma maior fragmentação política no continente.
O RN é conhecido por suas propostas econômicas conservadoras e nacionalistas, que podem ter efeitos negativos sobre a economia francesa e a União Europeia. Isso pode incluir cortes de impostos, reduções nos gastos sociais e uma política mais protecionista.
O RN tem também uma história de críticas a direitos humanos, incluindo a imigração, a igualdade de gênero e a liberdade de expressão. Uma vitória do partido pode levar a uma redução dos direitos humanos na França e na UE.
Manifestações
Milhares de manifestantes saíram às ruas para se opor ao avanço da ultradireita, sinalizando uma maior polarização política e a desestabilização do sistema político francês. Grandes passeatas de mulheres convocadas por associações feministas, sindicatos e ONGsforam às ruas no domingo passadoem Paris e outras cidades em protestos contra o RN e suas anunciadas políticas de extrema direita.
A população francesa está reagindo com um misto de emoção e preocupação.
O ex Presidente francês François Hollandevai concorrer às eleições, apoiando a criação da nova Frente Popular,num esforço de contrabalançar o crescimento da extrema-direita.
O RN é conhecido por suas propostas econômicas conservadoras e nacionalistas, que podem ter efeitos negativos sobre a economia francesa e a União Europeia. Isso inclui cortes de impostos, reduções nos gastos sociais e uma política mais protecionista.
Essas reações demonstram a complexidade e a importância dessas eleições. A Frente Popular está se preparando com uma estratégia que inclui a aliança entre o Parti Socialiste(Partido Socialista), a FranceInsoumise(França Insubmissa), o Parti Communiste(Partido Comunista) e LesÉcologistes(Os Ecologistas).
As chances da esquerda são incertas e dependem de várias fatores, incluindo a unidade dos partidos e a capacidade de apresentar um candidato único forte. Embora os líderes dos principais partidos de esquerda tenham anunciado a formação da aliança, a escolha de um candidato único ainda não foi definida.A unidade da esquerda será essencial para seu desempenho, mas a falta de um candidato único e a divisão entre os partidos podem prejudicar a coalizão. Além disso, a escolha de um candidato que não tenha legitimidade para chegar a primeiro-ministropode também afetar as chances da esquerda.
*Imagem em destaque: Florent AUDEBERT/Wikimedia Commons
Poeta, articulista, jornalista e publicitário. Traballhou no Diário de Minas como repórter, na Última Hora como chefe de reportagem e no Correio de Minas como Chefe de Redação antes de se transferir para a publicidade, área em que se dedicou ao planejamento e criação de campanhas publicitárias. Colaborou com artigos em Carta Maior e atualmente em Fórum 21. Mora hoje no Porto, Portugal.
É autor de Poente (Editora Glaciar, Lisboa, 2022), Dezessete Poemas Noturnos (Alhambra, 1992), O Último Número (Alhambra, 1986), O Itinerário dos Emigrantes (Massao Ohno, 1980), A Região dos Mitos (Folhetim, 1975), A Legião dos Suicidas (Artenova, 1972), Processo Penal (Artenova, 1969) e Texto e a Palha (Edições MP, 1965).