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ONU clama pelo fim da guerra no Sudão

ONU clama pelo fim da guerra no Sudão

Por Correspondente da IPS

GENEBRA – O alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk, conversou esta semana com os dois líderes dos exércitos que disputam o poder no Sudão, pedindo que ajam imediatamente para acabar com a violência no oeste do país.

“Ele alertou ambos os comandantes que lutar em El-Fasher (oeste), onde mais de 1,8 milhão de residentes e deslocados internos estão cercados e em risco iminente de fome, teria um impacto catastrófico”, disse Ravina Shamdasani, porta-voz do ACNUDH, a jornalistas na Suíça.

Türk fez ligações separadas para o tenente-general Abdel Fattah Al-Burhan, presidente de fato e comandante das Forças Armadas Sudanesas (FAS), e para o general Mohamed Hamdan Dagalo, líder das Forças de Apoio Rápido (FAR).

O chefe de direitos humanos da ONU instou ambos a agirem imediatamente – e publicamente – para reduzir a violência, disse Shamdasani, lembrando que Türk já havia contatado os generais rivais em novembro de 2022.

Al Burhan e Dagalo se uniram para derrubar o governo civil de transição em outubro de 2021, mas depois romperam, iniciando um conflito armado em 15 de abril de 2023, primeiro em Cartum e depois em grande parte do país, especialmente no oeste.

Um ano de guerra já deixou mais de 15 mil civis mortos e 6,5 milhões de deslocados – somando-se a outros três milhões deslocados antes deste conflito –, além de quase dois milhões de pessoas que fugiram para países vizinhos.

No Sudão, com 1,8 milhão de quilômetros quadrados e 48 milhões de habitantes, a maioria de origem árabe, cerca de 25 milhões precisam de ajuda humanitária, dos quais 18 milhões enfrentam grave insegurança alimentar, segundo agências da ONU.

O ACNUDH expressou preocupação com o impacto contínuo do conflito em todo o Sudão, destacando a situação terrível dos civis presos na escalada de violência em El Fasher e arredores, na região ocidental de Darfur.

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Mais de 260 civis foram mortos desde que os combates se intensificaram na cidade de Darfur do Norte na semana passada.

A organização Human Rights Watch (HRW) denunciou uma “limpeza étnica” em Darfur ocidental pelas FAR e suas milícias aliadas contra o povo masalit e outras comunidades não árabes.

Türk lembrou aos comandantes suas obrigações de acordo com o direito internacional humanitário, destacando a necessidade de seguir os princípios de distinção, proporcionalidade e precaução, e de acabar com qualquer violação em andamento, disse Shamdasani.

O alto comissário também enfatizou a importância de garantir a responsabilização por violações do direito internacional humanitário e dos direitos humanos, acrescentou a porta-voz.

Enquanto isso, as agências humanitárias da ONU reiteravam seus apelos a países doadores por mais recursos para enfrentar a difícil situação de milhões de sudaneses.

O plano de resposta da ONU visa ajudar 15 milhões das pessoas mais afetadas, mas são urgentemente necessários 2,7 bilhões de dólares, lembrou a Agência de Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) da ONU.

Jens Laerke, porta-voz da OCHA, disse que apenas 12% dos recursos necessários foram recebidos até agora e, “sem uma injeção imediata de fundos, as equipes de ajuda não poderão aumentar a assistência a tempo de evitar maiores privações e a fome”, que poderia se tornar a maior do mundo.

*Publicado originalmente em IPS – Inter Press Service | Tradução e Revisão: Marcos Diniz

**Imagem em destaque: Durante a guerra entre exércitos rivais, o hospital da cidade de Zalingei, na região sudanesa de Darfur, foi atacado e saqueado várias vezes. Foto: Juan Carlos Tomasi/RSF

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